Sevirologia: a arte de fazer acontecer

Regiane Bochichi • 25 de agosto de 2020

Dando de Antares usa seus múltiplos talentos para iniciar projetos sem amarras e com fluidez. O que os maturis têm a aprender com a Sevirologia?


Quem procura por Dando de Antares no Facebook, encontra o perfil do cantor de pagode. Por esse seu lado, poderia fazer sucesso no quadro “Se vira nos 30”, do Domingão do Faustão, da Rede Globo.


Mas não é só isso. Produtor de eventos, universitário, criador de dezenas de projetos de tecnologia e cultura, incluindo uma orquestra de jazz, o empreendedor social tem mudado a vida dos moradores de favela do bairro de Santa Cruz, Zona Oeste do Rio e de outras regiões do Brasil. O seu método de ação ganhou o nome de Sevirologia.


“O que muitos chamam de empreendedorismo, na comunidade é sobrevivência”, comenta Anderson Luis Balbino de Souza, que abandonou o nome de batismo e adotou o apelido. “A maior diferença é que como tenho me virar, me viro com os meus. Transformo o jeitinho brasileiro para o bem de todos”.


Ele segue este viés desde dos 14 anos quando se mudou para São Paulo. Na capital paulista, começou a perceber o valor do trabalho, da disciplina e da autonomia.


Aprendeu, ainda, a trocar a noite pelo dia. Como bom carioca, as madrugadas eram sempre mais animadas e quando acordava, os primos com quem dividia a casa já estavam trabalhando.


Aos 18 anos, o alistamento militar e a saúde da mãe o trouxeram de volta ao Rio e seu primeiro pensamento foi olhar o que poderia fazer pela favela.

homem palestrando

O principal exemplo e fonte de inspiração foi a mãe, motivo do seu retorno. Empregada doméstica, ela vendia revistas, montava excursões para a praia, criava porco e galinhas que comercializava na época do Natal. E ali, notou também que não há idade para arregaçar as mangas e partir para a ação.


“Todo mundo pode fazer algo em qualquer fase da sua vida seja para suprir as necessidades de renda, seja pelo prazer de fazer por você e pelos outros”.


No início dos anos 2000, montou um lava-jato ao lado de um centro comunitário. O negócio não prosperou como imaginava. A demanda de carros era pouca e então, lavava o que aparecia: de sofá a tênis.


Percebeu que os moradores procuravam o vizinho para fazer cópias de documentos. Comprou uma impressora, depois um computador, abriu uma lan house, começou dando aulas de informática e fundou o Centro Revolucionário Inovação e Arte.


O CRIA atende hoje, a jovens entre 8 e 18 anos, oferecendo oficinas de câmera, edição e filmagem de vídeo, noções de programas de design, novas mídias, entre outras modalidades. Foi responsável pela revolução digital de Antares.


Com o Projeto Antena levou o acesso à internet para os moradores. Depois que plantou várias sementes e viu que estava dando frutos, partiu para novos desafios. “Meu negócio é ajudar a tirar as ideias do papel. Quando ela fica grande, caminha sozinha”, conta. “Tem gente que vende sonho, eu compro dos outros”.


Com essa atitude foi um dos homenageados do prêmio Trip Transformadores no ano de 2009.

Conheça a história do Dando de Antares, contada em um dos episódios do projeto Trip Transformadores. Assista o vídeo:

Aos 38 anos, cursa, atualmente, Ciências Sociais, na PUC-RJ. A aproximação com a academia se deu diante da necessidade de estruturar o que vem fazendo e o que tem ensinado de forma oral e muito natural.


As boas práticas se encaixam nas nomenclaturas existentes, mas sua maior preocupação é não se deixar engessar por metodologias e conceitos. E acima de tudo, aplicar o pensamento efetual para se livrar dos obstáculos e procastinação.


Um dos princípios básicos da Sevirologia é menos planejamento e mais ação. O pontapé inicial é ter a ideia e vale qualquer uma, não se preocupando com filtro.


Se não tiver o dinheiro para começar, o crédito pode ser conseguido de maneira simples sem apelar para bancos. Em seguida, é ativar a rede próxima e ir resolvendo os problemas que aparece com os recursos que tem.


As melhorias vão sendo implantadas ao longo do processo e se der tudo errado, ter coragem de mudar de projeto e começar outra vez.


Exemplificando: se quer vender cachorro-quente, procure um posto de movimento. Peça ao padeiro e o açougueiro para oferecer os insumos em consignação.


Veja, localmente, quem tem talento para sucos e faça uma parceira. Peça ao sobrinho que monte o perfil nas redes sociais para promover as vendas. Se traduzimos para o mundo corporativo, estamos de falando de estudo de mercado, investimento, sociedade, marketing, economia circular.


“O objetivo é tudo ser mais fluido. Não se preocupar se chama MVP, protótipo, produto”, explica o pesquisador de desenvolvimento social. “Vai desembaraçando e improvisando sem criar barreiras e quando se deu conta, está feito o negócio e o que é melhor, aproximou outras pessoas, gerou empregos e oportunidades”.


No vídeo abaixo, Dando de Antares fala sobre a Sevirologia nas favelas:

Seguindo essa lógica da Sevirologia, os maturis têm um diferencial competitivo pois alia a experiência a sua vivência para resolver os problemas.


O único erro é ficar preso ao preconceito de ser achar velhos demais para agir. Para Dando, o melhor dos mundos são as equipes transgeracionais. “Os jovens dão dez voltas para ir daqui ali.


Os idosos pensam três vezes antes para não dar as dez voltas. Os dois podem encontrar um caminho para uma única volta e usar outras nove para criar outras paradas. Há uma troca entre a paciência e o imediatismo; entre o mal súbito e o remédio; entre o conhecimento e o autodidatismo”.


Como aconteceu no passado, está bebendo da fonte da ancestralidade, desta vez, paterna. Durante este período de pandemia, mudou de novo de cidade. Foi para Recife cuidar do pai que está doente e precisava de companhia para atravessar a quarentena.


Lá, está pesquisando ferramentas para melhorar a construção civil que ainda é rudimentar; auxilia o primo, proprietário de uma hamburgueria, na distribuição e venda por meio de um aplicativo próprio; estuda, além das aulas on-line, cursos no Instagram; está montado um canal no You Tube para difundir a Sevirologia e claro, faz shows de pagode, paixão que nunca abandonou.


Resumindo: se vira em mil!

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