Empresas que rompem o idadismo com valorização dos 50+

Silvia Triboni • 15 de abril de 2021

Nesses tempos bicudos saber que há empresas que rompem o idadismo em suas forças de trabalho, e se preocupam em reter seus trabalhadores mais velhos, é, para mim, motivo de renovação de energias e da confiança na humanidade.


Essas boas notícias foram veiculadas em fevereiro deste ano, no site da Next Avenue.org, um organismo social norte-americano, cuja missão é “atender às necessidades e liberar o potencial dos americanos mais velhos por meio do poder da mídia.”


Segundo a Next Avenue, há empresas que se preocupam com a fuga de conhecimento e experiência que decorre das aposentadorias, a ponto de aposentados retornarem ao trabalho após poucos meses de suas reformas.


Este foi o caso de Mike Ungar, 62 anos, que após se aposentar na fabricante de pneus Michelin North America, da Carolina do Sul, EUA, esperava trabalhar como voluntário e passar mais tempo com seu neto de 2 anos de idade. Entretanto, seu afastamento durou apenas cerca de um mês.


Ao saber da oportunidade que a Michelin passou a oferecer aos aposentados, voltou à empresa para atuar em um projeto de seis meses desenvolvendo e conduzindo um treinamento sobre preconceito inconsciente e idadismo. Esse projeto foi motivado posteriormente ao assassinato de George Floyd e protestos Black Lives Matter.

homem maduro faz anotação concentrado. o homem usa óculos de grau, suéter cinza e camiseta branca por baixo.

O Programa de Retorno de Aposentados da Michelin


Ungar está entre as centenas de aposentados da Michelin que fazem parte do Returning Retiree Program da empresa.


Este programa está aberto a todos os aposentados da Michelin, independentemente do cargo, e utiliza as habilidades e experiências dessas pessoas em projetos de curto e longo prazo.


O programa é uma resposta ao envelhecimento da força de trabalho global. Na Michelin, um em cada quatro trabalhadores tem 55 anos ou mais.


Segundo a Next Avenue, “David Stafford, vice-presidente de pessoal e recursos humanos da Michelin nos Estados Unidos, diz que os aposentados da empresa têm “um rico acervo de conhecimentos e habilidades, e ajudam a Michelin a manter uma força de trabalho flexível. Eles geram grandes ideias e experiências, e isso não pode sair pela porta.”


O Programa da Michelin é uma resposta ao envelhecimento da força de trabalho global para atacar o idadismo. Na Michelin, um em cada quatro trabalhadores tem 55 anos ou mais.


David Stafford ainda diz: “Ironicamente, muitas empresas despedem trabalhadores mais velhos, para dar lugar aos mais jovens. Mas, neste processo, eles costumam perder décadas de capital intelectual.”


A teor do que diz Andres Tapia, estrategista de diversidade, equidade e inclusão global da consultoria de gestão Korn Ferry,


“As empresas não medem realmente o valor da propriedade intelectual que reside nesses indivíduos. Eles geram grandes ideias e experiências, e então tudo isso sai pela porta.”


O Programa FlexRetirement na empresa H

erman Miller

A perda de potencial intelectual e humano mencionada pelo estrategista de diversidade Andres Tapia também foi observada e bem conduzida pela empresa fabricante de móveis norte americana Herman Miller.


Já em 2012 e com mais de um terço de seus 8.000 trabalhadores globais com mais de 50 anos, a empresa temendo essa fuga de patrimônio intelectual, lançou em sua unidade de Michigan o Programa FlexRetirement.


Esse programa permite que os trabalhadores com mais de 60 anos experimentem a fase de aposentadoria durante um período de seis meses a dois anos, trabalhando em jornadas reduzidas.


“Deixamos os trabalhadores decidirem quais serão as suas horas de trabalho e quando será a data de término”, diz Kim Chaumillon, vice-presidente de cultura e engajamento da Herman Miller. Até agora, mais de 200 funcionários participaram do programa, incluindo Harris Hof, 65 anos.


A senhora Hof mudou-se para o FlexRetirement na esperança de trabalhar menos horas, mas ainda concluir um projeto na empresa antes de se aposentar totalmente.


“Eu realmente queria ver tudo concluído. Assim que contratem alguém para preencher minha posição, estarei envolvida na orientação dessa pessoa”, disse Hof.


Segundo a Next Avenue, “a Herman Miller também oferece uma variedade de opções de trabalho flexível para funcionários de qualquer idade. Esses programas permitem que os trabalhadores compartilhem empregos, tenham horários flexíveis ou até mesmo tirem licenças sabáticas.”

mulher madura olha atentamente para papéis que estão na sua mão. ela é loira, usa óculos de grau com armação vemelha e camisa social branca

Programas U Work e U Renew na Unilever


Outras empresas estão procurando maneiras de equilibrar as demandas de uma força de trabalho mais envelhecida com os novos requisitos de competência necessários para a empresa.


No ano passado a Unilever, com sede no Reino Unido criou dois programas: U Work e U Renew.


Começou a testar o U Work que permite que os funcionários trabalhem menos horas com remuneração reduzida, e o U Renew, que permite que os trabalhadores tirem um ano sabático para retreinar para atualizarem as suas habilidades para outros empregos se suas habilidades se assim precisarem.


“Temos que melhorar a transição para a aposentadoria”, disse o vice-presidente de recursos humanos da Unilever, Placid Jovar. “Temos que ajudar as pessoas que desejam permanecer por mais tempo no emprego seja porque precisam financeiramente ou porque querem.”


A Unilever agora está testando ambos os programas em cinco países.


Michelin, Herman Miller e Unilever criaram caminhos de valorização e respeito ao legado que deixam os trabalhadores mais velhos, e, assim rompem o idadismo em suas forças de trabalho.


Que seus exemplos de combate ao idadismo sejam seguidos ampla e globalmente. Assim seja!

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