Quanto mais velhos, mais excluídos!

Walter Alves • 5 de dezembro de 2020

Se a falta de oportunidades de trabalho já era uma realidade antes da pandemia, agora os maturis fazem parte do indesejável grupo dos excluídos, nas poucas vagas existentes e oferecidas pelas empresas. É o que você vai ler nesse artigo, que é também um desafio para todos nós. Acompanhe: 


O IBGE, por meio da Pnad Covid-19, informou que, em outubro, a taxa de desemprego (razão entre o número de pessoas que buscam vagas e a população economicamente ativa) bateu novo recorde na pandemia subindo para 14,1%. O crescimento é mês a mês, quando a pesquisa começou, em maio, o índice estava em 10,7%.


Em números absolutos, a população desocupada chegou a 13,763 milhões de pessoas em outubro. Há que se considerar que, por definição da Organização Internacional do Trabalho (OIT), só é considerado desempregado quem declara estar em busca de trabalho e não encontra.


Mesmo com este grande número de desempregados, o número de ocupados no país cresce desde julho e, em outubro, alcançou 84,134 milhões.


A explicação dos pesquisadores do IBGE por esta, aparente, contradição é que a geração de empregos não tem sido suficiente para os desempregados que, após a flexibilização do isolamento social, tentam voltar ao mercado de trabalho.


Desemprego alto e oferta abaixo das necessidades represadas pela situação econômica brasileira mesmo antes do coronavírus chegar por aqui no começo do ano. 


Portanto, não podemos atribuir somente à pandemia esta condição que deixa tantos sem trabalho, excluídos e em risco social. A incapacidade da economia gerar novas vagas é anterior ao começo de 2020.


Nossa experiência e os dados nos mostram que os efeitos do desemprego não se espalham igualmente pela sociedade brasileira.


Alguns grupos são mais penalizados que outros aumentando o desnível da representação social e ocupação de vagas no mercado de trabalho e emprego. Em outras palavras, alguns grupos sociais são mais penalizados que outros.

pessoas em uma fila, todos estão com máscara

É o caso das pessoas 50+


A Maturi, em março e abril – os 2 primeiros meses de isolamento social -, registrou queda de 80% na busca por trabalhadores. Nos meses de agosto e setembro, houve aumento de 30% na procura em relação a abril, em outubro, a alta chegou a 60%. 


As altas, no entanto, não foram suficientes para sequer se aproximar do mercado de 2019. A procura está 30% abaixo quando se compara 2020 com 2019 no mesmo período.


Mórris Litvak, CEO da Maturi, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, afirmou que “O preconceito com os mais velhos acabou se intensificando na pandemia.


É algo que já existia bem forte no mercado de trabalho, e agora tem essa ‘desculpa’ de as pessoas serem teoricamente grupo de risco – e eu digo teoricamente porque não é todo mundo que tem 50, 60 anos que é grupo de risco. Muito mais que a idade, depende da condição de saúde”.


Engana-se quem acredita que o fechamento do mercado de trabalho, incluindo o emprego, aos 50+ prejudica somente estas pessoas.


A discriminação prejudica a todos. As demissões ou não contratações de profissionais acima de 50 anos causa grandes prejuízos em toda a economia, pois zera ou reduz a renda de mulheres e homens que sustentam famílias vitimando milhões de pessoas além deles e delas próprias.


Ao falar da exclusão destes e destas profissionais durante a pandemia Mórris Litvak, da Maturi, diz que “Eles já são muito afetados pela falta de valorização dos mais velhos no mercado de trabalho.


Com a acentuação disso, além da questão financeira, que afeta logo de cara, também tem o psicológico. Eles ficam com uma baixa autoestima, começam a se sentir inúteis, ficam deprimidos, e isso afeta a saúde”.


Temos pensado e escrito muito sobre o abrandamento desses problemas. Em nossa opinião é necessário um esforço conjunto de governos, universidades, empresas e entidades da sociedade com o objetivo de aumentar as oportunidades de trabalho e emprego por meio da inclusão digital, formação e treinamento em vários setores profissionais com destaque para ciências e tecnologia, criação de programas de mentoria nas empresas, combate ao preconceito etário com o aumento da diversidade nos locais de trabalho.



Acreditamos que estas recomendações, de valorização profissional e social dos 50+, servirão para mitigar este complexo problema dos maturis excluídos.


pessoa madura em frente ao computador, ele está com as mãos unidas em frente ao rosto

A solução definitiva virá com o despertar da consciência social do importante papel que as pessoas mais velhas podem desempenhar nesta fase em que todos clamam por novos valores ao presenciarmos, segundo a Wikipedia, a morte de mais de 1,5 milhão de pessoas pela Covid-19 e mais de 65 milhões de infectados pelo novo coronavírus.


Lutamos contra um vírus e a favor da volta de oportunidades de trabalho 50+, para que enfim, possamos sair da fila dos excluídos da sociedade.



Compartilhe esse conteúdo

Artigos recentes

Por Contato Maturi 4 de novembro de 2025
O último MeetupMaturi de 2025 reuniu duas empresas que vêm se destacando na pauta da diversidade etária: Sanofi e Volkswagen . Representadas por Alexandre Porto, Co-líder do grupo Gerações Conectadas da Volkswagen, e Elcio Monteiro, do Pilar de Gerações+ da Sanofi, as organizações compartilharam suas jornadas no processo de Certificação Age-Friendly Employer, mostrando, na prática, o que significa transformar a cultura organizacional em direção a um ambiente realmente multigeracional. O encontro revelou aprendizados valiosos sobre como as empresas podem evoluir em seus roadmaps age-friendly — da conscientização à implementação de ações concretas. A seguir, reunimos cinco grandes insights dessa conversa inspiradora. 1. A jornada começa conhecendo a realidade geracional da organização Antes de qualquer estratégia, é essencial conhecer a própria realidade geracional. A Volkswagen percebeu que o primeiro passo para se certificar era entender quem são seus colaboradores 50+, onde estão as oportunidades e quais áreas precisavam se envolver mais com o tema. "O primeiro passo é saber onde estamos e com quem estamos. A diversidade etária começa olhando para dentro" 2. Ser uma empresa age-friendly é assumir um compromisso público A Certificação Age-Friendly Employer não é apenas um selo — é um compromisso público de avanço contínuo. Como destacou a Volkswagen, o mais importante é demonstrar, de forma transparente, como a empresa reconhece e valoriza o protagonismo das diferentes gerações. "Mais do que conquistar a certificação, é mantê-la viva no cotidiano da empresa” 3. O que importa é evoluir: a recertificação mede progresso, não perfeição A Sanofi, primeira empresa certificada e recertificada no Brasil, destacou que o processo é uma oportunidade para comparar a empresa com ela mesma. A cada recertificação, é possível medir avanços, consolidar práticas e aprimorar o que ainda precisa evoluir. “A recertificação é sobre amadurecimento — ela reconhece quem continua aprendendo.”, Elcio Monteiro 4. Trocas entre empresas aceleram aprendizados Um dos diferenciais do ecossistema Age-Friendly é o espaço de trocas entre empresas certificadas. Durante os fóruns e encontros promovidos pela Maturi, companhias como Sanofi e Volkswagen compartilham experiências, desafios e soluções. Essa colaboração tem gerado novos programas, ideias e conexões que fortalecem toda a rede. “Quando as empresas trocam, todo o ecossistema evolui” 5. Diversidade etária é parte da estratégia, não um projeto paralelo Tornar-se uma empresa Age-Friendly não é sobre um programa pontual, mas sobre incorporar a longevidade como valor estratégico. Como reforçou a Sanofi, uma empresa verdadeiramente diversa é aquela que reflete a sociedade onde está inserida — em idade, gênero, raça e experiências. “A diversidade precisa estar integrada à estratégia, não isolada em um pilar” O encontro com Sanofi e Volkswagen mostrou que o caminho para a maturidade corporativa é feito de aprendizado, comprometimento e cooperação. Cada empresa está em uma etapa diferente do seu roadmap Age-Friendly, mas todas compartilham o mesmo propósito: criar organizações mais humanas, inclusivas e preparadas para o futuro do trabalho. 💡 Quer saber mais sobre a Certificação Age-Friendly e como aplicar esse roadmap na sua empresa? 👉 Acesse agefriendly.com.br
31 de outubro de 2025
Sintomas da menopausa interferem no desempenho de 47% das mulheres
Pne
Por Contato Maturi 18 de setembro de 2025
5 benefícios equipes com diversidade etária