Nossas ideias sobre o envelhecimento podem estar erradas

Walter Alves • 26 de fevereiro de 2020

Novas pesquisas descobrem fatos interessantes e surpreendentes sobre o envelhecimento no local de trabalho.


Trabalhadores mais velhos? Lentos e rígidos. Trabalhadores mais jovens? Entediantes, preguiçosos e alheios ao mundo exterior.


Os estereótipos nos locais de trabalho são abundantes. De acordo com um estudo de 2017 da University of South Australia, um terço dos australianos acredita ter sofrido discriminação etária no trabalho ou enquanto procurava emprego.


Mas o preconceito etário não se manifesta sempre da maneira que esperamos. As pesquisas mais recentes mostram que é hora de repensarmos o tema.


Human Resource Magazine teve informação de algumas descobertas que surpreenderão leitoras e leitores – desde a adaptabilidade de trabalhadores com 65 anos ou mais, até os altos níveis de discriminação a trabalhadores com 40 anos ou menos.


Jovens e lutando para lidar com as mudanças


Um dos mitos mais comuns é que os trabalhadores mais velhos tremem com a perspectiva de mudança, enquanto os jovens a abraçam como um delicioso desafio. No entanto, não é sempre que isto ocorre, de acordo com um estudo de dezembro de 2019 do Centre of Excellence in Population Ageing Research (CEPAR).


De fato, a faixa etária que se considera mais capaz de lidar com as mudanças é a de pessoas com mais de 65 anos. E os menos adaptáveis? Surpresa – as pessoas entre 18 a 44 anos. Quando a mesma pergunta foi feita aos gestores, a faixa etária que se declarou mais adaptável foi a de 45 a 54 anos.


Mas os trabalhadores mais velhos não são adaptáveis apenas às mudanças, eles as estimulam. Isto pode ser comprovado pelo fato que a idade média dos fundadores das startups com grande crescimento nos primeiros cinco anos é de 45 anos, de acordo com uma pesquisa de 2018 da Harvard Business Review.


Isso não significa que o preconceito etário não esteja presente no mundo das startups. A verdade é que o pêndulo deste preconceito oscila nos dois sentidos.


Cerca de 22% dos participantes da pesquisa do CEPAR relataram sofrer preconceito etário. Mas, ao contrário do senso comum, são os jovens que mais sentem isso.


Trinta e cinco por cento das mulheres e 32 por cento dos homens entre 18 e 44 anos relataram tratamento injusto por causa da idade – em contraste com 13 por cento das mulheres e 20 por cento dos homens com idades entre 45 e 54 anos e 6 por cento das mulheres e 20% dos homens com 65 anos ou mais.


A idade é uma construção social


O ditado “você é tão jovem quanto se sente” talvez contenha mais verdade do que poderíamos ter pensado. Pesquisas recentes da empresa de recrutamento Randstad, em Cingapura, apontam que os trabalhadores de 18 a 34 anos acreditam que suas carreiras “ficarão paralisadas” aos 41 anos, em média. Isso é 17 anos antes da idade média da aposentadoria. Sem uma intervenção exitosa, esses jovens trabalhadores correm o risco de ficar entediados, insatisfeitos e frustrados muito cedo.


A pesquisa sugere fortemente que programas sobre o envelhecimento não podem ser destinados somente às gerações mais velhas. Além disso, não é a idade real que afeta o desempenho das pessoas, é a maneira como elas pensam e se sentem sobre isso.


Um estudo de 2018 com 33.751 pessoas da University of Virginia mostra que, normalmente, as pessoas com mais de 25 anos se sentem mais jovens do que são – e a diferença entre a idade cronológica e a idade subjetiva só aumenta com o tempo.


Numerosos estudos demonstram que esse sentimento tem um impacto positivo na vida real, pois tem-se a percepção de uma aparência física mais jovem, de uma memória melhor e de ritmos de caminhada mais rápido.


Nesse sentido, classificar e pré-julgar os funcionários de acordo com as categorias “jovem”, “meia-idade” e “velho” parece absurdo. Ashton Applewhite, em seu TED Talk Vamos acabar com o envelhecimento, de 2017, disse: “Nós tendemos a pensar que todos habitam um lar de idosos como a mesma idade. Quando, na verdade, estas idades podem variar por quatro décadas… é possível imaginar um grupo uniforme de pessoas com idades entre 20 e 60 anos?”


Onde estão os locais com trabalho inclusivo?


Apesar dos estudos aqui relatados terem arrebentado com os estereótipos etários, muitas organizações na Austrália ainda não são inclusivas no que se relaciona à idade.


Sessenta e cinco por cento dos trabalhadores com idades entre 55 e 64 anos e 42 por cento dos trabalhadores mais jovens relataram que “vagas com foco específico em funcionários de diferentes idades” não estão disponíveis nas organizações em que trabalham, de acordo com a pesquisa do CEPAR.


De acordo com um estudo de 2018 realizado pelo Australian Human Resource Institute, apenas 8% dos entrevistados disseram que seus gestores recebem treinamento para gerenciar equipes com várias gerações. O mesmo estudo constatou que 30% dos empregadores australianos relutam em recrutar trabalhadores acima de uma certa idade – e, para 68% desses empregadores, essa “certa idade” é de 50 anos.


Os empregadores que se enquadram nessa categoria fariam bem em seguir as recomendações do Relatório da Australian Human Rights Commission de 2016, que inclui a necessidade:



  • de compromisso da liderança com um local de trabalho diverso para a idade, incluindo o estabelecimento e o cumprimento de metas voluntárias para o emprego de pessoas mais velhas;
  • de garantir que as políticas de recrutamento e emprego não discriminem pessoas mais velhas;
  • de incentivar o trabalho flexível;
  • de facilitar a transição de trabalhadores mais velhos para outros ramos industriais, funções ou ocupações por meio de treinamento de habilidades já incorporadas e da identificação de novas;
  • de desenvolver formação e treinamento direcionados para líderes e gestores.



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