Histórias inspiradoras de maturis que viraram modelos

Regiane Bochichi • 26 de outubro de 2022

Ser modelo 50+ tem se tornado uma nova carreira com muitas oportunidades de sucesso e histórias de coragem.

Adriana Longobardi e Tuca Stangarlin posam nas fotos. Tuca está de pé e mantém as mãos no bolso, Adriana sorri com os cabelos soltos.

O que se vê nas fotos acima não são apenas “rostinhos bonitos”. Por trás deles, existem duas histórias de coragem de quem resolveu quebrar muitas preconceitos de uma só vez e partirem para uma nova profissão, a de modelo profissional, após os 50 anos.


A trajetória de Tuca Stangarlin e Adriana Longobardi se cruzaram quando ambos decidiram investir em um book e encarar as câmeras. Ele a ajudou a encontrar uma agência e ela, por sua vez, o inseriu na Comunidade Maturi onde os posts com suas trajetórias fizeram o maior sucesso e inspiraram muita gente.


Além disso, os dois passaram por um redescobrimento dos seus corpos e de um processo intenso de autoestima depois de emagrecerem e começarem a praticar exercícios.


“Hoje, me considero um homem vaidoso. Me cuido, passo protetor solar e gosto mais de mim. Aos 20 anos, eu tinha uma cara de bobo”, brinca Tuca. “Fiz um balanço da minha vida e percebi que a primeira coisa que deveria atacar era o peso. Daí para virar modelo, tudo foi acontecendo naturalmente”, conta Adriana. “Quero usar minha história para empoderar outras pessoas que estão no auge da maturidade, como eu, a se sentirem plenas”.


Eles estão ingressando em um mercado promissor. A chamada Economia Prateada tinha uma previsão, segundo a Harvard Business, de movimentar 15 trilhões de dólares em 2020. No Brasil, a estimativa era de 1,8 trilhão de reais. Mesmo que a pandemia tenha enxugado um pouco estes números, ainda assim são consumidores que devem ser considerados e representados pelas marcas em suas publicidades.



Maria Rosa Von Horn percebeu esse nicho há 15 anos quando começou sua carreira de modelo e em seguida, de empreendedora em uma agência especializada neste perfil, a Fiftymodels. Ela sentiu na pele o preconceito quando aos 49 anos, depois uma consolidada carreira como advogada, quis realizar um sonho antigo e fazer um curso.


Nas aulas, as outras alunas eram todas teenagers e logo após a formatura, não conseguiu encontrar uma agência que lhe representasse. Hoje, trabalha com um casting bem diversificado e atende clientes como Arthur Caliman, Globe, Natura, Casas Pernambucanas, entre outros.


“A meia idade passou a ser vista como os 30 de antigamente. As 50 mais, classificadas como “velhas” ou “ inexistentes ” algumas décadas atrás, são consideradas as melhores consumidoras do mercado, com alto poder aquisitivo e cada vez mais antenadas com o mundo”, comenta a empresária. “Sendo assim, o mercado publicitário, percebendo esta mudança, passou a dar espaço para todos os perfis, inclusive para a maturidade. As grandes campanhas de beleza e de propagandas em geral, cada vez mais, incluem as pessoas mais velhas.”


A fim de atender essa demanda, a AARP – Associação Americana de Pessoas Aposentadas, criou, em 2019, nos Estados Unidos, em parceria com a Getty Images, empresa que vende imagens na internet, o primeiro banco com fotos de americanos maturis.


Além do aspecto financeiro, a profissão ajuda em um processo de valorização e de amor próprio. Na opinião de Maria Rosa, “ser modelo 50+ nesta fase da vida é como uma fênix, aquela que renasce poderosa e se enxerga bonita apesar das rugas, do corpo mais flácido, dos anos vividos e das dores passadas.


A imensa maioria entrou na profissão como um plano B e são profissionais bem sucedidas das mais diversas áreas e estão em plena atividade.”


Exatamente assim são os membros da nossa Comunidade que vamos conhecer melhor agora:


Tuca Stangarlin

Tuca Stangarlin, modelo 50+ posa para duas fotos. Na primeira está sentado e apoia a mão na cadeira, na segunda está de pé e com as mãos no bolso

Quem visita o perfil de Tuca Stangarlin no Instagram, percebe que além os belos olhos azuis, tem uma alma de artista que se traduz em telas e bijuterias, atividades que exerce concomitantemente a carreira de modelo. Começando pelo fim, ele tem se realizado fazendo campanhas e comercias de TV desde que estreou como modelo publicitário, aos 53 anos, há dois anos.


A vida sob holofotes nasceu ao ver um anúncio nas redes sociais requisitando modelos seniores. Mesmo acima do peso, resolveu encarar o desafio e antes de fazer o book, emagreceu 22 quilos.


Por questões de saúde, foi fazer pilates aos 48 anos, cinco anos depois deu uma guinada total no seu modo de vida, no seu corpo, na alimentação, sem apelar para “dietas loucas”. Sua rotina, como morador da cidade litorânea de Campeche, em Santa Catarina, inclui caminhadas na praia sempre com protetor solar, chapéu e musculação para aumentar os ombros que considera pequenos.


“Me joguei de cabeça sem medo de me expor”, comenta. “Ninguém me pediu para mudar nada. Fiz por mim, sem me preocupar com a opinião alheia e sem vergonha. Acredito que esta confiança só a idade traz”.


Com as fotos prontas, ficou 3 meses “preso” a uma agência e partiu para fazer cursos de vídeo, teatro, passarela e acionar sua rede para se mostrar em outros estados. Sem dinheiro para investir, fez permuta de seus quadros e bijou com alguns dos professores e até com uma dentista.


Sua experiência acabou ajudando outros maturis com quem formou um grupo de WhatsApp para trocar dicas, conselhos, sugestões. Recebe centenas de mensagens por dia em suas redes sociais e tenta atender a todos. “Não escondo o jogo e falo do que deu certo e do que foi uma “roubada”, para que outros possam trilhar esse caminho de forma mais suave”.


Em 2019, foi convidado a fazer uma figuração para um comercial de uma TV local e teve sorte. Como teve seu rosto mostrado em close, o cachê foi maior.


No ano passado, com a pandemia, as produções passaram a ser remotas e além de posar, teve que aprender a enquadrar, iluminar e fazer cenários. Aliás recebeu uma proposta de participar em uma série. Mas como não tem carteira de ator, teve que declinar o convite.


O novo ofício de modelo 50+ tem ajudado a pagar as contas, pois nunca teve patrão, tampouco empregados. Formado em Artes Plásticas pela UFRGS – em gravura (1988) e desenho (1990) –, onde também deu aulas entre 1992 e 1994, sempre viveu com entradas irregulares de dinheiro. Quando fazia uma exposição aqui ou no exterior, vendia muito bem. Em seguida, ficava meses sem ganhar.


Ele define sua pintura como abstrata movida a emoções com três eixos básicos: música, imagem e conceito. “Meu processo criativo vem de uma necessidade de me expressar. É meio espiritual, eu diria. Vou espalhando as tintas para colocar para fora o que tenho de falar. Nada é pré-determinado. Sou eu, meus gestos e minha palavra. Esta é minha arte”.


Apaixonado por ópera, anda revendo os concertos de Philip Glass, disponíveis on-line. Usando a tecnologia, também tem criado fotos montagens inserido sua imagem com as telas. “É uma maneira de mostrar os meus dois lados e exercitar a criação com a ajuda de softwares”, conta.


“Adoraria ser como mulher e fazer tudo ao mesmo tempo agora. Como bom libriano, prefiro me dedicar a uma atividade por vez e estas fotos mostram que dá para juntar as coisas sem perder qualidade e nem a minha essência”.


Outra fonte de renda, são as bijuterias de alto padrão feitas em pedras que desenha desde 2015 e que vende pela internet e no seu ateliê. “Estou simplesmente amando este meu momento de vida. É libertador começar de novo sem saber nada. Ter que aprender coisas novas. Hoje, não fico questionando, apenas me mantenho aberto o que a vida tem a me oferecer. Que venham novos projetos!”


Adriana Longobardi

Foi com as dicas de Tuca que Adriana Longobardi procurou uma agência no Rio de Janeiro e se jogou no sonho de ser a mais “nova velha” garota de Ipanema. Inquieta desde a infância, sempre buscou novos desafios na sua carreira profissional.


A recente profissão de modelo 50+, porém, veio carimbada com uma missão: de usar sua história pessoal para inspirar outras mulheres e valorizar ainda mais a maturidade.


“Eu me achava o patinho feio, agora sou mais que um cisne. Me sinto plena”, comenta. “E quero passar essa experiência adiante. Todo mundo deve ser perguntar: se não for agora, quando? E partir para cima”.


O primeiro contato dela com o universo de fotos e poses foi a partir de um book que ganhou de aniversário. O que era para ser apenas um registro da fase que estava vivendo – tinha emagrecido, se separado, estava livre, leve e solta, resultou em mais de mil fotos em duas sessões de shooting.


Uma delas, depois que viveu um processo de luto pela perda de um irmão. “Não foi fácil. Só que nós, maturis, somos retratos das nossas raízes, das nossas vivências, das nossas experiências e isto transparece como verdade que é muito valorizada hoje em dia.”


Das suas origens, ela traz a força das mulheres da família de imigrantes italianos onde os valores como determinação, coragem, fé são passados de geração em geração. Sendo a única mulher entre seis irmãos, recebeu a permissão de voar e se arriscar sem nunca se acomodar.


Formada em direito, nunca atuou na área jurídica. Optou por se tornar servidora pública, estabilidade que abandonou para viajar ao exterior e aprender línguas. Poliglota, domina o inglês, francês, italiano e espanhol. No retorno ao Brasil, passou dois anos como vendedora e, em seguida, migrou para o grupo de educação Estácio onde permaneceu por quase 20 anos em diversas funções.


Uma das que mais gostava e se identificava era receber grupos de estrangeiros para conhecer as instalações e, consequentemente, o Rio de Janeiro. Acabou se apaixonando por um inglês e se casou no melhor estilo conto de fadas em uma festa na antiga Casa de Cultura da universidade. “Vivi por muitos anos dentro de um comercial da “Doriana” com um bom marido, filho, trabalho. Só recentemente comecei a me conhecer melhor, a entender meu momento presente e a fazer escolhas que me façam feliz”.


Aproveitou muito bem o período que esteve dentro de uma instituição de ensino e aproveitou para fazer 3 pós-graduações e um MBA em gerência de projetos.


Em 2016, deixou para trás uma função burocrata no setor de pagamentos e passou a fazer companhia para senhoras idosas que precisavam manter a mente ativa e conviver com outras pessoas fora do círculo familiar. Comunicativa e atenciosa, Adriana se deu muito bem nesta atividade de modelo 50+, como contou no post de apresentação que fez para a Comunidade Maturi no Facebook.


“Um novo mundo surgiu para mim, novas percepções sobre a relevância da troca, do reconhecimento, da rica experiência deste público e a certeza de que meu propósito está voltado à valorização da etapa madura que a meu ver se inicia por volta dos 50 anos, quando a nossa vivência contribui; é o grande valor agregado ao todo, à sociedade. Foi assim que eu cheguei a este grupo. Maturis passou a ser a minha bandeira.”


Como modelo 50+, adotou o nome de solteira, está cadastrada em uma agência e fazendo testes on-line por causa da pandemia. Vai usar sua beleza e simpatia para levar essa mensagem ao mundo.



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