O lugar do idoso num mundo em constantes mudanças

Miriam Altman • 6 de abril de 2017

 

Você já parou para pensar no lugar daquele que envelhece na nossa sociedade? São pessoas que muito produziram: trilharam uma longa carreira profissional, participaram da vida familiar, ajudaram na construção de projetos, de sonhos e da vida comunitária por muito tempo.


O envelhecimento sempre esteve em pauta, mas só a partir do século passado foi possível consolidar a emergência deste estudo. O fato é que a expectativa de vida aumenta a cada ano, em função do desenvolvimento da medicina. Mas será que a qualidade de vida acompanha essa evolução? Será que nós, tanto como indivíduo quanto como sociedade, estamos preparados para esta realidade?


Depois da aposentadoria, muitos têm dificuldade de se inserir em alguma atividade produtiva. Como em nossa sociedade somos muitas vezes definidos pela atividade do trabalho, e inclusive chegamos a construir a nossa identidade com base na profissão, diante da aposentadoria, perdemos o chão. Isso faz com que sentimentos de fracasso e inutilidade nos envolvam. “A casa cai” e o caminho está aberto para uma depressão!


Mas por que nesse momento tão importante de mudanças esquecemos que somos humanos e devemos nos valorizar? Que podemos nos ocupar com diversas outras atividades, inclusive desenvolvendo novos gostos pessoais; ou desfrutando do tempo livre; ou principalmente nos reinserindo no mercado de trabalho? Mas se estivermos muito desanimados nada disso pode ocorrer.


O processo de envelhecimento é complexo. As mudanças pelas quais passamos nos dirigem para as necessidades mais imediatas e concretas, ou seja, nos voltamos para a medicina e tecnologia. Mas não podemos esquecer que essas mudanças ocorrem tanto no nível físico quanto psíquico. Negligenciar a mente nesse momento de indagação, reflexão e descoberta traz sérias consequências.


Por isso, nós precisamos dar um novo sentido para nossa vida, seja para sairmos de uma depressão, ou para pensarmos num novo projeto de vida. Criar outras possibilidades e perspectivas quando tudo parece escuro e cinza.


Porém, o processo de autoconhecimento não é simples e imediato, mesmo para quem tem experiência de vida. Consequentemente, em inúmeras ocasiões não conseguimos encontrá-lo sozinho. É necessário apoio profissional para elaborar as perdas e ganhos, e trabalhar tantas questões internas. Mas então por que é tão fácil procurar um médico e tão difícil procurar um psicoterapeuta ou psicanalista? Afinal, é através de uma psicoterapia que a pessoa pode ser ajudada a encontrar a si mesma.


Essa percepção da vida psíquica pode, para muitas pessoas, ser o início da busca por uma psicanálise. Às vezes, é desconfortável depararmo-nos com sentimentos e emoções que não “estavam no programa” ou que nos trazem insegurança.


A vida mental é experimentada como algo abstrato, não tem consistência, cor, tamanho. Não temos acesso a ela por meios diretos. A terapia é uma conversa aonde estes aspectos da vida psíquica podem ser investigados tornando-nos mais aptos a um conhecimento e contato com as próprias emoções. Por ser algo dessa natureza, desconhecida e pouco tangível, muitas pessoas preferem dar atenção ao corpo e as doenças e dessa forma cuidar primeiramente destes aspectos. Isso é muito importante, desde que não esqueçamos que temos uma vida emocional que não pode ser negligenciada!


Por fim, a terapia nos impulsiona a buscar soluções para resolver conflitos novos e também antigos. Com um maior autoconhecimento, podemos nos posicionar mais ativamente perante um mundo em constantes mudanças e escolher assertivamente nosso posicionamento na sociedade, definindo nosso lugar. Aproveite esse momento para se conhecer melhor e fazer algo produtivo pessoal e profissionalmente por você!

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