O preconceito etário atinge mais as mulheres do que o de gênero

Walter Alves • 15 de dezembro de 2019

 As estatísticas são frequentes e estão disponíveis para quem quiser consultar, nos EUA, as mulheres ganham 80 centavos por dólar que os homens ganham; fazem 2,6 vezes mais trabalho não remunerado que os homens e, se isso continuar assim, elas somente alcançarão a igualdade econômica daqui a 208 anos.


Mas, infelizmente, esses números não captam toda a realidade e nem as experiências vividas pelas mulheres no trabalho. Na prática, o preconceito sofrido pelas mulheres ocorre de várias maneiras diferentes, incluindo aspectos que vão muito além do gênero.


Essa é uma das principais conclusões de uma pesquisa realizada pelo The Riveter, um espaço de coworking com igualdade de gênero nos EUA. De acordo com o relatório, a organização, juntamente com os parceiros Xerox e YouGov, entrevistou 1.550 mulheres estratificadas “por cor ou etnia, profissão e função”.


Uma estatística importante: 58% das mulheres afirmaram que suas “identidades e/ou atributos físicos impactam fortemente suas experiências no trabalho”. Segundo o relatório, e como pode ser visto abaixo, dentre todos os aspectos, a idade foi a resposta mais frequente, desempenhando um papel muito maior que o gênero.


25% – idade

20% – habilidades ou limitações físicas

19% – forma ou tamanho do corpo

17% – gênero

13% – se mãe ou não

11% – cor ou etnia

10% – estado civil


Essas descobertas se baseiam em um número crescente de estudos sobre o efeito do envelhecimento no trabalho.


Vinte e um por cento dos trabalhadores com mais de 40 anos dizem ter enfrentado discriminação relacionada à idade. Os trabalhadores mais velhos têm menos oportunidades de emprego, recebem menos responsabilidade no trabalho, quando não são demitidos de seus empregos.


Enquanto alguns estudos e pesquisas mostram que homens e mulheres são afetados pelo envelhecimento a taxas semelhantes, outros mostram que as mulheres são muito mais afetadas pela discriminação etária.


“O que nosso relatório acrescenta é que perguntamos às mulheres diretamente sobre suas experiências”, diz Amy Nelson, fundadora e CEO da The Riveter, acrescentando que ela e outras pessoas envolvidas na pesquisa ficaram realmente surpresas com a predominância e importância da questão da idade nos resultados.


É claro que a idade é apenas um dos fatores que identificam uma pessoa e, pode ser difícil atribuir claramente os vieses que as mulheres experimentam no trabalho quanto à este item. “Raça, idade, tipo de corpo e outras características não podem ser separadas do gênero”, diz o relatório.


O documento detalha outros resultados da pesquisa do The Riveter, incluindo remuneração desigual, penalização pela maternidade e desequilíbrio entre vida e carreira, mostrando a forma preconceituosa como as mulheres são percebidas no trabalho, sustentando, continuamente, muitas destas desigualdades.



Os autores do relatório sugerem várias maneiras pelas quais as empresas podem tornar os locais de trabalho mais equitativos, no entanto, tudo se resume a ouvir as mulheres, diz Nelson. “Duvido que qualquer uma das soluções em torno dos problemas das mulheres no trabalho precise de uma ideia mirabolante”, diz ela. “Em termos gerais, a solução começa por fazer as perguntas corretas. Não acreditamos que haja muitos locais de trabalho perguntando às mulheres o que elas pensam. E esse é realmente o primeiro passo.”



Compartilhe esse conteúdo

Artigos recentes

4 de novembro de 2025
O último MeetupMaturi de 2025 reuniu duas empresas que vêm se destacando na pauta da diversidade etária: Sanofi e Volkswagen . Representadas por Alexandre Porto, Co-líder do grupo Gerações Conectadas da Volkswagen, e Elcio Monteiro, do Pilar de Gerações+ da Sanofi, as organizações compartilharam suas jornadas no processo de Certificação Age-Friendly Employer, mostrando, na prática, o que significa transformar a cultura organizacional em direção a um ambiente realmente multigeracional. O encontro revelou aprendizados valiosos sobre como as empresas podem evoluir em seus roadmaps age-friendly — da conscientização à implementação de ações concretas. A seguir, reunimos cinco grandes insights dessa conversa inspiradora. 1. A jornada começa conhecendo a realidade geracional da organização Antes de qualquer estratégia, é essencial conhecer a própria realidade geracional. A Volkswagen percebeu que o primeiro passo para se certificar era entender quem são seus colaboradores 50+, onde estão as oportunidades e quais áreas precisavam se envolver mais com o tema. "O primeiro passo é saber onde estamos e com quem estamos. A diversidade etária começa olhando para dentro" 2. Ser uma empresa age-friendly é assumir um compromisso público A Certificação Age-Friendly Employer não é apenas um selo — é um compromisso público de avanço contínuo. Como destacou a Volkswagen, o mais importante é demonstrar, de forma transparente, como a empresa reconhece e valoriza o protagonismo das diferentes gerações. "Mais do que conquistar a certificação, é mantê-la viva no cotidiano da empresa” 3. O que importa é evoluir: a recertificação mede progresso, não perfeição A Sanofi, primeira empresa certificada e recertificada no Brasil, destacou que o processo é uma oportunidade para comparar a empresa com ela mesma. A cada recertificação, é possível medir avanços, consolidar práticas e aprimorar o que ainda precisa evoluir. “A recertificação é sobre amadurecimento — ela reconhece quem continua aprendendo.”, Elcio Monteiro 4. Trocas entre empresas aceleram aprendizados Um dos diferenciais do ecossistema Age-Friendly é o espaço de trocas entre empresas certificadas. Durante os fóruns e encontros promovidos pela Maturi, companhias como Sanofi e Volkswagen compartilham experiências, desafios e soluções. Essa colaboração tem gerado novos programas, ideias e conexões que fortalecem toda a rede. “Quando as empresas trocam, todo o ecossistema evolui” 5. Diversidade etária é parte da estratégia, não um projeto paralelo Tornar-se uma empresa Age-Friendly não é sobre um programa pontual, mas sobre incorporar a longevidade como valor estratégico. Como reforçou a Sanofi, uma empresa verdadeiramente diversa é aquela que reflete a sociedade onde está inserida — em idade, gênero, raça e experiências. “A diversidade precisa estar integrada à estratégia, não isolada em um pilar” O encontro com Sanofi e Volkswagen mostrou que o caminho para a maturidade corporativa é feito de aprendizado, comprometimento e cooperação. Cada empresa está em uma etapa diferente do seu roadmap Age-Friendly, mas todas compartilham o mesmo propósito: criar organizações mais humanas, inclusivas e preparadas para o futuro do trabalho. 💡 Quer saber mais sobre a Certificação Age-Friendly e como aplicar esse roadmap na sua empresa? 👉 Acesse agefriendly.com.br
31 de outubro de 2025
Sintomas da menopausa interferem no desempenho de 47% das mulheres
Pne
Por Contato Maturi 18 de setembro de 2025
5 benefícios equipes com diversidade etária