Tecno Etarismo

12 de dezembro de 2023

Tecno Etarismo

Por Branca Boson

Mais tarde vou a uma entrevista de emprego. Para que fui jogar Fortnite ontem? Só serviu para dormir tarde e ficar com esse sono. Só que, devo admitir, a ansiedade não ia me deixar dormir mesmo. Agora, cochilar não dá mais tempo, então melhor procurar passagens para minha viagem de fevereiro. Fico indignada porque não faz sentido, a essa altura do campeonato, ainda temos somente 3 empresas aéreas neste país continental. Acho um bom roteiro no Bettertravel.ai mas, apegada, quero olhar eu mesma as opções de passagens aéreas. Entro no meu aplicativo de milhas, para pesquisar e registrar ofertas. Penso no que vou comer, dou uma olhada no Instaview para checar o que tenho na geladeira, escolho e programo o forno para começar a esquentar o almoço ao meio-dia. Peço à Alexa para ditar os itens selecionados como destaques do meu perfil, para me ajudar a não esquecer, enquanto agendo o carro no app. Outro dia, liguei para um ponto de táxi, só de nostalgia, mas ninguém atendeu em várias tentativas. Como os taxistas reclamaram dos aplicativos, não é mesmo? Tomo banho ouvindo, no Spotify, a playlist mindfulness. Almoço repassando mentalmente meus motivos de querer aquela vaga de UX em um marketplace de comercialização de experiências. Todas as organizações, seja no desenvolvimento de negócios ou no desenvolvimento de pessoas, precisam disso e fico feliz de achar uma antenada nisso bem perto de casa. Eu poderia ser identificada até mesmo como a persona deles, e me olhei no espelho muito confiante, ao passar o batom. Acho boa ideia colocar no meu smart glass um dos episódios que ouvi a respeito do assunto e, sem perceber, já estou em frente à entrevistadora, muito mais calma do que imaginava. A conversa rola tranquila e amigável e consigo resumir bem toda a minha experiência. Quando terminamos, ela me dá aquela deixa para eu fazer alguma pergunta e decido sondar a adequação do meu perfil à vaga, na verdade, para aproveitar e reafirmar que eu sou exatamente o que procuram, mas fico de boca aberta com a resposta. Com muita falta de jeito, ela cita a minha idade. Não contenho meu espanto e falo: Por quê? Você sabe, ela me responde, a pouca afinidade da sua geração com tecnologia.

Mestre em Gestão da Informação, com tese em Barreiras da Comunicação em marketing, pós-graduada em Gestão Estratégica em Marketing e Responsabilidade Social Empresarial, sou amante das ideias. Tenho grande experiência em comunicação, planejamento estratégico, gerenciamento de produtos e serviços e alguma experiência em docência. Curadoria de informações, conexão entre ideias e conceitos, caráter analítico, curiosidade e criatividade marcam meu perfil profissional. Flexibilidade cognitiva, paixão pelo futuro e amor incondicional pelo aprendizado complementam meu perfil.

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O etarismo no ambiente de trabalho pode ser sutil — e, justamente por isso, perigoso. Muitas vezes, ele está embutido em processos, linguagens e práticas que parecem neutras, mas que na prática excluem profissionais mais velhos. O prejuízo não se limita a quem é deixado de fora, mas às empresas, que perdem talento, diversidade e performance. Segundo o relatório Future of Work 2023 , da AARP (American Association of Retired Persons), 2 a cada 3 profissionais 50+ já sentiram discriminação por idade no trabalho. No Brasil, a Pesquisa Maturi (2023 - acesse aqui ) mostra que 9 em cada 10 profissionais maduros estão em busca de recolocação. “Enquanto o tema for abordado como um posicionamento de marca, dificilmente haverá uma transformação genuína na sociedade. Porém, nós entendemos que esse esforço não pode caminhar sozinho pelo setor privado, é necessário que o governo e a sociedade estejam na mesma direção”, comenta Mórris Litvak, CEO e fundador da Maturi. Está na hora de rever práticas e criar ambientes mais inclusivos para todas as idades. A seguir, um checklist para você identificar se o etarismo ainda está presente na sua organização: Checklist: sua empresa está pronta para incluir talentos 50+? 1. Recrutamento e seleção: - Você analisa se profissionais 50+ estão chegando às suas shortlists? - As descrições de vaga evitam termos como “jovem talento”, “recém-formado” ou “perfil júnior”? - O RH considera profissionais maduros para cargos operacionais e estratégicos? 2. Cultura organizacional: - O tema da diversidade etária está incluído nas ações de DEI? - A comunicação interna retrata pessoas de diferentes idades em cargos de liderança? - Existem canais para denunciar qualquer tipo de discriminação? 3. Desenvolvimento e carreira: - Pessoas 50+ têm acesso a programas de formação, capacitação e mentoring? - A empresa promove ações para combater estereótipos sobre envelhecimento? - Há incentivo à troca intergeracional e à valorização da experiência? 4. Gestão de talentos e sucessão: - Profissionais maduros são considerados em planos de sucessão? - Existe um olhar estratégico para manter 50+ na ativa, inclusive com formatos híbridos ou carga horária flexível? 5. Preparação para aposentadoria: - Sua empresa tem programas voltados à transição e à preparação para aposentadoria? - Há políticas para que esse momento não represente exclusão, mas sim reorientação? Passando a limpo Se sua empresa respondeu “não” ou “não sei” para um ou mais itens, já é sinal de alerta. O etarismo estrutural pode estar presente e impactando diretamente a diversidade, a inovação e os resultados da sua equipe. O combate ao etarismo não começa só com treinamentos, mas com uma mudança de mentalidade nos processos mais básicos do RH. Trata-se de enxergar a idade como um ativo estratégico e não como um impeditivo. Já conhece a certificação Age Friendly? O selo Age Friendly Employer reconhece as empresas promotoras da diversidade etária. Atualmente são 19 empresas certificadas no Brasil, organizações que estão na vanguarda das melhores práticas para um ambiente inclusivo para pessoas 50+. Se a sua empresa quer entender como iniciar essa jornada e obter a Certificação Age-Friendly, preencha o formulário para agendar uma reunião com a nossa equipe.
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O último MeetupMaturi de 2025 reuniu duas empresas que vêm se destacando na pauta da diversidade etária: Sanofi e Volkswagen . Representadas por Alexandre Porto, Co-líder do grupo Gerações Conectadas da Volkswagen, e Elcio Monteiro, do Pilar de Gerações+ da Sanofi, as organizações compartilharam suas jornadas no processo de Certificação Age-Friendly Employer, mostrando, na prática, o que significa transformar a cultura organizacional em direção a um ambiente realmente multigeracional. O encontro revelou aprendizados valiosos sobre como as empresas podem evoluir em seus roadmaps age-friendly — da conscientização à implementação de ações concretas. A seguir, reunimos cinco grandes insights dessa conversa inspiradora. 1. A jornada começa conhecendo a realidade geracional da organização Antes de qualquer estratégia, é essencial conhecer a própria realidade geracional. A Volkswagen percebeu que o primeiro passo para se certificar era entender quem são seus colaboradores 50+, onde estão as oportunidades e quais áreas precisavam se envolver mais com o tema. "O primeiro passo é saber onde estamos e com quem estamos. A diversidade etária começa olhando para dentro" 2. Ser uma empresa age-friendly é assumir um compromisso público A Certificação Age-Friendly Employer não é apenas um selo — é um compromisso público de avanço contínuo. Como destacou a Volkswagen, o mais importante é demonstrar, de forma transparente, como a empresa reconhece e valoriza o protagonismo das diferentes gerações. "Mais do que conquistar a certificação, é mantê-la viva no cotidiano da empresa” 3. O que importa é evoluir: a recertificação mede progresso, não perfeição A Sanofi, primeira empresa certificada e recertificada no Brasil, destacou que o processo é uma oportunidade para comparar a empresa com ela mesma. A cada recertificação, é possível medir avanços, consolidar práticas e aprimorar o que ainda precisa evoluir. “A recertificação é sobre amadurecimento — ela reconhece quem continua aprendendo.”, Elcio Monteiro 4. Trocas entre empresas aceleram aprendizados Um dos diferenciais do ecossistema Age-Friendly é o espaço de trocas entre empresas certificadas. Durante os fóruns e encontros promovidos pela Maturi, companhias como Sanofi e Volkswagen compartilham experiências, desafios e soluções. Essa colaboração tem gerado novos programas, ideias e conexões que fortalecem toda a rede. “Quando as empresas trocam, todo o ecossistema evolui” 5. Diversidade etária é parte da estratégia, não um projeto paralelo Tornar-se uma empresa Age-Friendly não é sobre um programa pontual, mas sobre incorporar a longevidade como valor estratégico. Como reforçou a Sanofi, uma empresa verdadeiramente diversa é aquela que reflete a sociedade onde está inserida — em idade, gênero, raça e experiências. “A diversidade precisa estar integrada à estratégia, não isolada em um pilar” O encontro com Sanofi e Volkswagen mostrou que o caminho para a maturidade corporativa é feito de aprendizado, comprometimento e cooperação. Cada empresa está em uma etapa diferente do seu roadmap Age-Friendly, mas todas compartilham o mesmo propósito: criar organizações mais humanas, inclusivas e preparadas para o futuro do trabalho. 💡 Quer saber mais sobre a Certificação Age-Friendly e como aplicar esse roadmap na sua empresa? 👉 Acesse agefriendly.com.br