Ela com 84 e ele com 83 anos fazem sucesso no Instagram

Walter Alves • 31 de julho de 2020

Casal octagenário, donos de uma lavanderia em Taiwan se tornaram estrelas no Instagram ao posarem com roupas deixadas para trás 


Na Wansho Laundry, no centro de Taiwan, a maioria das roupas deixadas para lavar voltam para as mãos de seus proprietários. Roupas abandonadas, no entanto, podem acabar no Instagram.


As blusas, saias e calças deixadas para trás por clientes distraídos vestem os donos octogenários da lavanderia, Chang Wan-ji e Hsu Sho-er, que se tornaram mundialmente famosos por modelar as roupas.


O neto de 31 anos e estilista não oficial, Reef Chang, se diz espantado pela fama do casal. “Fiquei realmente surpreso. Eu não tinha ideia que tantos estrangeiros se interessariam por meus avós”.


A ideia da conta do Instagram foi dele. Os negócios haviam diminuído durante a pandemia e seus avós estavam temerosos em sair de casa. Taiwan tomou medidas altamente eficazes para combater o vírus.


Com quase 24 milhões de pessoas, a cidade registrou apenas 458 casos, 55 transmissões locais e sete mortes. “Eles não tinham nada para fazer. Vi como estavam entediados e quis alegrar suas vidas”, diz ele.


Hsu, 84 anos, e Chang, 83, mantêm a mesma naturalidade na frente da câmera e quando concedem entrevistas nos fundos da lavanderia, ao lado de um pequeno santuário do deus da terra Tudigong, uma característica comum dos lares tradicionais de Taiwan.

casal idoso posa para foto apoiado em máquina de lavar

As roupas que modelam são ecléticas, descoladas e divertidas. Ambos podem ser vistos com tênis combinando com bonés e chapéus. Ele às vezes ostenta cores vivas.


Uma foto mostra ela encostada em uma máquina de lavar gigante, com os braços cruzados, enquanto ele segura a porta aberta, sorrindo. Eles posam num lugar que conhecem bem – sua loja, que fornece um cenário industrial, com roupas de clientes empilhadas e enroladas em pacotes de plástico ou penduradas em prateleiras.

A atitude do casal atrai um número crescente de seguidores – 136.000 e subindo – apesar das, somente, 19 postagens na conta, @wantshowasyoung, desde a criação, em 27 de junho. “Meu neto é muito criativo”, disse Hsu. “Sua criatividade nos fez felizes, e outras pessoas também.”


A conta atraiu fãs de todo o mundo, com muitos vendo as fotos como um alento num ano marcado pelas preocupações como a pandemia, ruína econômica, mudança climática e tensão geopolítica.


“Ver as fotos de Wan-ji e Sho-er melhora meu humor”, escreveu um usuário do Instagram chamado tibbar1 em resposta à foto comemorativa dos 100.000 seguidores da conta. “Suas fotos realmente têm uma vibração encantadora que nem todo mundo consegue.”


A fama, atual, do casal não reflete toda a vida deles. Seus 61 anos juntos tiveram um começo tradicional com uma história paralela à de Taiwan moderna, começando na era repressiva, quando estava sob lei marcial.


Chang, então com 21 anos, conheceu Hsu no final da década de 1950, quando sua irmã mais velha e tia se aproximaram dele na cidade natal do casal, Houli, um distrito semi rural no norte da cidade de Taichung, com o objetivo de fazer um casamento.


Quando o levaram para conhecer Hsu, ele não ficou muito tempo. “Eu queria que ele sentasse comigo, mas ele não quis. Era muito tímido”, disse ela.


No entanto, ele sentiu-se seduzido. “A primeira vez que a vi, fiquei encantado”, disse Chang. “Não muito tempo depois, começamos a conversar sobre o casamento.”


O casal se casou em 1959, tiveram dois filhos, duas filhas e seis netas e netos. Os dois passaram a trabalhar juntos no negócio que ele administrava desde os 14 anos e construíram uma grande clientela. A Wansho Laundry, que leva o nome dos segundos caracteres dos nomes dos proprietários, fica aberta diariamente das 8h às 21h. Chang e sua esposa são os únicos funcionários.

foto da lavanderia em taiwan

Na década de 1980, o casal começou a viajar para o exterior após o fim de 38 anos de lei marcial em Taiwan. Visitaram os Estados Unidos, Japão, Europa e Austrália. As viagens ajudam a conectá-los aos remetentes das mensagens que chegam de todos os cantos do mundo através do Instagram.


Chang espera que a experiência dele e de sua esposa inspire outras pessoas mais velhas a serem ativas. “É melhor que ficar assistindo TV ou tirando uma soneca”, disse ele. “Eu vejo os anos passando, mas não me sinto velho”.


O jovem Chang disse que as últimas semanas foram especiais para os avós – os clientes têm ficado e conversado um pouco mais, o que os deixa felizes. Sentem-se afagados pelas mensagens amigáveis ​​recebidas de todo o mundo. “Ultimamente, posso dizer que os sinto entusiasmados como o momento que vivem”.


A fama na Internet é passageira, e os proprietários da Wansho Laundry não querem lucrar com a exposição. Chang disse que ficaria feliz se as centenas de pessoas, que esqueceram suas roupas, as pegassem de volta pagando suas contas. “Seria bom conversar com eles e, também, receber pelo serviço feito”, disse ele.


Na manhã de quinta-feira, 23/7, pela primeira vez em quase sete décadas, algo incomum aconteceu na Wansho Laundry. Um cliente que largou a roupa há mais de um ano – e viu o casal no noticiário – finalmente voltou para recolher as roupas – e pagar a conta.

Compartilhe esse conteúdo

Artigos recentes

Como o Grupo Boticário e a Maturi criaram um projeto para posicionar a marca como um dos maiores ali
11 de dezembro de 2025
Como o Grupo Boticário e a Maturi criaram um projeto para posicionar a marca como um dos maiores aliados das mulheres maduras do Brasil
11 de novembro de 2025
O etarismo no ambiente de trabalho pode ser sutil — e, justamente por isso, perigoso. Muitas vezes, ele está embutido em processos, linguagens e práticas que parecem neutras, mas que na prática excluem profissionais mais velhos. O prejuízo não se limita a quem é deixado de fora, mas às empresas, que perdem talento, diversidade e performance. Segundo o relatório Future of Work 2023 , da AARP (American Association of Retired Persons), 2 a cada 3 profissionais 50+ já sentiram discriminação por idade no trabalho. No Brasil, a Pesquisa Maturi (2023 - acesse aqui ) mostra que 9 em cada 10 profissionais maduros estão em busca de recolocação. “Enquanto o tema for abordado como um posicionamento de marca, dificilmente haverá uma transformação genuína na sociedade. Porém, nós entendemos que esse esforço não pode caminhar sozinho pelo setor privado, é necessário que o governo e a sociedade estejam na mesma direção”, comenta Mórris Litvak, CEO e fundador da Maturi. Está na hora de rever práticas e criar ambientes mais inclusivos para todas as idades. A seguir, um checklist para você identificar se o etarismo ainda está presente na sua organização: Checklist: sua empresa está pronta para incluir talentos 50+? 1. Recrutamento e seleção: - Você analisa se profissionais 50+ estão chegando às suas shortlists? - As descrições de vaga evitam termos como “jovem talento”, “recém-formado” ou “perfil júnior”? - O RH considera profissionais maduros para cargos operacionais e estratégicos? 2. Cultura organizacional: - O tema da diversidade etária está incluído nas ações de DEI? - A comunicação interna retrata pessoas de diferentes idades em cargos de liderança? - Existem canais para denunciar qualquer tipo de discriminação? 3. Desenvolvimento e carreira: - Pessoas 50+ têm acesso a programas de formação, capacitação e mentoring? - A empresa promove ações para combater estereótipos sobre envelhecimento? - Há incentivo à troca intergeracional e à valorização da experiência? 4. Gestão de talentos e sucessão: - Profissionais maduros são considerados em planos de sucessão? - Existe um olhar estratégico para manter 50+ na ativa, inclusive com formatos híbridos ou carga horária flexível? 5. Preparação para aposentadoria: - Sua empresa tem programas voltados à transição e à preparação para aposentadoria? - Há políticas para que esse momento não represente exclusão, mas sim reorientação? Passando a limpo Se sua empresa respondeu “não” ou “não sei” para um ou mais itens, já é sinal de alerta. O etarismo estrutural pode estar presente e impactando diretamente a diversidade, a inovação e os resultados da sua equipe. O combate ao etarismo não começa só com treinamentos, mas com uma mudança de mentalidade nos processos mais básicos do RH. Trata-se de enxergar a idade como um ativo estratégico e não como um impeditivo. Já conhece a certificação Age Friendly? O selo Age Friendly Employer reconhece as empresas promotoras da diversidade etária. Atualmente são 19 empresas certificadas no Brasil, organizações que estão na vanguarda das melhores práticas para um ambiente inclusivo para pessoas 50+. Se a sua empresa quer entender como iniciar essa jornada e obter a Certificação Age-Friendly, preencha o formulário para agendar uma reunião com a nossa equipe.
4 de novembro de 2025
O último MeetupMaturi de 2025 reuniu duas empresas que vêm se destacando na pauta da diversidade etária: Sanofi e Volkswagen . Representadas por Alexandre Porto, Co-líder do grupo Gerações Conectadas da Volkswagen, e Elcio Monteiro, do Pilar de Gerações+ da Sanofi, as organizações compartilharam suas jornadas no processo de Certificação Age-Friendly Employer, mostrando, na prática, o que significa transformar a cultura organizacional em direção a um ambiente realmente multigeracional. O encontro revelou aprendizados valiosos sobre como as empresas podem evoluir em seus roadmaps age-friendly — da conscientização à implementação de ações concretas. A seguir, reunimos cinco grandes insights dessa conversa inspiradora. 1. A jornada começa conhecendo a realidade geracional da organização Antes de qualquer estratégia, é essencial conhecer a própria realidade geracional. A Volkswagen percebeu que o primeiro passo para se certificar era entender quem são seus colaboradores 50+, onde estão as oportunidades e quais áreas precisavam se envolver mais com o tema. "O primeiro passo é saber onde estamos e com quem estamos. A diversidade etária começa olhando para dentro" 2. Ser uma empresa age-friendly é assumir um compromisso público A Certificação Age-Friendly Employer não é apenas um selo — é um compromisso público de avanço contínuo. Como destacou a Volkswagen, o mais importante é demonstrar, de forma transparente, como a empresa reconhece e valoriza o protagonismo das diferentes gerações. "Mais do que conquistar a certificação, é mantê-la viva no cotidiano da empresa” 3. O que importa é evoluir: a recertificação mede progresso, não perfeição A Sanofi, primeira empresa certificada e recertificada no Brasil, destacou que o processo é uma oportunidade para comparar a empresa com ela mesma. A cada recertificação, é possível medir avanços, consolidar práticas e aprimorar o que ainda precisa evoluir. “A recertificação é sobre amadurecimento — ela reconhece quem continua aprendendo.”, Elcio Monteiro 4. Trocas entre empresas aceleram aprendizados Um dos diferenciais do ecossistema Age-Friendly é o espaço de trocas entre empresas certificadas. Durante os fóruns e encontros promovidos pela Maturi, companhias como Sanofi e Volkswagen compartilham experiências, desafios e soluções. Essa colaboração tem gerado novos programas, ideias e conexões que fortalecem toda a rede. “Quando as empresas trocam, todo o ecossistema evolui” 5. Diversidade etária é parte da estratégia, não um projeto paralelo Tornar-se uma empresa Age-Friendly não é sobre um programa pontual, mas sobre incorporar a longevidade como valor estratégico. Como reforçou a Sanofi, uma empresa verdadeiramente diversa é aquela que reflete a sociedade onde está inserida — em idade, gênero, raça e experiências. “A diversidade precisa estar integrada à estratégia, não isolada em um pilar” O encontro com Sanofi e Volkswagen mostrou que o caminho para a maturidade corporativa é feito de aprendizado, comprometimento e cooperação. Cada empresa está em uma etapa diferente do seu roadmap Age-Friendly, mas todas compartilham o mesmo propósito: criar organizações mais humanas, inclusivas e preparadas para o futuro do trabalho. 💡 Quer saber mais sobre a Certificação Age-Friendly e como aplicar esse roadmap na sua empresa? 👉 Acesse agefriendly.com.br