Como nos prepararmos para os empregos nos próximos anos

Walter Alves • 22 de janeiro de 2019

 As próximas duas décadas prometem uma grande revolução nas vidas profissionais, mas antes de olharmos para os próximos anos, vamos dar uma rápida olhada no presente.


Estamos vivendo uma época de muitos robôs e muitos empregos. Como o número de robôs no trabalho atingiu níveis recordes, vale notar que, segundo um relatório publicado no Financial Times, em 2018 o nível de desemprego global caiu para 5,2% – o menor nível em 38 anos. Ou seja, vivemos uma situação em que a alta tecnologia e alto nível de emprego não são mutuamente exclusivos.


Dada essa sincronia entre emprego e tecnologia, há razões para esperanças que os empregos se tornem mais acessíveis, mais flexíveis e mais libertadores nas próximas 2 décadas.


A seguir cinco previsões apoiadas neste raciocínio:


1 – a inteligência artificial e a robótica criarão mais trabalho, não menos. Muito parecido com hoje.

2 – não haverá falta de empregos, mas falta de talentos qualificados se medidas certas não forem tomadas.

3 – à medida que o trabalho remoto se torna comum, as cidades entrarão na guerra por talentos do futuro. Separar o lugar de trabalho do de moradia dará às pessoas uma liberdade para viver onde quiserem, e as cidades e regiões metropolitanas competirão para atrair essa nova força de trabalho móvel.

4 – a maior parte da força de trabalho será freelancer até 2027, com base nas taxas de crescimento encontradas no Freelancing in America 2017.

5 – mudanças tecnológicas continuarão ocorrendo, então aprender novas competências será uma necessidade contínua ao longo da vida.


Logo, o que importa é a discussão do que se deve fazer para garantir os melhores resultados que nos guiarão a um futuro positivo do trabalho:


1: repensar a educação


As rápidas mudanças tecnológicas implicam na necessidade de aprendizado de novas competências. Os sistemas educacionais atuais se adaptam às mudanças muito lentamente e operam de maneira ineficaz para esse novo mundo.


É preciso construir um sistema de educação para a aprendizagem ao longo da vida que considere as competências o mais importante para a futura força de trabalho.


Os programas vocacionais focados em competências, bem como outras formas de aumentar a escala de formação devem ser amplamente acessíveis. Este novo sistema educacional precisa desenvolver nas pessoas habilidades como empreendedorismo, trabalho em equipe, curiosidade e adaptabilidade.


A adaptação da força de trabalho precisa ser responsabilidade tanto das empresas quanto dos governos. E ambos precisam investir do mesmo modo na força de trabalho atual e futura. Isso significa gastar mais recursos para formação de novos funcionários e mais investimento no treinamento dos atuais.


Políticas fiscais inovadoras podem incentivar as empresas nestes novos caminhos. Por exemplo, os governos podem taxar empresas cujos ex-trabalhadores acabam desempregados ou recebem empregos com salários mais baixos – ambos são sinais de que eles investiram pouco em suas próprias forças de trabalho.


Espera-se que com esse tipo de política fiscal que a força de trabalho se adapte aos empregos disponíveis, que as empresas tenham os talentos necessários para atingir suas metas e que o governo veja aumento na base tributária pelo crescimento mais estável.


2: mudar a rede de proteção aos trabalhadores


Nossos sistemas de impostos, saúde, seguro-desemprego e pensão foram criados para a era industrial e não servirão no futuro se não forem feitas reformas significativas.


Durante décadas, esses sistemas estavam alinhados com a forma como a maioria dos trabalhadores estava empregada, mas como isso mudou, há discussões sobre a desvinculação dos “benefícios e proteções do status de emprego em tempo integral distribuindo-as mais uniformemente para toda a força de trabalho produtiva”, segundo o novo relatório do Fórum Econômico Mundial.


Mudanças apoiadas na inovação e nos avanços tecnológicos para entrega desses benefícios serão muito bem vindas. Para que uma rede de segurança do futuro seja eficaz, ela deve adotar a tecnologia para gerar benefícios.


Ela também deve ser projetada por todos os interessados ​​- empresas, sindicatos e outros grupos que dependem dessa nova qualificação profissional – e não apenas pelos cidadãos que estão sendo requalificados.


Inúmeras ideias políticas já estão sendo testadas na mudança da distribuição de benefícios – como a “flexigurança”, modelo da Dinamarca, que oferece benefícios governamentais como a segurança do desemprego e o treinamento de habilidades altamente subsidiado.


3: proporcionar mais liberdade e flexibilidade às pessoas


Agindo em conjunto, governo e empresas podem facilitar a vida das pessoas aumentando o índice de inclusão através da adoção do trabalho remoto e com horário flexível.


Trabalhar em um escritório nem sempre é possível, nem prático, para novos pais, pais solteiros, pessoas com deficiência ou muitos outros em nossa sociedade. Mas dada a opção de trabalhar em casa ou definir seus próprios horários, muitos são capazes de prover sua própria renda.


“Hoje, aproximadamente de 20 a 30% da população em idade ativa nos Estados Unidos e em grande parte da União Europeia se envolve em trabalho independente, e os números aumentam nos mercados emergentes”, segundo o Fórum Econômico Mundial.


Plataformas, como a Upwork, estão ajudando a impulsionar essa tendência, criando maneiras mais rápidas e melhores para compradores e vendedores se conectarem.


E para milhões de pessoas em todo o mundo há novas oportunidades para obter renda e flexibilidade para a vida que escolheram. Portanto, a mensagem atual aos governos é: incentivem políticas que não desestimulem o trabalho independente, incluindo o freelancer, pois isto permite que mais pessoas trabalhem.


McKinsey estima que “até 2025 eles poderão adicionar US $ 2,7 trilhões ao PIB global e começar a solucionar muitos dos problemas persistentes nos mercados de trabalho do mundo”.


A promoção de trabalho remoto e o horário flexível podem aumentar a participação das mulheres na força de trabalho e reduzir a desigualdade de gênero.


Uma empresa global fornece uma importante prova disto. Em meados da década de 1990, a Ernst Young (EY) começou a promover a adoção de horário flexível após perceber que suas funcionárias estavam deixando a empresa a uma taxa de 10 a 15 pontos percentuais acima dos homens.


De acordo com um relatório, 27 anos depois, “com horário flexível, carga reduzida de meio período, juntamente com outros esforços… a EY mantém homens e mulheres na mesma proporção. E eles alcançaram sua meta original de promover mulheres parceiras com elas representando cerca de 30% de novos associados a cada ano”.


As últimas três revoluções industriais permitiram níveis crescentes de globalização. E, embora tenham sido geralmente positivas para a economia global, as transições muitas vezes foram assustadoras e deixaram muitas pessoas para trás no longo prazo. As economias ocidentais viram a classe média encolher nas recentes ondas de desindustrialização.


A Quarta Revolução Industrial possibilita a globalização 4.0. É necessário que a garantia do crescimento inclusivo seja o mais global e abrangente possível.


É responsabilidade de cada um de nós, como cidadãos globais e partes interessadas individuais, ajudar a criar esse caminho para o futuro do trabalho que as pessoas precisam, bem como a formação, o treinamento e o suporte para que elas prosperem.

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