O buraco sem fundo entre o discurso do trabalho para os mais velhos e a prática

Denise Mazzaferro • 25 de junho de 2016

Tratando-se da época em que vivemos, pensarmos na dicotomia entre o discurso político e a prática, poderíamos falar de assuntos como corrupção, política econômica, emprego, crise hídrica, enfim temas onde esta demanda é fundamental para que o avanço do Brasil seja real.


Mas, meu foco está nos desafios e oportunidades que o fenômeno da Longevidade traz para o mundo e também para a sociedade brasileira de forma geral.


Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2012, 810 milhões de pessoas tinham 60 anos ou mais (11,5% da população global), e as previsões são de que o número alcance 1 bilhão antes de 2022 e mais que duplique em 2050: serão 2 bilhões de pessoas idosas ou 22% da população global. Pela primeira vez, teremos mais idosos do que crianças até 15 anos.


Dados atuais, segundo o IBGE, apontam a expectativa de vida do brasileiro subindo 11 anos nas últimas décadas, levando o Brasil para uma realidade demográfica nunca vivida anteriormente. Em 2020 estima-se que a população com mais de 60 anos no País deva chegar a 30 milhões de pessoas e em 2050 a 64 milhões, ou seja, três vezes mais do que os 21 milhões de idosos existentes atualmente.


Esses números nos conduzem a um fenômeno nunca vivido anteriormente na história da humanidade, o qual os americanos denominam “agequake“, terremoto demográfico.


Vários questionamentos existem ao redor deste fenômeno que vão desde como a economia do trabalho irá reinventar-se, como os sistemas de saúde lidarão com pessoas que viverão em condição de saúde bastante frágeis, quais serão os modelos de moradia e serviços que atenderão estas demandas, etc. Enfim, em muitos casos o buraco que menciono nem existe, porque não iniciamos nem o debate, ou seja não existe nem o discurso nem a prática.


O informativo da ABRH Nacional trouxe em janeiro de 2015 esse debate para o universo corporativo em sua matéria A revolução do envelhecimento ativo quando pergunta: “Até que ponto pessoas, empresas e governo – notadamente a Previdência Social – estão preparados para transitar por essa realidade?”


Para Leyla Nascimento, presidente da ABRH-Nacional. “É uma reflexão importantíssima nos dias atuais, quando diz que a associação já se movimenta para desenvolver um projeto de mobilização e debate, que contará com a participação de especialistas do Brasil e do exterior, assim como de empresas e organizações interessadas em apoiar a iniciativa.


O debate mexe com as estruturas sociais e organizacionais, ela completa”.

Rosana Gonçalves de Rosa, diretora da ABRH-RJ, afirma que o ritmo ultraveloz das mudanças operadas pelas inovações tecnológicas praticamente torna obsoletas as palavras aposentadoria e envelhecimento. No lugar delas, a longevidade força todos a pensarem no novo papel do homem na sociedade e na arquitetura empresarial com uma melhor qualidade de vida.


Na outra ponta, ou seja, no dia a dia, vemos a notícia sobre os processos sucessórios de duas gigantes instituições financeiras: o Banco Itaú e o Banco Bradesco. Em 2016 ambos os presidentes deverão ser afastados de suas posições atuais pelas regras da aposentadoria compulsória.


Em ambos os casos todos os candidatos à sucessão possuem mais de 55 anos. Em um dos casos, um dos potenciais sucessores talvez não possa ocupar a posição pois completou 59 anos em 2015, apesar de sua experiência e competência serem pontos fortíssimos para a indicação.


Poderemos assistir neste ano, quais serão os caminhos tomados por duas instituições de tanta representatividade no mundo financeiro e ambas com práticas de RH valiosas.


Está aí um novo desafio: Como chegaremos nas novas práticas de sucessão e de RH? Estamos preparando as empresas e esses executivos para serem sucedidos e construírem um novo projeto de vida? Como não perderemos toda essa experiência que essas pessoas acumularam?

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