Stop Idadismo: o movimento que ganha amplitude na Europa

Silvia Triboni • 6 de maio de 2021

Stop: palavra inglesa que significa “ato ou efeito de parar”. Idadismo: “Preconceito e discriminação com base na idade, principalmente quanto a pessoas mais velhas.” STOP IDADISMO!: PARE O PRECONCEITO COM BASE NA IDADE!


A explicação da expressão até pode ser desnecessária, entretanto, o comando não é!


No Brasil, e em vários países do mundo, casos relacionados à discriminação etária crescem a cada dia. Tanto é que em março de 2021 a Organização das Nações Unidas lançou a Campanha Global de Combate ao Idadismo, oportunidade em que ofereceu inúmeros dados relevantes como a natureza; as determinantes; a escala e o impacto do idadismo contra a pessoa mais velha.


Trouxe, também, mecanismos para que possamos combater e promover ações que favoreçam a saúde integral, o aumento de oportunidades, e tudo o mais que permita as pessoas prosperem em qualquer idade.


Veja o Relatório Global sobre Idadismo.


No artigo publicado no Blog Maturi logo após a divulgação da citada campanha, mencionei dados que reforçam o agravamento da situação preconceituosa, além de compartilhar as ferramentas que a ONU e a Organização Mundial de Saúde nos ofereceu para agir contra esta forma de ataque aos direitos humanos do adulto mais velho.


Naquela campanha todos nós fomos desafiados para atuarmos, em colaboração, no combate a esta sórdida realidade.


É o que tenho feito em meu trabalho no projeto Across the Seven Seas, pelo respeito ao idoso e pelo envelhecimento ativo, razão pela qual conheci o movimento.

“Stop Idadismo” na Espanha e Portugal


O desafio de combate ao idadismo é uma responsabilidade de todos. Devemos agir pelo respeito à pessoa mais velha, e apoiar as iniciativas e movimentos que estão surgindo.


Uma vez representando o Movimento Vidas Idosas Importam em Portugal, fui apresentada ao Empreendedor Social de Viseu, Portugal, José Carreira, porta voz do movimento #StopIdadismo no país.


Carreira é Presidente das Obras Sociais Viseu, em Portugal, Instituição Particular de Solidariedade Social, e criador e diretor da Revista Envelhecer, Coordenador do Centro Apoio Alzheimer Viseu e Dirigente da Associação Nacional Interdisciplinar da Economia Social.


O Movimento é originário da Espanha, tendo sido criado pela instituição ASISPA – Atención a Personas, e foi do conhecimento do resultado de seus trabalhos que José se interessou e passou a representar #StopIdadismo na nação portuguesa.


José Carreira, consciente da discriminação etária e sensibilizado com o tema, contactou a organização ASISPA com o intuito de transportar o movimento para Portugal, com o principal objetivo de “sensibilizar, identificar discriminações nos diversos locais e diversas faixas etárias”, disse o Jornal de Notícias.


A ASISPA – Atención a Personas, foi fundada em 1980 por Carmen Zabala em conjunto com um grupo de pessoas formado por técnicos e voluntários, com o objetivo de promover atenção integral ao público sênior. A sua experiência na gestão de programas de intervenção social, desde a sua fundação até os presentes dias, fez com esta entidade se tornasse referência na prestação de serviços no Espanha.


Alinhados à sua missão precípua, ASISPA lançou o movimento #STOPEDADISMO que tem por objetivo fornecer informações, fatos e dados atualizados que promovam a reflexão e estimulem ações organizadas de combate ao idadismo.


Amplitude do Movimento


A força e relevância do movimento logo foi constatada, e inúmeras organizações sociais, e meios de comunicação de países ibero-americanos aderiram ao movimento Global #StopIdadismo.


Países como o Brasil, Argentina, Cuba, México, Panamá, Venezuela, Chile e El Salvador, além da Espanha e Portugal, trabalham em conjunto pela promoção e divulgação de palestras e notícias que despertem a população para agirem contra o idadismo.


Abaixo algumas instituições, movimentos e empresas que aderiram ao programa:


-Aptare – Brasil
-50 Mais Aprendiz Digital – Brasil
-Across the Seven Seas – Brasil e Portugal
-AmoViseu – Portugal
-ASISPA – Atención a Personas – Espanha
-Revista Bica – Portugal
-IPSS Obras Sociais de Viseu – Portugal
-Portal Longevinews – Brasil
-Revista Envelhecer – Portugal
-Together International – Portugal
-Vidas Idosas Importam – Brasil e Portugal (por mim representado)


Presidente de Portugal apoia o lançamento do Movimento Stop Idadismo

Para lançar o movimento e discutir o idadismo, no dia 30 de abril, José Carreira, representante nacional do movimento em Portugal, organizou evento em conjunto com 11 países ibero-americanos, com a presença de Laura Cañete, representante espanhola da ASISPA, Rosa Monteiro, Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Alexandre Kalache, Presidente do Centro Internacional Longevity Brasil, e António Ferrari, assessor de Comunicação da ONU para Portugal, e com a moderação da jornalista Ana Carrilho.


Na abertura dos trabalhos José Carreira discorreu sobre o histórico do movimento, suas ações e meios de comunicação, passando à leitura da mensagem encaminhada pelo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.


Destaquei uma parte da mensagem do Presidente:


“Num mundo que esquece, negligencia ou não protege o saber e a experiência acumulados por gerações. Uma das lições que estamos a retirar da pandemia é que não podemos voltar ao mundo que tínhamos antes da pandemia e, a este nível, esse facto implica discutir novos modelos de proteção do envelhecimento, onde se enquadram as medidas jurídicas e sociais de combate ao idadismo. Um combate que deve ser feito nas famílias e nas comunidades de proximidade e vizinhança, mas também na escola, nas empresas, nas associações e organizações do terceiro setor, na administração pública e local”.


Junte-se ao movimento Stop Idadismo! Clique AQUI para acessar o site. Aproveite para interagir, assista o vídeo abaixo:

Compartilhe esse conteúdo

Artigos recentes

11 de novembro de 2025
O etarismo no ambiente de trabalho pode ser sutil — e, justamente por isso, perigoso. Muitas vezes, ele está embutido em processos, linguagens e práticas que parecem neutras, mas que na prática excluem profissionais mais velhos. O prejuízo não se limita a quem é deixado de fora, mas às empresas, que perdem talento, diversidade e performance. Segundo o relatório Future of Work 2023 , da AARP (American Association of Retired Persons), 2 a cada 3 profissionais 50+ já sentiram discriminação por idade no trabalho. No Brasil, a Pesquisa Maturi (2023 - acesse aqui ) mostra que 9 em cada 10 profissionais maduros estão em busca de recolocação. “Enquanto o tema for abordado como um posicionamento de marca, dificilmente haverá uma transformação genuína na sociedade. Porém, nós entendemos que esse esforço não pode caminhar sozinho pelo setor privado, é necessário que o governo e a sociedade estejam na mesma direção”, comenta Mórris Litvak, CEO e fundador da Maturi. Está na hora de rever práticas e criar ambientes mais inclusivos para todas as idades. A seguir, um checklist para você identificar se o etarismo ainda está presente na sua organização: Checklist: sua empresa está pronta para incluir talentos 50+? 1. Recrutamento e seleção: - Você analisa se profissionais 50+ estão chegando às suas shortlists? - As descrições de vaga evitam termos como “jovem talento”, “recém-formado” ou “perfil júnior”? - O RH considera profissionais maduros para cargos operacionais e estratégicos? 2. Cultura organizacional: - O tema da diversidade etária está incluído nas ações de DEI? - A comunicação interna retrata pessoas de diferentes idades em cargos de liderança? - Existem canais para denunciar qualquer tipo de discriminação? 3. Desenvolvimento e carreira: - Pessoas 50+ têm acesso a programas de formação, capacitação e mentoring? - A empresa promove ações para combater estereótipos sobre envelhecimento? - Há incentivo à troca intergeracional e à valorização da experiência? 4. Gestão de talentos e sucessão: - Profissionais maduros são considerados em planos de sucessão? - Existe um olhar estratégico para manter 50+ na ativa, inclusive com formatos híbridos ou carga horária flexível? 5. Preparação para aposentadoria: - Sua empresa tem programas voltados à transição e à preparação para aposentadoria? - Há políticas para que esse momento não represente exclusão, mas sim reorientação? Passando a limpo Se sua empresa respondeu “não” ou “não sei” para um ou mais itens, já é sinal de alerta. O etarismo estrutural pode estar presente e impactando diretamente a diversidade, a inovação e os resultados da sua equipe. O combate ao etarismo não começa só com treinamentos, mas com uma mudança de mentalidade nos processos mais básicos do RH. Trata-se de enxergar a idade como um ativo estratégico e não como um impeditivo. Já conhece a certificação Age Friendly? O selo Age Friendly Employer reconhece as empresas promotoras da diversidade etária. Atualmente são 19 empresas certificadas no Brasil, organizações que estão na vanguarda das melhores práticas para um ambiente inclusivo para pessoas 50+. Se a sua empresa quer entender como iniciar essa jornada e obter a Certificação Age-Friendly, preencha o formulário para agendar uma reunião com a nossa equipe.
4 de novembro de 2025
O último MeetupMaturi de 2025 reuniu duas empresas que vêm se destacando na pauta da diversidade etária: Sanofi e Volkswagen . Representadas por Alexandre Porto, Co-líder do grupo Gerações Conectadas da Volkswagen, e Elcio Monteiro, do Pilar de Gerações+ da Sanofi, as organizações compartilharam suas jornadas no processo de Certificação Age-Friendly Employer, mostrando, na prática, o que significa transformar a cultura organizacional em direção a um ambiente realmente multigeracional. O encontro revelou aprendizados valiosos sobre como as empresas podem evoluir em seus roadmaps age-friendly — da conscientização à implementação de ações concretas. A seguir, reunimos cinco grandes insights dessa conversa inspiradora. 1. A jornada começa conhecendo a realidade geracional da organização Antes de qualquer estratégia, é essencial conhecer a própria realidade geracional. A Volkswagen percebeu que o primeiro passo para se certificar era entender quem são seus colaboradores 50+, onde estão as oportunidades e quais áreas precisavam se envolver mais com o tema. "O primeiro passo é saber onde estamos e com quem estamos. A diversidade etária começa olhando para dentro" 2. Ser uma empresa age-friendly é assumir um compromisso público A Certificação Age-Friendly Employer não é apenas um selo — é um compromisso público de avanço contínuo. Como destacou a Volkswagen, o mais importante é demonstrar, de forma transparente, como a empresa reconhece e valoriza o protagonismo das diferentes gerações. "Mais do que conquistar a certificação, é mantê-la viva no cotidiano da empresa” 3. O que importa é evoluir: a recertificação mede progresso, não perfeição A Sanofi, primeira empresa certificada e recertificada no Brasil, destacou que o processo é uma oportunidade para comparar a empresa com ela mesma. A cada recertificação, é possível medir avanços, consolidar práticas e aprimorar o que ainda precisa evoluir. “A recertificação é sobre amadurecimento — ela reconhece quem continua aprendendo.”, Elcio Monteiro 4. Trocas entre empresas aceleram aprendizados Um dos diferenciais do ecossistema Age-Friendly é o espaço de trocas entre empresas certificadas. Durante os fóruns e encontros promovidos pela Maturi, companhias como Sanofi e Volkswagen compartilham experiências, desafios e soluções. Essa colaboração tem gerado novos programas, ideias e conexões que fortalecem toda a rede. “Quando as empresas trocam, todo o ecossistema evolui” 5. Diversidade etária é parte da estratégia, não um projeto paralelo Tornar-se uma empresa Age-Friendly não é sobre um programa pontual, mas sobre incorporar a longevidade como valor estratégico. Como reforçou a Sanofi, uma empresa verdadeiramente diversa é aquela que reflete a sociedade onde está inserida — em idade, gênero, raça e experiências. “A diversidade precisa estar integrada à estratégia, não isolada em um pilar” O encontro com Sanofi e Volkswagen mostrou que o caminho para a maturidade corporativa é feito de aprendizado, comprometimento e cooperação. Cada empresa está em uma etapa diferente do seu roadmap Age-Friendly, mas todas compartilham o mesmo propósito: criar organizações mais humanas, inclusivas e preparadas para o futuro do trabalho. 💡 Quer saber mais sobre a Certificação Age-Friendly e como aplicar esse roadmap na sua empresa? 👉 Acesse agefriendly.com.br
31 de outubro de 2025
Sintomas da menopausa interferem no desempenho de 47% das mulheres