A aposentadoria de atletas e executivos – Um paralelo do pódio olímpico à carreira corporativa

Denise Mazzaferro • 11 de agosto de 2016

Na abertura dos jogos olímpicos Rio 2016 além de toda a beleza do espetáculo apresentado, me emocionei com a entrada das delegações ao ver olhos marejados de lágrimas de vários atletas. Entrar no Maracanã lotado é a coroação de um esforço de horas, dias, anos de muito treino e dedicação.


Para a maioria daquelas pessoas, o esporte entra em suas vidas muito cedo. Por meio de uma mistura de talento e dedicação exaustiva, ele vai tomando espaço em suas vidas, e em sua maioria, na entrada da adolescência transforma-se em trabalho, com contratos assinados por seus responsáveis com patrocinadores e clubes.


Em várias modalidades assistimos medalhistas com menos de 18 anos. Ao fazer a escolha por este caminho que, definitivamente não possui atalhos, decisões muito sérias são feitas e em alguns casos, a desistência da educação formal, que poderia proporcionar a estes jovens outros caminhos no futuro, é uma delas.


Afinal, são em média 10 horas de treino diários aos 12, 13, 15 anos o equivalente a uma jornada de trabalho.

Quanto tempo pode durar a carreira destes atletas? O esforço físico exigido é tão grande, que muito precocemente alguns são “aposentados” por lesões sem antes mesmo chegarem ao seu auge.


No final de semana da abertura dos jogos, o Jornal Valor Econômico em sua revista EU & FIM DE SEMANA, publicou histórias de “velhos” atletas brasileiros que já trouxeram medalhas olímpicas. Entre eles estão Alberto Marson (91 anos), único remanescente da equipe brasileira de basquete que conquistou a medalha de bronze em 1948; Manoel dos Santos Jr (77 anos), nadador que obteve bronze em 1960 na final dos 100m livre; Servílio de Oliveira (68 anos) medalha de bronze no boxe, categoria peso mosca em 1968.


Nos três casos, “eram outros tempos”, a mídia não dava tanto valor e espaço aos jogos, e as conquistas gloriosas repercutiam muito menos. Era uma grande realização profissional, pessoal e familiar, mas sem retornos financeiros para a carreira. No caso de Marson, seus filhos só descobriram que o pai era medalhista olímpico já adolescentes. Ele complementa dizendo que muito mais importante que a medalha, foi sua carreira como treinador que o ajudou a revelar grandes talentos para as quadras.


Gustavo Kuerten


Outros exemplos, como os de Gustavo Kuerten (39 anos) e Pelé (75 anos) – para ficar apenas em alguns – eles entenderam, muito cedo, que o auge de suas carreiras não era garantia suficiente para manter sua auto-estima e o reconhecimento público dos personagens que se tornaram.


Bauman em seu livro Identidade afirma que: “Tornamo-nos conscientes de que o “pertencimento” e a “identidade” não tem a solidez de uma rocha, não são garantidas para toda vida, são bastante negociáveis e revogáveis, e de que as decisões que o próprio individuo toma, os caminhos que percorre, a maneira como age – e a determinação de se manter firme a tudo isso – são fatores cruciais tanto para o “pertencimento” quanto para a “identidade”.


Talvez com esta clareza do real significado de suas conquistas, tiveram a humildade, e inteligência, de se reinventarem para as outras fases de suas vidas e não se deixaram iludir pelo “personagem”, que cada um se tornou.


Traçando um paralelo da realidade do esporte para a do trabalho, principalmente àquela ligada ao mundo corporativo, o que vejo quando desenvolvo o tema do Pós-carreira – transição para eventual aposentadoria – é que, quanto mais alto o nível hierárquico ocupado pelo indivíduo, e sua respectiva representatividade social, maior o conjunto de dificuldades destes em lidar com esta mudança de “status” e poder.


As grandes corporações transformam seus altos executivos em “personagens importantes” propiciando-lhes, de forma transitória, uma série de símbolos que alimentam vaidades e admiração. E com isso cria-se uma perigosa mistura entre o que é sua competência e aquilo que a organização lhe “empresta” de forma temporária. Ou seja, um sobrenome corporativo que faz surgir um personagem, muitas vezes desvinculado da figura individual.


Eis alguns exemplos: Destaque nas várias mídias, colunas sociais, premiações e literatura de auto-ajuda; Aumento nos índices de longevidade; Maior qualidade de vida proveniente de cuidados físicos e da saúde; Reconhecimento público, admiração e fácil acesso às diferentes estruturas de poder; Possibilidade de isolamento do mundo real através de instalações físicas, barreiras hierárquicas e disponibilidade no uso de recursos para a segurança pessoal; entre outros.


É importante refletirmos sobre quem somos e nossos projetos durante todo o percurso de nossas vidas, afinal como dizia o moralista francês Duque de La Rochefoucauld, em uma de suas máximas “Existem poucas coisas que nós desejaríamos de forma intensa se nós soubéssemos realmente o que queremos.”

Compartilhe esse conteúdo

Artigos recentes

31 de outubro de 2025
Sintomas da menopausa interferem no desempenho de 47% das mulheres
Pne
Por Contato Maturi 18 de setembro de 2025
5 benefícios equipes com diversidade etária
23 de julho de 2025
O MaturiFest, maior festival de trabalho e empreendedorismo 50+ da América Latina, chega à sua 8ª edição de 21 a 23 de agosto de 2025, na UNIP Paraíso, em São Paulo. Promovido pela Maturi, empresa nacional especializada em empregabilidade, desenvolvimento e capacitação de profissionais com mais de 50 anos, o evento será realizado em formato híbrido e marca os 10 anos de atuação da empresa. Nesta edição comemorativa, nomes de destaque como Ana Paula Padrão, Carolina Ferraz e Caito Maia já estão confirmados na programação. Realizado em parceria com o Ministério da Cultura, o MaturiFest propõe uma experiência transformadora que combina aprendizado, prática e conexões com propósito. A programação do MaturiFest inclui painéis, palestras e oficinas práticas com temas essenciais para a reinvenção profissional. Entre os assuntos abordados estão: reinvenção de carreira, metodologias ágeis, inteligência artificial, entrevistas e currículos, marketing digital, finanças, storytelling, redes sociais, LinkedIn, Canva, WhatsApp Business, ESG, validação de ideias e muito mais. Segundo Mórris Litvak, fundador e CEO da Maturi, o festival é um verdadeiro ponto de encontro para quem deseja seguir aprendendo, inovando e se conectando. “O MaturiFest 2025 celebra os 10 anos da Maturi com uma imersão em aprendizado, reinvenção e conexões. Especialistas de diversos setores compartilham tendências, ideias e práticas que inspiram novas possibilidades na vida profissional e pessoal, tudo pensado para quem quer continuar crescendo com propósito e atitude”, comenta o CEO. Um dos grandes destaques deste ano será a MaturiConecta, feira de conexão e empregabilidade 50+, para que profissionais de RH de empresas apresentem como é trabalhar em suas organizações e até mostrem oportunidades e, por outro lado, as pessoas 50+ se inscrevem e se aproximam de organizações que valorizam a Diversidade Etária. Além disso, serão apresentadas novas soluções da Maturi desenvolvidas especialmente para empresas que valorizam a longevidade no ambiente de trabalho. Para fomentar ainda mais o empreendedorismo maduro, o evento contará com o Acelera Maturi, concurso de startups 50+, que terá apresentações de pitches ao longo da programação e premiará o projeto vencedor com R$ 10 mil e 3 meses de mentorias com a Maturi. Também serão lançados dois estudos inéditos, um sobre educação financeira e outro sobre economia circular, ESG e sustentabilidade na maturidade. Outra novidade que será apresentada no festival, é o lançamento da MaturiNegócios, plataforma digital que facilita a troca de produtos e serviços entre empreendedores maduros. A proposta inclui o uso de uma moeda virtual interna, permitindo negociações sem a necessidade de dinheiro físico. Na edição anterior, em 2024, o MaturiFest reuniu mais de 4 mil participantes online e 1.500 presencialmente. Foram 36 oficinas práticas, 28 painéis, 60 horas de conteúdo e a participação de 82 especialistas. Para 2025, a expectativa é ampliar ainda mais o alcance e o debate sobre temas como novas formas de trabalho 50+, mercado prateado, upskilling e reskilling, equidade e inclusão, saúde física e mental, segurança digital e inovação. O festival oferece duas modalidades de ingresso, presencial e online, ambas com versões gratuitas e pagas. O ingresso presencial garante acesso completo a toda a programação, incluindo oficinas práticas, mentorias, palestras e painéis, além da transmissão online e acesso às gravações. Já a modalidade online é voltada a quem acompanha à distância, com acesso à transmissão ao vivo. Assinantes do MaturiClub têm ingresso gratuito, além de acesso às gravações. Mais informações e a programação completa estão disponíveis no site oficial do evento . Serviço: Data: 21 a 23 de agosto de 2025 Horário: das 09h às 19h Local presencial: UNIP Paraíso (Rua. Apeninos, 614, São Paulo – SP) Online: Transmissão online no Youtube da Maturi