Mercado prateado: por que o consumidor 50+ é importante para as empresas

Jurandir Siqueira • 23 de março de 2022

 Ao contrário do que se pensava não são os jovens os que mais compram online, mesmo sendo a geração que normalmente é mais associada às evoluções tecnológicas. Dados revelam que o e-commerce se tornou bastante popular entre os 50+. Mas será que o chamado “mercado prateado” está pronto para isso? 


Estudo conduzido pelo Data8, núcleo de pesquisas da Hype50+, consultoria especializada no consumidor maduro, entrevistou mais de 17 mil pessoas e constatou que dois terços dos consumidores latinos da geração prateada na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Uruguai consumiram no e-commerce em 2021.


Entre os produtos mais comprados nesses países, estão eletrônicos (38,4%), remédios e medicamentos (34,2%), alimentos e bebidas (33,7%), roupas e acessórios (33,2%) e eletrodomésticos e utensílios para a casa (32,1%). 


Um recorte especial do Brasil analisado na pesquisa, detalhou que 95% dos consumidores acima dos 50 anos possuem um smartphone e 31% deles conhecem novas marcas pelas redes sociais. Outro dado é que pelo menos 39% deles fizeram uma compra pela internet nos últimos 12 meses. 


Uma porcentagem ainda em crescimento, segundo os analistas, acompanhando o grande potencial e importância do comércio eletrônico, sendo que 65% dos entrevistados têm acesso diário à internet. 


Levando-se em conta a América Latina, as categorias que mais tem preferência no mercado prateado são itens pessoais (37%), produtos para a casa (36%) e itens para a família (18%). Os usuários também costumam comprar livros, produtos de beleza e cosméticos, móveis e artigos de decoração, artigos esportivos, produtos para pets e passagens aéreas ou pacotes de turismo pela internet.


Pandemia acelerou o mercado prateado


“A pandemia trouxe maior inserção digital, especialmente entre as faixas etárias maiores do público maduro, e também aumentou a intensidade e a variedade do e-commerce, trouxe mais complexidade”, destacou Layla Vallias, cofundadora da Hype50+, consultoria especializada no consumidor maduro em entrevista ao Valor Econômico. 


Um dos exemplos citados por Layla para apontar essa mudança da geração madura no e-commerce é o uso de aplicativos de supermercado. Se antes da pandemia eles eram uma forma de conferir preços e disponibilidade de produtos, tornaram-se um instrumento de compra efetiva.


“Com as restrições da pandemia, as pessoas 50+ passaram a ser mais ousadas em suas compras pela internet. Havia um medo maior de usar o cartão de crédito, um hábito de pesquisar pela internet, mas fechar a compra no ponto de venda… As pessoas tiveram que se adaptar”, defende ela.

 

maturi está deitada confortavelmente em um sofá amarelo, ela está de fones de ouvido e sorrindo olhado para o celular

Longevidade ativa


Na luta diária contra o etarismo, que tanto nos incomoda e desafia, pessoas acima de 50 anos não querem mais ser chamadas de idosas ou estereotipadas. O que é conhecido também como longevidade ativa, um mercado que pode gerar muitas oportunidades e negócios.


De acordo com levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), pessoas com mais de 65 anos são 17% da fatia dos 5% mais ricos, enquanto representam 4% da grande fatia de 40% mais pobres.


Já no Japão, que concentra uma grande população com 100 anos ou perto disso, o mercado prateado é bastante desenvolvido e serve de inspiração para que novos negócios apareçam. Os supermercados, por exemplo, oferecem corredores mais largos e carrinhos com lupa, entre outras ações que atraem o consumidor mais velho. 


O crescimento da população maturi indica que o mercado prateado já movimenta mais de R$ 1,8 trilhão por ano no Brasil. Um número que poderia ser ainda maior se houvesse mais incentivo ao consumo para essa faixa etária, principalmente na publicidade e na mídia. 


“Ignorar os 50+ é má prática de negócio”


A frase certeira é do empresário do ramo farmacêutico e professor Robert Chess, que tem 65 anos e ministra a aula “Longevity: Business Implications and Opportunities” na universidade americana de Stanford, desde 2020. 


Em entrevista recente, perguntado se empresas estão preparadas para atender os clientes 50+, fez uma provocação: “considerando o tamanho do mercado e a taxa de crescimento dessa oportunidade do mercado prateado, é surpreendente e quase uma má prática de negócio, que tantas empresas não estejam focadas nisso. O consumidor acima de 50 anos já está transformando totalmente setores como viagens,

entretenimento, tecnologia de consumo, moradia e saúde. As companhias (pequenas ou grandes) que não reconhecerem isso serão deixadas para trás”.


Segundo o especialista em longevidade é preciso ainda evitar estereótipos tão comuns em abordagens direcionadas aos 50+. Empresas que pretendem lucrar com o mercado prateado devem concentrar-se mais no estágio de vida do potencial cliente do que na idade. Além disso, ter um pensamento multigeracional faz toda a diferença. 


“Muitos produtos e serviços podem ser configurados ou projetados para funcionar bem para uma ampla gama de usuários em diferentes estágios da vida. Muitas vezes, o design do produto, serviço ou da loja pode incluir recursos essenciais para clientes mais velhos, mas que também são apreciados pelos mais jovens”, destaca.


Casos de sucesso no mercado prateado


Um estudo da FDC Longevidade do Instituto Dom Cabral mapeou que marcas como a Amazon, por meio da venda da assistente de voz Alexa, a fintech Nubank com sua conta digital e cartão de crédito, além da Trekker e sua solução de aprendizagem para profissionais que buscam alcançar um novo patamar na carreira, estão entre as que mais lucraram com o público sênior. 


Grandes players do mercado que antes voltavam esforços para os mais jovens notaram a importância dos 50+ na economia prateada. É o caso do Airbnb, que comprovou o grande potencial de super hosts maduros na plataforma, uma vez que são eles que recebem as melhores avaliações no serviço.


Entendendo as necessidades do consumidor 50+


A Maturi defende desde 2015 o olhar para o público 50+ consumidor e também trabalhador, fomentando empregabilidade e empreendedorismo para essa faixa etária e conscientizando as empresas.


“Sempre alertamos os líderes das organizações com quem falamos que, além da complementaridade que o profissional maduro traz aos jovens no ambiente de trabalho, a diversidade etária também é fundamental para as empresas entenderem as necessidades do consumidor 50+ e saber se comunicar com ele”, afirma Mórris Litvak, fundador e CEO da Maturi.

casal de maturis se abraçam e sorriem olhando um para o outro. a mulher está de amarelo e o homem veste uma camisa jeans.

Comunidade aquece mercado prateado


Para entender melhor o momento atual do consumidor 50+, fizemos uma enquete na Comunidade Maturi do Facebook, onde os resultados comprovam a tendência cada vez mais forte desse crescimento do mercado prateado: 


  • a maioria dos respondentes já comprou ou compra online;
  • em segundo lugar tivemos mais respostas de quem compra muito pela internet, mas alguns produtos ainda prefere averiguar e conferir pessoalmente;
  • outra parcela disse que só faz compras online;
  • e em menor número os que não tem confiança de comprar pela internet ou ainda não compraram, mas pretendem. 


Nos comentários do post os membros da Comunidade relatam terem comprado desde eletrônicos, livros, produtos de beleza, roupas e calçados, até objetos e utensílios para o lar. Mesmo sendo protagonistas da economia prateada, destacaram alertas em questões relacionadas aos direitos do consumidor e logística das empresas.


eBook Consumidor Maturi


Em 2021, a Maturi em parceria com a Noz Inteligência produziu um material rico que traz informações extremamente importantes com relação a percepção e desejos do público 50+ com relação ao consumo no período de pandemia e pós-pandemia, que é útil para qualquer marca que queira se comunicar e atingir esse mercado.


O eBook que pode ser baixado AQUI, é um recorte especial da pesquisa feita para entender como o nosso público estava lidando com o segundo ano de pandemia, divulgada durante o MaturiFest – Festival de Trabalho e Empreendedorismo 50+. 


Você também poderá gostar de ler: 10 negócios da economia da longevidade que são tendência na Ásia

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Há cinco anos, comecei a perceber um movimento crescente nas redes sociais: um número expressivo de influenciadores maduros estava se destacando, conquistando audiências engajadas e criando conteúdos autênticos. No entanto, o mercado publicitário ainda os ignorava, concentrando suas atenções quase exclusivamente nos perfis mais jovens. O reconhecimento desse potencial veio de forma natural, através de conversas com esses criadores. Muitos me procuravam dizendo: "Tenho um perfil no Facebook com 200.000 seguidores e quero me expandir nisso. O que devo fazer?" . Ficou evidente para mim que havia um enorme espaço para esses talentos, mas faltava suporte, visibilidade e oportunidades. Foi então que criei o Silver Makers , um hub de marketing de influência totalmente focado em perfis 50+. Nosso propósito sempre foi claro: dar protagonismo aos influenciadores maduros e mostrar ao mercado o imenso valor desse público. Nosso lema reflete essa missão: dar voz, vez e valor ao público sênior! De lá para cá, houve uma verdadeira revolução digital impulsionada por essa nova geração de influenciadores. Com autenticidade, experiência de vida e um olhar único sobre o mundo, eles estão conquistando espaço, quebrando estereótipos e provando que longevidade e tecnologia caminham juntas. A Força dos Influenciadores Maduros no Digital Muito além do entretenimento, as redes sociais se tornaram uma ferramenta essencial para a longevidade ativa. Elas ajudam a combater a solidão, fortalecem a autoestima e possibilitam a construção de novos propósitos. Para muitos, ser influenciador não é apenas um hobby, mas uma profissão que permite compartilhar conhecimento, histórias inspiradoras e ainda gerar renda extra. Com o aumento da expectativa de vida e os desafios financeiros que acompanham a maturidade, a monetização digital se apresenta como uma alternativa viável e necessária. Plataformas como Instagram, YouTube e TikTok permitem que influenciadores maduros criem comunidades engajadas e colaborem com marcas que reconhecem o valor de suas trajetórias. O Que Faz um Influenciador Maduro se Destacar? Os influenciadores 50+ trazem consigo algo inestimável: experiência de vida. Eles passaram por desafios pessoais e profissionais, acompanharam diversas transformações sociais e culturais e, por isso, têm muito a compartilhar. Esse repertório torna seus conteúdos autênticos e valiosos para diversas audiências, desde outros maduros em busca de representatividade até jovens que enxergam neles mentores naturais. Tendências de Conteúdos que Performam Bem Os influenciadores maduros estão se destacando em diversos segmentos, trazendo autenticidade, representatividade e quebrando estereótipos. Alguns formatos de conteúdo que têm grande engajamento incluem: ● Bem-estar e saúde: Rotinas saudáveis, alimentação equilibrada, exercícios físicos adaptados e cuidados com a mente. ● Finanças na maturidade: Estratégias para administrar recursos, organizar a aposentadoria e buscar novas fontes de renda. ● Empreendedorismo e reinvenção profissional: Histórias inspiradoras de quem mudou de carreira ou começou um novo projeto depois dos 50. ● Entretenimento e estilo de vida: Viagens, moda, comportamento e cotidiano, mostrando que a maturidade é uma fase vibrante e cheia de possibilidades. ● Tecnologia e inclusão digital: Criadores que desmistificam a tecnologia, ajudando a reduzir a exclusão digital e incentivando o aprendizado contínuo. ● Celebridades 50+ e o combate ao etarismo: Figuras públicas que usam suas redes sociais para desafiar estereótipos e mostrar uma longevidade ativa e atuante. ● Mulheres e os desafios da maturidade: Cada vez mais influenciadoras falam abertamente sobre temas como menopausa, ajudando sua audiência a lidar melhor com questões antes consideradas tabu. ● Gastronomia afetiva: Perfis de talentos culinários que ensinam receitas deliciosas e resgatam a memória afetiva por meio da comida. ● Conexão intergeracional: Netos que compartilham momentos divertidos com seus avós, valorizando a experiência e a sabedoria da longevidade. Independentemente do nicho, todos esses criadores têm algo em comum: valorizam a maturidade e combatem a visão ultrapassada de uma longevidade frágil e limitada. Eles mostram, na prática, que viver mais também significa viver melhor, com propósito e protagonismo. O Papel das Marcas na Valorização da Experiência As marcas que reconhecem o valor da experiência colhem os frutos de uma comunicação mais autêntica e conectada com um público que tem muito a dizer. O Banco Mercantil tem sido um dos protagonistas desse movimento, investindo no potencial dos influenciadores digitais 50+, apoiando criadores e descobrindo novos talentos. A presença do Banco nesse cenário reforça a relevância desse público e valoriza o protagonismo dos maduros no digital. Porque, assim como eles, o Banco acredita que a experiência inspira, transforma e gera impacto real. Gostou? Leia também: 4 projetos para o público 50+ apoiados pelo Banco Mercantil! ________________________________________ Clea Klouri Sócia do Hype 60+ e fundadora do Silver Makers