O Trabalho na Era da Automação

Walter Alves • 27 de julho de 2018

Os trabalhadores terão de se adaptar à contínua evolução das máquinas. Isso significa que, em vez de estudar por duas décadas e trabalhar nas quatro seguintes, os trabalhadores deverão estar disponíveis para a aprendizagem contínua, criação de novas competências e atualização das já existentes.


Project Syndicate, Susan Lund e Eric Hazan – 12/07/2018


De caminhoneiros que utilizam sistemas de GPS, a enfermeiros que registram sinais vitais dos pacientes passando por funcionários de concessionárias de água e luz com dispositivos de mão para emissão das contas mensais, grande parte das pessoas hoje em dia precisam de algumas habilidades digitais básicas.


A demanda por trabalhadores digitalmente experientes vinha aumentando lentamente ao longo das últimas décadas, mas esta mudança ganha ritmo e transforma todo o mercado de trabalho.


No recente relatório Mudança de habilidades: automação e o futuro da força de trabalho, o McKinsey Global Institute compara o número de horas que os trabalhadores gastam atualmente utilizando 25 competências básicas em cinco categorias – física e manual, cognitivo básico, cognitivo superior, social e emocional, e tecnológico – com o número de horas que eles gastarão com essas habilidades em 2030.


Sem qualquer surpresa, dado o maior uso da automação e inteligência artificial, espera-se um salto de 55% na demanda pelas habilidades tecnológicas, desde o conhecimento básico até as mais avançadas como a programação.


O uso de habilidades que somente os humanos têm, como as sociais e emocionais – em atividades como trabalhar em equipe, liderar, negociar e relacionar-se empaticamente – também aumentarão acentuadamente. O número de empregos que requerem tais habilidades – em setores da saúde, educação, gestão e vendas e marketing – aumentará em 24%.


A demanda por habilidades cognitivas superiores, especialmente criatividade e solução de problemas complexos, também aumentará apesar de já existirem máquinas produzindo em áreas que exigem este tipo de habilidade, como alfabetização avançada, redação de textos e análises estatísticas.


Isso demonstra o potencial da automação e da inteligência artificial (IA) ​​em desempregar trabalhadores de serviços contábeis, financeiros e jurídicos.


Os empregos que exigem habilidades cognitivas básicas, incluindo a digitação de dados e conhecimentos básicos de matemática, enfrentam o maior desafio, já que devem diminuir ainda mais rapidamente do que visto nos últimos 15 anos. O mesmo se aplica às habilidades físicas e manuais, como as habilidades motoras grosseiras.


A expectativa é que empresas, educadores, associações patronais e sindicatos de trabalhadores estejam cientes do grande desafio socioeconômico que representam a mudança de perfil dessas habilidades.


Por exemplo, as habilidades sociais e emocionais são aprendidas, atualmente, em grande parte fora da escola, no entanto, como elas serão mais exigidas no futuro, os sistemas educacionais precisam encontrar maneiras de incorporá-las aos currículos regulares.


É preciso todos estarem cientes que centenas de milhões de trabalhadores, em todo o mundo, precisarão passar por reciclagens profissionais ou iniciarem nova etapa em suas carreiras. Estima-se que 75 a 350 milhões de pessoas, ou de 3% a 14% da força de trabalho global, precisarão mudar de categoria ocupacional até 2030 ou, fatalmente, ficarão desempregadas.

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