O Consumidor Maturi e sua importância para a Economia da Longevidade

Silvia Triboni • 29 de outubro de 2020

Você está ciente do seu poder como consumidor maturi? Vou explicar como usar isso a nosso favor, no artigo a seguir. Saiba tudo sobre a economia da longevidade:


- Que o mundo está envelhecendo todos já sabemos.

- Que as crianças dos países desenvolvidos nascidas hoje poderão ultrapassar os 100 anos, não é nenhuma novidade, nem mesmo o fato de que nós, os maturis de hoje, temos uma boa chance de vivermos até os 90 anos, ou mais, e com boa saúde.


Entretanto, o que ainda precisa ser amplamente divulgado, e interiorizado nas mentes de empreendedores e de toda a sociedade, é a importância que o Consumidor Maturi representa para a Economia da Longevidade.


Que fique entendido, portanto, que deixamos de pertencer a um segmento menor e ignorado da sociedade para nos tornarmos uma parte extremamente importante e vibrante de nossa economia.


Nós demos origem à chamada Economia da Longevidade.


Economia da Longevidade – “o maior mercado do século XXI”


Estamos a tratar do “maior mercado do século XXI”, e a terceira área mais estratégica da economia mundial.


Para além de nos sentirmos jovenstransformamos a nossa longevidade em um ativo para a sociedade na medida em que demandamos mais produtos e serviços que nos proporcionem dias cada vez melhores. Esta nossa dinâmica fomenta a expansão de diversos setores do mercado.


Agora é fundamental que se construa um novo entendimento das realidades fisiológicas, cognitivas, sociais, familiares e psicológicas do público sênior.


um homem segura um cartão e digita algo no teclado do notebook. só aparece suas mãos e os objetos na imagem.
maturis conversam atrás de uma mesa olhando para um tablet

O Consumidor Maturi e a sua importância para a Economia da longevidade


Um relatório da KPMG de 2017 sobre consumidores online em 51 países revelou que os baby boomers gastam mais por meio desse canal – uma média de US$ 203 por transação – em comparação com os millennials, conhecidos como “nativos da tecnologia”. Este último grupo é o que menos gasta, com uma média de US$173 por transação.


Atualmente, o maior mercado para a “economia de longevidade” é o Japão, a nação que mais rapidamente envelhece no mundo.


A cultura japonesa moderna adaptou-se às necessidades diárias da sua população envelhecida, e implementou ideias que envolvem desde pequenas conveniências, como, por exemplo, o fornecimento de óculos nas agências dos correios, bancos e hotéis para facilitar ao idoso a leitura de letras pequenas, até grandes soluções estruturais nas cidades, como a colocação de botões especiais nas faixas de pedestres os quais, quando pressionados, permitem mais tempo para o idoso atravessar a rua.


A produtividade dos trabalhadores mais velhos é o “dividendo da longevidade”


Uma grande triunfo da atual longevidade, associado ao excelente nível de saúde que o público mais velho conquistou, é a liberdade de poder trabalhar.


Quando os trabalhadores vivem vidas mais saudáveis e mais longas, surge o que a empresa de consultoria Deloitte chama de “dividendo da longevidade”.


Ou seja, a produtividade econômica dos trabalhadores mais velhos atinge níveis superiores aos anteriores registrados. Na Alemanha, manter os trabalhadores mais velhos no emprego é uma questão de estabilidade econômica nacional. Mais de 21% da população alemã tem mais de 65 anos.


De acordo com a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicoface os avanços na saúde e o aumento da expectativa de vida, espera-se que um alemão de 65 anos viva, em média, ainda mais 20 anos.


No entanto, devido à natureza fisicamente exigente da indústria transformadora alemã, manter os trabalhadores nas fábricas até a aposentadoria é um grande desafio.


 Cientes desta ameaça, algumas empresas já promovem as adequações necessárias e adaptam suas plantas industriais para criar espaço para os trabalhadores mais velhos e assim mantê-los ativosPor exemplo, na fábrica da Porsche em Leipzig, implementaram medidas ergonômicas e novos jornadas de trabalho para o conforto e preservação do trabalhador maturi. Normalmente operam em turnos de uma hora e giram de estação em estação ao longo do dia.


“A rotação entre as diferentes etapas de fabricação ajuda a evitar tensões. Além disso, ajustes de processos e componentes, limites de força, espaços de trabalho com altura ajustável, dispositivos de manuseio e sistemas de suporte, evitam a sobrecarga física”, diz Alissa Frey, especialista em ergonomia da Porsche em Leipzig.


mulheres maduram se exercitam em frente a praia

Uma ameaça ou uma vantagem?


Agora, se o aumento da longevidade é uma ameaça ou uma vantagem para uma nação, tudo vai depender de como as sociedades se prepararão para os desafios colocados pelo envelhecimento, e de quão hábeis serão a identificar e maximizar os benefícios que a vida longeva traz.


 “Os baby-boomers representam uma nova geração”, diz Coughlin. “Embora já não sejam jovens, se sentem jovens. Não só esperam, como em muitos casos exigem novos produtos, novos serviços e novas experiências, para tornar cada etapa da vida, se não todos os dias, cada vez melhor.


De nossa parte, os maturis, deixamos claro que estamos cientes do valor do nosso poder de consumo, e de produção de valor, ao equilíbrio econômico de nosso país.


 Estamos dispostos a trabalhar com o setor empresarial, líderes e formuladores de políticas públicas, a fim de que conceitos errôneos sobre o envelhecimento sejam desfeitos, e sejam ressaltados os valores que os brasileiros mais velhos trazem à nossa economia.


Juntos, poderemos forjar um caminho que nos permita aprimorar e expandir o novo paradigma da Economia da Longevidade, e assim garantir um futuro de muitas vantagens para o nosso mundo maturi.


Mãos à obra!


Gostou desse artigo? Comente abaixo. Gostaria de saber o que você pensa sobre economia da longevidade.

Mercado Maturi e crescimento do PIB


A fortaleza existente neste segmento de mercado é tão patente que já fez países como a China, Japão, Austrália, Holanda, França e Irlanda estabelecerem uma estratégia de desenvolvimento para a economia da longevidade, assumindo-a como um dos pilares estratégicos do crescimento do PIB – Produto Interno Bruto.


Igualmente na União Europeia, é uma área de especial importância, a merecer recomendações para investimentos estratégicos, tendo em vista o impacto que causa no PIB de seus estados-membros (seja em déficit como na geração de receitas).


Segundo estimativa do Bank of America Merrill Lynch (banco de investidores e de serviços financeiros), o mercado mundial relacionado às pessoas mais velhas movimenta, hoje, nos Estados Unidos, cerca de US$ 7,1 trilhões ao ano, a justificar a sua colocação como a terceira maior atividade econômica do mundo.


Economia da Longevidade como política pública


A Economia da Longevidade surgiu no final da década de 70, no Japão, com o nome “silver economy”. Segundo o Professor Doutor Jorge Félix. “O Japão, por ser uma nação muito mais envelhecida, logo houve a percepção da formação do novo mercado”.


Jorge Félix foi o primeiro pesquisador brasileiro a estudar a “Economia da Longevidade“. Doutor em Ciências Sociais e mestre em Economia Política (PUC-SP), é também professor de Gerontologia da Universidade de São Paulo, pesquisador (CNPq) e especialista em envelhecimento populacional.


Em seu livro Viver Muitode 2011, Dr. Jorge possibilita ampliar-se a visão sobre o envelhecimento, destacando-se as consequências desse fenômeno e os desafios socioeconômicos que se apresentam para um Brasil cada vez mais envelhecido.


Para o pesquisador, o Brasil ainda necessita da criação de uma estratégia que envolva todos os participantes do setor, como acontece em países europeus.


O governo francês, exemplifica o Professor Félix, fundiu o Ministério da Indústria e da Ação Social para que as tecnologias pudessem estar mais próximas das áreas acadêmicas, a favorecer o mercado da longevidade.

França foi o primeiro país a institucionalizar a economia da longevidade como política pública.”


O mercado deve saber o que nós realmente queremos e precisamos


Demonstrar o que os idosos realmente desejam e destruir mitos sobre o envelhecimento, são apenas alguns dos enfoques de Joseph F. Coughlin, em sua obra The Longevity EconomyUnlocking the World’s Fastest-Growing, Most Misunderstood Market


Neste livro, Coughlin fornece elementos para que líderes de negócios atendam a ambiciosa e desafiante população sênior.


Cada vez mais a contínua ambição individual e profissional do idoso, o seu desejo por novas experiências e a sua busca por autoatualização constante, estão construindo uma visão surpreendente e inédita de uma vida mais longa que poucos empresários conseguem entender.


Joseph F. Coughlin, PhD, é fundador e Diretor do Massachusetts Institute of Technology AgeLabCoughlin é uma das 100 pessoas mais criativas do mundo segundo a Fast Company Magazine.


Wall Street Journal o nomeou um dos 12 pioneiros dos Estados Unidos que trataram sobre o futuro da aposentadoria e do envelhecimento. Ele foi agraciado com o Prêmio Maxwell A. Pollack da Sociedade Gerontológica da América para Envelhecimento Produtivo pela excelência demonstrada em traduzir pesquisas em aplicações práticas e políticas que melhoram a vida de pessoas mais velhas.


Mas, afinal, o envelhecimento global é uma oportunidade ou um problema?


Do ponto de vista governamental, o envelhecimento da sociedade é prejudicial para a saúde econômica de um país, uma vez que reduz a mão de obra e aumenta os encargos para os sistemas de saúde pública.


Tal é a verdade, que na reunião de 2019, do G20, no Japão, o envelhecimento foi sido incluído na pauta de prioridades. Naquele congresso, o governador do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, disse que o envelhecimento da população pode representar “sérios desafios” para os bancos centrais.


Da mesma forma, em relatório recente das Nações Unidas foi destacado que o envelhecimento global traria “pressões fiscais nas próximas décadas, em face da manutenção de sistemas públicos de saúde, pensões e proteção social para os idosos.”


Entretanto Joseph F. Coughlin, acredita que, embora as populações estejam envelhecendo em números significativos, a ideia de “velhice” não deve permitir que se reprimam as oportunidades econômicas.


Ele argumenta que a velhice é uma construção social que não reflete realisticamente como as pessoas vivem após a juventude. Diz que “as empresas devem oferecer o que as pessoas mais velhas realmente querem e não o que a sabedoria convencional sugere que elas precisam.”


 “Não se trata apenas de construir carros para idosos”, diz Coughlin. Mas da criação de serviços de diversão, moda, turismo e viagens agradáveis. 


“É sobre não ser velho. Os mais velhos buscam coisas mais personalizadas, mais focadas no bem-estar, e que facilitam a vida”, complementa o citado professor.



 Embora haja pouca pesquisa disponível sobre a economia da longevidade, o que está claro é que, se as empresas conseguirem aproveitar essa base de consumidores, isso pode significar grandes oportunidades de negócios. Afinal, o grupo etário dos maturis é consumidor nato.


Compartilhe esse conteúdo

Artigos recentes

11 de novembro de 2025
O etarismo no ambiente de trabalho pode ser sutil — e, justamente por isso, perigoso. Muitas vezes, ele está embutido em processos, linguagens e práticas que parecem neutras, mas que na prática excluem profissionais mais velhos. O prejuízo não se limita a quem é deixado de fora, mas às empresas, que perdem talento, diversidade e performance. Segundo o relatório Future of Work 2023 , da AARP (American Association of Retired Persons), 2 a cada 3 profissionais 50+ já sentiram discriminação por idade no trabalho. No Brasil, a Pesquisa Maturi (2023 - acesse aqui ) mostra que 9 em cada 10 profissionais maduros estão em busca de recolocação. “Enquanto o tema for abordado como um posicionamento de marca, dificilmente haverá uma transformação genuína na sociedade. Porém, nós entendemos que esse esforço não pode caminhar sozinho pelo setor privado, é necessário que o governo e a sociedade estejam na mesma direção”, comenta Mórris Litvak, CEO e fundador da Maturi. Está na hora de rever práticas e criar ambientes mais inclusivos para todas as idades. A seguir, um checklist para você identificar se o etarismo ainda está presente na sua organização: Checklist: sua empresa está pronta para incluir talentos 50+? 1. Recrutamento e seleção: - Você analisa se profissionais 50+ estão chegando às suas shortlists? - As descrições de vaga evitam termos como “jovem talento”, “recém-formado” ou “perfil júnior”? - O RH considera profissionais maduros para cargos operacionais e estratégicos? 2. Cultura organizacional: - O tema da diversidade etária está incluído nas ações de DEI? - A comunicação interna retrata pessoas de diferentes idades em cargos de liderança? - Existem canais para denunciar qualquer tipo de discriminação? 3. Desenvolvimento e carreira: - Pessoas 50+ têm acesso a programas de formação, capacitação e mentoring? - A empresa promove ações para combater estereótipos sobre envelhecimento? - Há incentivo à troca intergeracional e à valorização da experiência? 4. Gestão de talentos e sucessão: - Profissionais maduros são considerados em planos de sucessão? - Existe um olhar estratégico para manter 50+ na ativa, inclusive com formatos híbridos ou carga horária flexível? 5. Preparação para aposentadoria: - Sua empresa tem programas voltados à transição e à preparação para aposentadoria? - Há políticas para que esse momento não represente exclusão, mas sim reorientação? Passando a limpo Se sua empresa respondeu “não” ou “não sei” para um ou mais itens, já é sinal de alerta. O etarismo estrutural pode estar presente e impactando diretamente a diversidade, a inovação e os resultados da sua equipe. O combate ao etarismo não começa só com treinamentos, mas com uma mudança de mentalidade nos processos mais básicos do RH. Trata-se de enxergar a idade como um ativo estratégico e não como um impeditivo. Já conhece a certificação Age Friendly? O selo Age Friendly Employer reconhece as empresas promotoras da diversidade etária. Atualmente são 19 empresas certificadas no Brasil, organizações que estão na vanguarda das melhores práticas para um ambiente inclusivo para pessoas 50+. Se a sua empresa quer entender como iniciar essa jornada e obter a Certificação Age-Friendly, preencha o formulário para agendar uma reunião com a nossa equipe.
4 de novembro de 2025
O último MeetupMaturi de 2025 reuniu duas empresas que vêm se destacando na pauta da diversidade etária: Sanofi e Volkswagen . Representadas por Alexandre Porto, Co-líder do grupo Gerações Conectadas da Volkswagen, e Elcio Monteiro, do Pilar de Gerações+ da Sanofi, as organizações compartilharam suas jornadas no processo de Certificação Age-Friendly Employer, mostrando, na prática, o que significa transformar a cultura organizacional em direção a um ambiente realmente multigeracional. O encontro revelou aprendizados valiosos sobre como as empresas podem evoluir em seus roadmaps age-friendly — da conscientização à implementação de ações concretas. A seguir, reunimos cinco grandes insights dessa conversa inspiradora. 1. A jornada começa conhecendo a realidade geracional da organização Antes de qualquer estratégia, é essencial conhecer a própria realidade geracional. A Volkswagen percebeu que o primeiro passo para se certificar era entender quem são seus colaboradores 50+, onde estão as oportunidades e quais áreas precisavam se envolver mais com o tema. "O primeiro passo é saber onde estamos e com quem estamos. A diversidade etária começa olhando para dentro" 2. Ser uma empresa age-friendly é assumir um compromisso público A Certificação Age-Friendly Employer não é apenas um selo — é um compromisso público de avanço contínuo. Como destacou a Volkswagen, o mais importante é demonstrar, de forma transparente, como a empresa reconhece e valoriza o protagonismo das diferentes gerações. "Mais do que conquistar a certificação, é mantê-la viva no cotidiano da empresa” 3. O que importa é evoluir: a recertificação mede progresso, não perfeição A Sanofi, primeira empresa certificada e recertificada no Brasil, destacou que o processo é uma oportunidade para comparar a empresa com ela mesma. A cada recertificação, é possível medir avanços, consolidar práticas e aprimorar o que ainda precisa evoluir. “A recertificação é sobre amadurecimento — ela reconhece quem continua aprendendo.”, Elcio Monteiro 4. Trocas entre empresas aceleram aprendizados Um dos diferenciais do ecossistema Age-Friendly é o espaço de trocas entre empresas certificadas. Durante os fóruns e encontros promovidos pela Maturi, companhias como Sanofi e Volkswagen compartilham experiências, desafios e soluções. Essa colaboração tem gerado novos programas, ideias e conexões que fortalecem toda a rede. “Quando as empresas trocam, todo o ecossistema evolui” 5. Diversidade etária é parte da estratégia, não um projeto paralelo Tornar-se uma empresa Age-Friendly não é sobre um programa pontual, mas sobre incorporar a longevidade como valor estratégico. Como reforçou a Sanofi, uma empresa verdadeiramente diversa é aquela que reflete a sociedade onde está inserida — em idade, gênero, raça e experiências. “A diversidade precisa estar integrada à estratégia, não isolada em um pilar” O encontro com Sanofi e Volkswagen mostrou que o caminho para a maturidade corporativa é feito de aprendizado, comprometimento e cooperação. Cada empresa está em uma etapa diferente do seu roadmap Age-Friendly, mas todas compartilham o mesmo propósito: criar organizações mais humanas, inclusivas e preparadas para o futuro do trabalho. 💡 Quer saber mais sobre a Certificação Age-Friendly e como aplicar esse roadmap na sua empresa? 👉 Acesse agefriendly.com.br
31 de outubro de 2025
Sintomas da menopausa interferem no desempenho de 47% das mulheres