Hollywood abrindo espaço de trabalho para seus talentos 60+

Denise Mazzaferro • 23 de julho de 2016

Todas as reflexões que faço em relação à Longevidade das pessoas e suas profissões perpassam obviamente pela questão de qual carreira que estamos falando.



Existem carreiras mais longevas como as de profissionais liberais: médicos, advogados, dentistas, entre outras. Para esses me parece mais fácil na maioria das vezes, o planejamento, pois eles não têm uma organização por trás decidindo qual é o momento em que devem parar, a decisão é deles. Nas carreiras corporativas ou em qualquer uma em que exista uma relação de subordinação, o tempo deles não é o mesmo que o seu; afinal não importa quanto tempo você se dedicou à esta organização a relação não é bilateral!


Vem me chamando atenção a Longevidade cada vez maior dos atores e atrizes tanto os nossos “globais” como os hollywoodianos.


Como cada vez mais, o cinema e a TV vêm trazendo às questões que circundam o envelhecimento para as telas, faz-se necessário ter quem represente os mais velhos nos seus mais diversos papéis: familiar, social, lazer e até mesmo de trabalho.


Cartaz do filme “Um Senhor Estagiário”


Não foi à toa que no filme “Um Senhor Estagiário”, exibido em setembro de 2015 nos cinemas, Robert De Niro faz um papel de um viúvo de 70 anos que descobre que a aposentadoria não é bem como imaginava. Buscando uma oportunidade de voltar à ativa, ele se torna estagiário sênior de um site de moda. Este filme ganha notoriedade ao discutir tanto a importância do trabalho para quem tem mais de 70 anos, quanto ao mostrar a riqueza que é criada na empresa quando o ambiente, que era essencialmente povoado por jovens, passa a ter a diversidade trazida por meio das relações intergeracionais.


Susan Sarandon, 69, em entrevista ao Valor Econômico sob o título de “Militância Sedutora”[1], coloca que o que tem visto acontecer com a maioria das atrizes em Hollywood é que “aos 40 anos, a carreira da mulher começa a afundar no cinema, independente do que ela tenha conquistado”. Ela se considera uma verdadeira sortuda ao ser convidada pela diretora e roteirista Lorene Scafaria para protagonizar o filme “A Intrometida” que tem sua estreia prevista para a última semana de Julho no Brasil.


O filme “é o retrato do que pode acontecer com uma mulher que dedica a vida ao marido e aos filhos. Isso me comove, ainda que eu tenha trilhado outros caminhos. Do contrário, também telefonaria para os meus filhos 20 vezes por dia” afirma Susan ao comentar sobre o seu papel no filme – uma viúva que se muda para perto da filha para espantar a solidão.


É muito difícil envelhecer numa sociedade que valoriza a produção, o instantâneo, o futuro em detrimento ao passado, o amanhã ao invés do hoje, o jovem, o rápido, a potência, a beleza, a virilidade. Todos são valores que nós mesmos construímos e, de certa forma, reafirmamos ao negarmos a velhice que inexoravelmente está ligada a aposentadoria, a finitude, a fragilidade, a flacidez, a lentidão, as rugas, a bengala, ao cabelo branco, ao esquecimento.


Percebemos que a luta para a mudança dessa condição vem sendo trilhada em vários “fronts” e Susan se intitula militante quando costuma desafiar o status quo, com ênfase nas questões sexistas, racistas e de discriminação por idade. “Eu seria uma covarde se não aproveitasse minha visibilidade para defender causas sociais e os direitos das pessoas em todas as condições e idades”, afirma Susan.


A atriz Susan Sarandon


Muitas vezes é a posição de militância que eu ocupo também quando trabalho, escrevo e discuto essas questões. Outro dia em uma reunião na qual apresentávamos um projeto de trabalho voltado para o público 60+, um dos clientes nos perguntou: “Mas porque vocês acreditam nisso?”, não vou expor aqui as milhares de razões que nos movem neste sentido, mas em momentos como este percebo que falar sobre protagonismo em todas as fases da vida, incluindo a velhice, ainda parece muito distante àqueles que nos ouvem.


Precisamos aprender com tudo o que vem acontecendo, com os movimentos que se iniciaram tanto tempo atrás, lutando pelas minorias – mulheres, negros, homossexuais, que nós velhos e futuros velhos, éramos minoria, mas seremos a maioria.


Num espaço muito curto de tempo, 2050, seremos 30% da população brasileira, como não iniciarmos hoje nossa luta por aquilo que cada um de nós sonha que é envelhecer, nos desfazendo de todos os preconceitos e aceitando a nossa humanidade e imensa diversidade. Somos únicos, mas seremos velhos SIM.


A teoria de Darwin, explicando a evolução humana, previa a sobrevivência dos mais adaptados. Nossa inteligência nos possibilita que nos adaptemos às mais diversas condições. Vivemos um novo momento: nos adaptarmos a um dos grandes ganhos da humanidade:  ANOS DE VIDA!


Como diria Arnaldo Antunes: “A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer”.



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