Previsões para 2021: vida e carreira

Walter Alves • dez. 12, 2020

Num momento em que muitos se apegam às previsões para 2021, resolvi dar minha contribuição, começando com uma reflexão: 


Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes – Albert Einstein


Dos lugares-comuns, um dos mais conhecidos é aquele em que se acredita que a mera mudança anual do calendário – de 31 de dezembro para 1º de janeiro – seja capaz de provocar, grandes ou mesmo pequenas, mudanças em nossas vidas.


Sabemos que não é assim. Por experiência vivida ou por ouvir dizer, mas, nestes casos, empirismo e conselhos ficarão para as calendas gregas.


Curiosidade: as calendas – de onde originou a palavra calendário – eram o primeiro dia do mês romano e eram inexistentes no calendário grego, portanto, é uma expressão que indica algo que jamais ocorrerá.


A tentação de esquecer a dura realidade é maior que enfrentá-la, mesmo que, sabidamente, nos deixemos enganar.


Os Réveillons são prova disso. O de 2020, então, nem se fala. As mudanças desejadas para uma nova vida e mentalizadas nos saltos das sete ondas, muito provavelmente não ocorreram por alterações no contexto que não controlamos.


E veio a Covid-19 com sua força arrasadora e incomparável com qualquer hipérbole ou outra figura de linguagem.


É mais provável que daqui para frente os efeitos da pandemia sejam usados como metáfora. Pois, se alguém – visionário, cartomante ou quiromante – nos dissesse que haveria uma pandemia mundial alterando nossas vidas de forma impensável e que, segundo a Wikipedia, mataria em todo o mundo – até 11/12 – 1,6 milhão de indivíduos com mais de 70 milhões de infectados, pouquíssimos acreditariam, e o restante os acusaria de enlouquecimento ou infiltrados de uma organização política ou seita para desestabilizar nossas organizadas e pacatas vidas.


No Brasil, até a mesma data, segundo levantamento parcial do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde, houve mais de 180 mil mortes com mais de 6,8 milhões de diagnósticos positivos.


Em março, quando foi decretado o isolamento social, acreditávamos que, se cumpríssemos o solicitado, em agosto poderíamos sair de casa.


Em junho esta previsão foi alterada para outubro. Agora em dezembro, a suposição é que deveremos nos preparar para continuar a viver em dificuldades, pelo menos, até o final de 2021.


É importante que se diga que este cenário é fruto do crédito que depositamos na vacinação em massa dos brasileiros após confirmações das notícias mais aguardadas dos últimos meses no mundo: as aprovações de vacinas contra a Covid-19.


Mas enquanto em países como a Inglaterra a vacinação iniciou no dia 08/12, aqui, nos demos conta que faltam ao governo brasileiro vacinas, seringas e um plano nacional de vacinação para imunizar os mais de 212 milhões de habitantes – população projetada pelo IBGE, em 11/12/2020.


Leitoras e leitores, temos, pelo menos, um cenário previsto e sem mais o direito de afirmar desconhecimento do que virá pela frente.


Então, como estaremos no próximo ano? Ou melhor, como queremos estar em 2021? O que faremos de nossas vidas e carreiras?


A epígrafe do artigo é perfeita para nosso pontapé inicial. A frase de Albert Einstein desestimula toda e qualquer tentativa de continuarmos a repetir o que não vem dando certo.


Não é o caso de paralisarmos frente ao cenário e muito menos nos manter acreditando que tudo mudará pra melhor na mudança anual do calendário.



A sabedoria não está no pragmatismo absoluto e nem na magia cega. Podemos dosar uma mistura e obter o que chamaremos de pragmatismo mágico e com isso nos organizarmos e planejarmos, minimamente, o ano de 2021. Que tal?


Minha ideia é utilizarmos o princípio do Yin e Yian conceituado como sendo duas forças opostas e complementares que, do equilíbrio dinâmico entre elas, surgem movimentos e mudanças. 


Por certo não conseguiremos planejar todos os nossos passos, pois o próprio princípio nos ensina que ao nos movimentarmos mudanças inesperadas ocorrem e daí a necessidade de nova adequação do planejado.


Como somos, individualmente, diferentes, precisamos, diferentemente viver, nos organizar e nos planejarmos para nossa vida e carreira.


Isto é o contrário da autoajuda que utiliza da mesma receita para qualquer pessoa em variados contextos. Portanto, não adianta tentarmos algo que para minha irmã deu certo ou negarmos o que para meu vizinho deu errado.


Nossa singularidade nos empurra para a busca individual, nos empurra para o autoconhecimento e para os limites do contexto. 


Logo, é preciso arregaçar as mangas pra pensar e decidir o que queremos pra nossas carreiras e o que queremos pra nossas vidas.



E corra, corra, dia 31 já está logo ali.


Compartilhe esse conteúdo

Artigos recentes

Por Contato Maturi 20 mar., 2024
Ser mulher, para mim, é ter muita curiosidade sobre o que é ser homem. Eu sei o que é ter privilégios em um país tão desigual, sei o que é ser branca, ser pessoa sem deficiência e ter intactas as faculdades mentais. O único fator social privilegiado que não conheço é o de ser homem. Só me cabe imaginar. Imaginar o que é ter segurança ao sair de casa sem camisa, de short apertado sem medo da sombra, sem ficar olhando 360 graus para antecipar algum perigo à distância, não ser atacada por olhares invasivos. Como é que deve ser passar por um grupo de homens desconhecidos, juntos numa esquina, e não ter certeza que vão olhar para sua bunda? Como deve ser se juntar com amigos numa esquina à tarde e olhar ostensivamente para bundas que passam? Eu não sei como é sair de casa de dia, em um lugar tranquilo, com a plena segurança de que consegue se defender? Como deve ser nem ter essa preocupação diária. Ir para o trabalho sabendo que pode alcançar cargos de diretor, presidente, gerente, sem se preocupar com barreiras invisíveis e, por isso, intransponíveis. Como deve ser passar a juventude sem medo de engravidar? Não ter qualquer outro plano submetido à maternidade. Não ter ansiedade sobre a dor do parto, algo equivalente à sensação de 20 ossos quebrados todos de uma só vez? Não correr o risco de ter a vida e o corpo implacavelmente alterados por, no mínimo, um ano, independentemente de sua vontade. Algo que pode acontecer apenas porque a natureza quer e deve-se estar alerta aos seus desígnios, sem arbítrio sobre o corpo, a não ser que cometa um crime. Eu não quero dar a entender que a maternidade é ruim, eu adoro ser mãe e há mulheres tristes por não poderem ser. É que eu fico curiosa para saber o que é nem ter esse tipo de preocupação na vida, mensalmente. E esperar feliz a menstruação, algumas vezes acompanhada de dores equivalentes a um infarto. No caso, a hemorragia é externa e junta-se a ela a aflição com calças brancas, estoque de absorventes, datas de viagens à praia e atenção redobrada para não matar algum ser vivo. Fora agir de maneira a ninguém notar que isso tudo está acontecendo. O desejo não acaba com a idade, assim como a curiosidade. Será que a um homem acontece de, em quase toda interação com uma mulher desconhecida, avaliar se está ou não propondo intimidade por atos, palavras ou sinais? Vou dar um exemplo: será que um homem vai fazer as unhas e fica preocupado se a calça está apertada e a podóloga vai se sentir convidada a apalpar seu pênis? Será que um grupo de homens em viagem de carro, que precisem parar à noite em um posto de gasolina suspeito, depois de segurar por quilômetros o xixi, ficam com medo do frentista agarrá-los à força? É esse tipo de coisa que eu queria muito saber. Você pode dizer que, a essa altura da minha vida, eu já sei boa parte do que pergunto. Sim, mulheres da minha idade são objetos de pouca atenção, e a mesma natureza esfrega na nossa cara a indiferença. E é por esse motivo que nem posso saborear o entendimento, já que lido com toda a transformação de uma segunda adolescência. Ao contrário. O turbilhão hormonal acontece de novo, com alterações involuntárias desgastantes, no sentido exato da palavra. Ossos, articulações, cabelos, pele desgastados. Como deve ser a andropausa? Será que ela obriga o homem a se equilibrar entre a tristeza no olhar que vê no espelho e a desonrosa saudade do olhar de desejo dos outros? Não quero diminuir a tensão que envolve o papel dos homens na dança do acasalamento humano; mas será que esse jogo acaba para o homem do mesmo jeito que para a mulher? Porque para nós, antes do fim, o capitão do time te coloca no banco do nada. E você passa de artilheira para gandula, depois de cansar de ficar esperando alguém lhe dar bola. É muito melhor quando são eles que não dão mais conta de jogar e param, não antes de realizar uma última partida festiva com amigos convidados e mulheres na arquibancada, que ainda vão dizer que estão todos bem de cabelo branco. Toda esta minha curiosidade sem fim (diferente deste texto) fica, obviamente, dentro de uma limitação cisgênero e geracional. Pode ser que as jovens de agora não tenham nenhuma dessas perguntas, mas duvido que não tenham outras. E imagino que a mulher atual, com todas as suas manifestações e bandeiras, tenha ainda assim aguçada uma característica que, independentemente de ser um substantivo feminino, une os gêneros. Se existe algo realmente igualitário é a curiosidade.
Por Contato Maturi 15 mar., 2024
No mês em que celebramos a força, a resiliência e as conquistas das mulheres em todo o mundo, é crucial lembrarmos que a jornada da mulher não tem um ponto final aos 40, 50, 60 anos ou mais. Pelo contrário, é uma jornada contínua de crescimento, aprendizado e contribuição, independentemente da idade. Na Maturi, reconhecemos a importância de valorizar e empoderar as mulheres maduras, que trazem consigo uma riqueza de experiência, sabedoria e habilidades únicas. Neste mês da mulher, queremos destacar o papel vital que as mulheres maduras desempenham no mercado de trabalho e a sua potência ainda pouco explorada nos diferentes ecossistemas profissionais. No entanto, quando se fala em Dia Internacional da Mulher, além dos eventos comemorativos ao longo do mês (#8M) pouco se discute sobre a intergeracionalidade das mulheres como um diferencial. Sabe por que? Um dos grandes motivos é a falta de repertório. A Maturi vem tropicalizando nos últimos anos ( saiba mais ) uma data relevante do mês de abril: o Dia Europeu de Solidariedade entre Gerações. É um mês pouco explorado no Calendário da Diversidade de forma geral e que tem total conexão com as estratégias de educar e letrar as pessoas sobre o tema. Qual é a contribuição dos diferentes grupos identitários e de diferentes faixas etárias no ambiente profissional? A diversidade geracional traz uma variedade de perspectivas, ideias e abordagens que enriquecem qualquer equipe ou empresa. Em um mundo em constante mudança, onde a tecnologia e as práticas de trabalho evoluem rapidamente, a colaboração entre as gerações é fator crítico de sucesso. As mulheres maduras têm um papel fundamental a desempenhar nesse processo de colaboração, oferecendo não apenas sua experiência profissional, mas também sua capacidade de adaptação e resiliência. No entanto, ainda há desafios a serem superados. Muitas vezes, as mulheres maduras enfrentam maior discriminação no mercado de trabalho do que homens 50+. Um exemplo disso é que, segundo o estudo sobre Etarismo que a Maturi e EY lançaram em 2023, 32% das mulheres que responderam ao levantamento estavam desempregadas há mais de 1 ano enquanto os homens representavam 20%. Já parou para pensar que a interseccionalidade se torna mais cruel para os grupos subrepresentados? Ao comemorar o mês da mulher, te convidamos a refletir sobre o papel crucial das mulheres maduras em suas equipes e a considerarem como podem promover uma cultura de inclusão e colaboração intergeracional. Não se esqueça que essa celebração não pode ocorrer 1x por ano, ou seja, somente no calendário que o mercado reconheça. Recomendamos, fortemente, que inclua o mês de Abril em seu planejamento como um possível mês que represente o pilar de gerações. #valorizeaidade #mulheresmaduras #mulheres50+ #8M #longevidade #maturidade #mesdasmulheres #diversidadeetaria #intergeracionalidade #combateaoetarismo
27 fev., 2024
Entre escolhas e redescobertas, a jornada de transformação da vida pela escrita aos 55
Share by: