Como combater o idadismo? Valorizando a sabedoria tanto quanto a juventude

Walter Alves • 1 de agosto de 2018

O sindicato Communication Workers of America (Trabalhadores de Comunicação da América) move uma ação coletiva contra grandes empresas empregadoras dos EUA como Amazon, T-Mobile, Capital One, e Enterprise Rent-a-Car acusados de discriminação a trabalhadores mais velhos.


A ProPublica – agência independente e sem fins lucrativos que faz jornalismo investigativo – mostra que a IBM expulsou mais de 20.000 trabalhadores idosos nos últimos cinco anos. As 150 maiores empresas de tecnologia do Vale do Silício enfrentaram mais acusações de idadismo – preconceito de idade – na última década do que preconceito racial ou de gênero.


Embora o Age Discrimination Employment Act (Lei de Discriminação por Idade no Emprego) de 1967 proíba a discriminação contra pessoas com 40 anos ou mais, pesquisa recente da AARP mostra que dois terços dos trabalhadores – com idade entre 45 e 74 anos – disseram ter sido discriminados.


Isto nos mostra que esforços para aplicar leis não são suficientes para a garantia de direitos. Lembremos que direitos iguais para mulheres, negros, pessoas com deficiência, gays e lésbicas não foram alcançados apenas por meio de mudanças nas leis, mas sim por uma mudança de atitudes que geralmente antecederam a legislação.


Especificamente nas questões contra a discriminação de idade nossa sociedade está muito atrasada. Um paradoxo do nosso tempo é que os baby boomers desfrutam de boa saúde física, estão vibrantes e permanecem no local de trabalho por mais tempo, mas se sentem cada vez menos relevantes.


Eles se preocupam que seus empregadores possam ver suas experiências como mais uma desvantagem do que um ativo relevante. Eles temem tornar-se cada vez mais invisíveis, ou até mesmo descartados.


É comum, especialmente, na indústria de tecnologia, alguém se sentir “velho” aos 35 anos – mesmo que você possa continuar trabalhando em tempo integral até os 75. Estamos vivendo mais, mas o poder está se movendo mais cedo. Uma análise de dados da Harvard Business Review mostrou que a idade média dos fundadores de unicórnios (empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão) é de 31 anos, e a idade média de CEO é de 41 anos (em empresas da S&P 500).


O problema é que muitos desses jovens líderes assumem posições de poder com pouca, ou nenhuma, experiência e muito antes de estarem prontos para administrar empresas em rápido desenvolvimento. Esquecem-se que há uma geração de trabalhadores mais velhos com sabedoria e experiência, conhecimento especializado e capacidade inigualável para ajuda-los na construção destes negócios.


A mudança de atitude, no entanto, não tem de vir somente dos mais jovens. As pessoas mais velhas precisam compreender que do mesmo modo que lhes sobre inteligência emocional, lhes falta inteligência digital.


E que a orientação mútua – entre mais jovens e idosos – casando sabedoria e experiência com curiosidade pode ser um excelente caminho. Com cinco gerações coexistindo no local de trabalho pela primeira vez, é essencial que – todos – adotemos e desenvolvamos mais e novos meios para essa colaboração intergeracional.

Compartilhe esse conteúdo

Artigos recentes

11 de novembro de 2025
O etarismo no ambiente de trabalho pode ser sutil — e, justamente por isso, perigoso. Muitas vezes, ele está embutido em processos, linguagens e práticas que parecem neutras, mas que na prática excluem profissionais mais velhos. O prejuízo não se limita a quem é deixado de fora, mas às empresas, que perdem talento, diversidade e performance. Segundo o relatório Future of Work 2023 , da AARP (American Association of Retired Persons), 2 a cada 3 profissionais 50+ já sentiram discriminação por idade no trabalho. No Brasil, a Pesquisa Maturi (2023 - acesse aqui ) mostra que 9 em cada 10 profissionais maduros estão em busca de recolocação. “Enquanto o tema for abordado como um posicionamento de marca, dificilmente haverá uma transformação genuína na sociedade. Porém, nós entendemos que esse esforço não pode caminhar sozinho pelo setor privado, é necessário que o governo e a sociedade estejam na mesma direção”, comenta Mórris Litvak, CEO e fundador da Maturi. Está na hora de rever práticas e criar ambientes mais inclusivos para todas as idades. A seguir, um checklist para você identificar se o etarismo ainda está presente na sua organização: Checklist: sua empresa está pronta para incluir talentos 50+? 1. Recrutamento e seleção: - Você analisa se profissionais 50+ estão chegando às suas shortlists? - As descrições de vaga evitam termos como “jovem talento”, “recém-formado” ou “perfil júnior”? - O RH considera profissionais maduros para cargos operacionais e estratégicos? 2. Cultura organizacional: - O tema da diversidade etária está incluído nas ações de DEI? - A comunicação interna retrata pessoas de diferentes idades em cargos de liderança? - Existem canais para denunciar qualquer tipo de discriminação? 3. Desenvolvimento e carreira: - Pessoas 50+ têm acesso a programas de formação, capacitação e mentoring? - A empresa promove ações para combater estereótipos sobre envelhecimento? - Há incentivo à troca intergeracional e à valorização da experiência? 4. Gestão de talentos e sucessão: - Profissionais maduros são considerados em planos de sucessão? - Existe um olhar estratégico para manter 50+ na ativa, inclusive com formatos híbridos ou carga horária flexível? 5. Preparação para aposentadoria: - Sua empresa tem programas voltados à transição e à preparação para aposentadoria? - Há políticas para que esse momento não represente exclusão, mas sim reorientação? Passando a limpo Se sua empresa respondeu “não” ou “não sei” para um ou mais itens, já é sinal de alerta. O etarismo estrutural pode estar presente e impactando diretamente a diversidade, a inovação e os resultados da sua equipe. O combate ao etarismo não começa só com treinamentos, mas com uma mudança de mentalidade nos processos mais básicos do RH. Trata-se de enxergar a idade como um ativo estratégico e não como um impeditivo. Já conhece a certificação Age Friendly? O selo Age Friendly Employer reconhece as empresas promotoras da diversidade etária. Atualmente são 19 empresas certificadas no Brasil, organizações que estão na vanguarda das melhores práticas para um ambiente inclusivo para pessoas 50+. Se a sua empresa quer entender como iniciar essa jornada e obter a Certificação Age-Friendly, preencha o formulário para agendar uma reunião com a nossa equipe.
4 de novembro de 2025
O último MeetupMaturi de 2025 reuniu duas empresas que vêm se destacando na pauta da diversidade etária: Sanofi e Volkswagen . Representadas por Alexandre Porto, Co-líder do grupo Gerações Conectadas da Volkswagen, e Elcio Monteiro, do Pilar de Gerações+ da Sanofi, as organizações compartilharam suas jornadas no processo de Certificação Age-Friendly Employer, mostrando, na prática, o que significa transformar a cultura organizacional em direção a um ambiente realmente multigeracional. O encontro revelou aprendizados valiosos sobre como as empresas podem evoluir em seus roadmaps age-friendly — da conscientização à implementação de ações concretas. A seguir, reunimos cinco grandes insights dessa conversa inspiradora. 1. A jornada começa conhecendo a realidade geracional da organização Antes de qualquer estratégia, é essencial conhecer a própria realidade geracional. A Volkswagen percebeu que o primeiro passo para se certificar era entender quem são seus colaboradores 50+, onde estão as oportunidades e quais áreas precisavam se envolver mais com o tema. "O primeiro passo é saber onde estamos e com quem estamos. A diversidade etária começa olhando para dentro" 2. Ser uma empresa age-friendly é assumir um compromisso público A Certificação Age-Friendly Employer não é apenas um selo — é um compromisso público de avanço contínuo. Como destacou a Volkswagen, o mais importante é demonstrar, de forma transparente, como a empresa reconhece e valoriza o protagonismo das diferentes gerações. "Mais do que conquistar a certificação, é mantê-la viva no cotidiano da empresa” 3. O que importa é evoluir: a recertificação mede progresso, não perfeição A Sanofi, primeira empresa certificada e recertificada no Brasil, destacou que o processo é uma oportunidade para comparar a empresa com ela mesma. A cada recertificação, é possível medir avanços, consolidar práticas e aprimorar o que ainda precisa evoluir. “A recertificação é sobre amadurecimento — ela reconhece quem continua aprendendo.”, Elcio Monteiro 4. Trocas entre empresas aceleram aprendizados Um dos diferenciais do ecossistema Age-Friendly é o espaço de trocas entre empresas certificadas. Durante os fóruns e encontros promovidos pela Maturi, companhias como Sanofi e Volkswagen compartilham experiências, desafios e soluções. Essa colaboração tem gerado novos programas, ideias e conexões que fortalecem toda a rede. “Quando as empresas trocam, todo o ecossistema evolui” 5. Diversidade etária é parte da estratégia, não um projeto paralelo Tornar-se uma empresa Age-Friendly não é sobre um programa pontual, mas sobre incorporar a longevidade como valor estratégico. Como reforçou a Sanofi, uma empresa verdadeiramente diversa é aquela que reflete a sociedade onde está inserida — em idade, gênero, raça e experiências. “A diversidade precisa estar integrada à estratégia, não isolada em um pilar” O encontro com Sanofi e Volkswagen mostrou que o caminho para a maturidade corporativa é feito de aprendizado, comprometimento e cooperação. Cada empresa está em uma etapa diferente do seu roadmap Age-Friendly, mas todas compartilham o mesmo propósito: criar organizações mais humanas, inclusivas e preparadas para o futuro do trabalho. 💡 Quer saber mais sobre a Certificação Age-Friendly e como aplicar esse roadmap na sua empresa? 👉 Acesse agefriendly.com.br
31 de outubro de 2025
Sintomas da menopausa interferem no desempenho de 47% das mulheres