O empreendedor de sucesso de 20 anos é um mito

Walter Alves • 23 de agosto de 2019

Entre 2007 e 2014, nos EUA, menos de 1% das empresas iniciantes de alto desempenho foram fundadas por jovens de 20 anos


Boas ideias surgem em qualquer idade, mas é preciso experiência para transformá-las em sucesso. Steve Jobs tinha 21 anos quando fundou a Apple, mas era um CEO de 43 anos quando a empresa criou o iMac.


Esqueça o que já ouviu falar sobre os prodígios de 22 anos, sentados nas bancadas de startups no Vale do Silício – se quiser encontrar os empreendedores mais bem-sucedidos, terá que buscar pessoas mais velhas.


De acordo com a pesquisa Idade e Empreendedorismo de Alto Crescimento do professor do MIT Sloan, Pierre Azoulay, e do estudante de doutorado Daniel Kim, a idade média dos empreendedores que iniciaram empresas e contrataram pelo menos um funcionário, nos EUA, é de 42 anos.


“Se você não soubesse mais nada e tivesse duas ideias idênticas, uma proposta por uma pessoa muito jovem e a outra por uma pessoa de meia-idade, seria melhor apostar na da mais velha se quiser atingir o sucesso”, diz Azoulay.


Para descobrir a correlação entre idade e empreendedorismo, Kim e Azoulay pesquisaram no Census Bureau’s Longitudinal Business Database (Banco de Dados Longitudinais de Negócios do Census Bureau), do governo federal, e em dados privados de proprietários de negócios do Schedule K-1 do Internal Revenue Service (Receita Federal).


A equipe analisou dados de 2,7 milhões de pessoas que fundaram empresas, com pelo menos um funcionário, entre 2007 e 2014. Eles observaram que as de maior sucesso eram dirigidas por empreendedores com idade média de 45 anos.


Os pesquisadores, também, divulgaram dados por tipo de empresa, como alta tecnologia, apoiadas por capital de risco e de patenteamento. As idades médias dos fundadores, para os tipos acima, foram 43, 42 e 45, respectivamente.


A equipe analisou idades e startups nos estados da Califórnia, Nova York, Massachusetts e, especificamente, no Vale do Silício. Em empresas apoiadas pelo capital de risco. A menor idade média dos fundadores, em Nova York, era de 39 anos. Esta mesma idade foi recorrente para os fundadores de operadoras de telecomunicações sem fio.


Kim e Azoulay também descobriram que os empreendedores eram 125% mais bem-sucedidos se já tivessem sido empregados no setor no qual iniciaram o negócio.


Embora estes dados possam ser um choque – pelo menos para os jovens de 20 e poucos anos fundadores de empresas e para os capitalistas de risco que os financiam -, Kim diz que, para os economistas, os resultados fizeram sentido.


“Em teoria, sabemos que com a idade muitas competências se acumulam”, diz Kim. “Por exemplo, constrói-se os chamados soft skills com experiência, também, é comum o acúmulo de mais recursos financeiros à medida que se envelhece, além de conexões sociais, o que aumenta as chances de sucesso do empreendedor”.


Ambição e empreendedorismo


Antes de mergulhar nos dados, os pesquisadores tiveram que resolver algumas questões como o que é auto emprego e o que é empreendedorismo, e focar no estudo de empresas que tinham ambição de crescer. Todos os negócios são começados com a intenção de serem bem-sucedidos, mas, na quase totalidade, continuam pequenos – por exemplo uma lavanderia de bairro ou uma pizzaria delivery.


“Não há nada de errado nisso”, diz Azoulay. “Mas quando se fala em empreendedorismo, a imagem que ocorre é a de uma empresa que tenha um grande crescimento ambicionado desde o começo”.


O ponto de partida também precisava ser definido. Quando começou o empreendimento? No dia que alguém foi contratado para trabalhar? Ou no dia em que a ideia surgiu numa garagem? Ou, ainda, no dia da inscrição na primeira aceleradora?


“Não houve acordo de como se define um empreendedor; isso tem sido um desafio”, diz Kim. “Tivemos a oportunidade de combinar dados do Censo com os da Receita Federal que nos permitiram identificar os proprietários, combinada com pessoas que realmente estão no negócio desde o primeiro dia”. Kim e Azoulay, também, identificaram os funcionários iniciais não-fundadores e os empreendedores que estiveram grande participação na empresa.


“O que acho legal em nosso artigo é conseguir identificar fundadores e sua idade, para um conjunto de jovens empresas, que têm a ambição de construir algo significativo desde o momento que começaram”, diz Azoulay.

Steve Jobs e Bill Gates começaram suas empresas em seus primeiros 20 anos, mas as ações da Apple e da Microsoft atingiram o pico quando ambos estavam na faixa dos 40 anos


Melhor empreendedorismo


Então, por que a idade é importante no empreendedorismo? Já que este pode ser o resultado de competências pessoais, capital social ou financeiro, uma combinação desses, ou qualquer outros fatores.

“A única coisa que o Censo não tem com boa qualidade, são os dados sobre educação.


Não pudemos contar os fundadores com PhD ou educação universitária. Não temos estas informações. Pudemos saber, um pouco, da experiência”, diz Azoulay. “Isso é parte da idade, pessoas mais velhas tendem a saber resolver melhor os problemas”.


“Nossas conclusões são uma lição para fundadores e financiadores”, diz Azoulay. “Neste momento, algumas ideias – que merecem financiamento – podem estar sendo excluídas porque seus fundadores de 37 anos são rotulados como ultrapassados”.


Isso não quer dizer que não existam jovens que tenham criado “empresas bem-sucedidas e grandes”, diz Azoulay, mas isso também não significa que eles não melhorarão com a idade. Bill Gates e Jeff Bezos, por exemplo, tiveram mais sucesso aos 50 anos do que aos 20.


Quanto a esses jovens de 20 anos que querem ser o próximo Mark Zuckerberg, Kim diz que eles não devem ser desencorajados pelo estudo e, ao contrário, devem ter certeza de que ainda podem ter sucesso e fazer parte do empreendedorismo melhorado.



“Se você tem 22 anos ou talvez tenha acabado de sair de um programa de MBA, e existe a perspectiva de empreender agora, repense isto. Sua ideia pode ser ótima, mas você pode não ter a



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De lá para cá, houve uma verdadeira revolução digital impulsionada por essa nova geração de influenciadores. Com autenticidade, experiência de vida e um olhar único sobre o mundo, eles estão conquistando espaço, quebrando estereótipos e provando que longevidade e tecnologia caminham juntas. A Força dos Influenciadores Maduros no Digital Muito além do entretenimento, as redes sociais se tornaram uma ferramenta essencial para a longevidade ativa. Elas ajudam a combater a solidão, fortalecem a autoestima e possibilitam a construção de novos propósitos. Para muitos, ser influenciador não é apenas um hobby, mas uma profissão que permite compartilhar conhecimento, histórias inspiradoras e ainda gerar renda extra. Com o aumento da expectativa de vida e os desafios financeiros que acompanham a maturidade, a monetização digital se apresenta como uma alternativa viável e necessária. 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