Longevidade exige reinvenções permanentes

Renato Bernhoeft • 25 de julho de 2018

Ao longo de muitas décadas a grande preocupação que a maioria das pessoas manifestava, quando desenvolvia qualquer raciocínio ou conduta preventiva relacionada ao seu futuro de vida, se concentrava quase que exclusivamente na questão financeira. Ou seja, como preservar seu padrão de vida no envelhecimento e aposentadoria.


No final do século XX esta prioridade foi acrescida por maiores cuidados com a saúde. Campanhas mostrando os riscos de alguns vícios relacionados ao fumo, bebida e drogas ganharam importância. Nesta mesma fase surge a “febre” das academias, os geriatras conquistam algum espaço e consequente aumento de clientes nos seus consultórios.


As manifestações artísticas de maneira geral – teatro, cinema, música, etc. – deram também início à abordagem do tema. Alguns exemplos de filmes são “Cerjeiras em flôr”; “Num lago dourado”;“Lugares comúns”; “Confissões de Schmidt”; “O quarteto”; “E se vivessemos todos juntos”, entre outros.


Mas na medida em que avançamos no tempo, e os índices de longevidade aumentam, é possível perceber que surgem novas necessidades e desafios para tornar este prolongamento da vida saudável. E não apenas nas dimensões financeira e física. É vital considerar vários aspectos da estrutura de um ser humano, e que muitas vezes foram negligenciados pela maioria das pessoas.


Até mesmo no campo financeiro está cada dia mais difícil manter a rentabilidade das reservas. E muitas pessoas também não desenvlveram uma sólida educação financeira.


Equilibrar desejos de consumo frente aos estímulos do mercado tem levado muitos idosos e até pessoas da meia-idade, a cairem em altos índices de inadimplência e desequilíbrio entre receita e despesas.


Para aqueles que foram empregados durante toda a sua etapa de trabalho e entregaram a empresa não apenas os destinos das suas carreiras mas também a adoção de uma identidade corporativa, o choque provocado pela perda do “sobrenome corporativo” pode ser traumático.


Lamentavelmente, em nossa cultura – tanto familiar como educacional – nem sempre as pessoas são estimuladas a se apropriarem da sua vida, carreira e história. Poucos são os autores e personagens da sua existência.

Além de um certo “vazio individual”, nem todos estão preparados para lidar com as novas exigências da vida conjugal, familiar e social.


Separações, suicídios e depressão tem sido bem mais comuns do que se podia imaginar. No âmbito da familia podem ocorrer tanto a “síndrome do ninho vazio”- impacto pela saída dos filhos de casa -, como também filhos despreparados para a vida e que continuam morando, ou até dependendo financeiramente dos pais em idade bastante avançada para os padrões do que se considera um “adulto”.


Encontrar um novo sentido para a vida, preservar a auto-estima, buscar uma carreira alternativa, dedicar-se ao desfrute equilibrado com o trabalho, construir sua própria identidade, estão entre as ações que não podem ser deixadas para quando a aposentadoria ou ruptura do vínculo empregatício chegar.


Nossa experiência com o tema, que teve início no início da década de 80, demonstra que o assunto merece ser tratado com no mínimo dois anos de antecedência.


Mesmo esta ação é muitas vezes um paliativo. O que de fato pode funcionar melhor é tratar do assunto, no máximo, ao chegar a meia-idade.


Enfim, o que estamos querendo dizer é que o tema da longevidade, que exige reinventarse permanentemente, deve ser tratado desde a infância.Como parte da educação familiar.


É algo como raciocinar em termos da medicina numa especialidade que podemos chamar de “pediatria geriátrica”. Ou seja, o processo de envelhecimento se inicia desde o nascimento. Parafraseado Woody Allen, quando diz que “preciso me preocupar com o futuro, pois é lá onde vou viver…”

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