A era dos velhos jovens

Walter Alves • 7 de fevereiro de 2020

As pessoas que completam 65 anos não mais se aposentam e deixam de trabalhar


O ano de 2020 marca a era dos velhos jovens, como os japoneses chamam pessoas com idades entre 65 e 75 anos.


A idade comum de aposentadoria é de 65 anos, idade completada em 2020 para as pessoas nascidas em 1955, na metade do baby boom, período de alta fertilidade nos países ricos após a segunda guerra mundial, de 1946-1964.


Portanto, seria esperado um pico de aposentadoria para os baby boomers nos próximos anos. No entanto, não é o que está acontecendo. Os boomers continuam a trabalhar e mantem-se socialmente engajados acreditando que mudarão o mundo, como fizeram várias vezes antes em diferentes estágios de suas vidas.


Hoje, os velhos jovens são mais numerosos, mais saudáveis ​​e mais ricos do que os idosos das gerações anteriores.


Em 2020, serão 134 milhões de pessoas entre 65 e 74 anos nos países ricos (11% da população), acima dos 99 milhões (8%) de 2000 – a maior taxa de crescimento dentre todas as faixas etárias. A saúde piora com a idade, mas com o desenvolvimento da medicina e da indústria farmacêutica houve um ganho de 3,7 anos na expectativa de vida nos países ricos entre 2000 e 2015, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), deste total 3,2 anos foram desfrutados com boa saúde.


Os velhos jovens também estão mais ocupados. Em 2016 nos países ricos, pouco mais de um quinto das pessoas, entre 65 a 69 anos, trabalhava – número que sobe rapidamente. O trabalho é um dos fatores que ajudam as pessoas a permanecerem saudáveis.


Um estudo alemão concluiu que aquelas que permanecem no trabalho após a idade de aposentadoria conseguem retardar o declínio cognitivo (associado ao avanço da idade) e têm a capacidade cognitiva de alguém um ano e meio mais jovem.


Em suma, os velhos jovens não são apenas um grupo de idosos. Eles estão desafiando os estereótipos de pessoas que usam chinelos nos seus aposentos e cuidam dos netos. Isso muda, também, o conceito sobre estes idosos como consumidores de serviços e produtos.


Os acima de 60 anos são um dos grupos de clientes que mais crescem no setor de companhias aéreas. Os velhos jovens são vitais para a indústria do turismo porque gastam muito mais do que os mais jovens quando tiram férias no exterior.


Eles também estão mudando o setor educacional. Harvard tem mais estudantes em sua Divisão de Educação Continuada (para estudantes maduros e aposentados) do que na própria universidade.


Muitos gestores de RH acreditam que a produtividade diminui com a idade, mas estudos em montadoras de caminhões e no setor de seguros na Alemanha sugerem que os trabalhadores mais velhos têm produtividade acima da média – e que equipes de trabalhadores com várias gerações são as mais produtivas.


Os governos devem ficar mais atentos, nesta situação os gastos públicos em saúde e pensões são inferiores ao projetado, pois as pessoas trabalham mais e precisam de menos cuidados médicos.


Para que tudo isso aconteça, três grandes coisas terão que mudar. Em primeiro lugar e mais importante são as atitudes da sociedade em relação às pessoas idosas e, em particular, sobre a expectativa de que aos 60 e poucos anos as pessoas devam aposentar-se saindo do mercado de trabalho.


Muitas empresas discriminam os trabalhadores mais velhos, oferecendo treinamento apenas aos mais jovens ou limitando-os aos empregos de meio período, e isto precisa mudar. A era dos velhos jovens exigirá que as empresas se tornem mais amigáveis com o idoso e, nesse processo, ajudem a mudar atitudes em relação ao envelhecimento.


Em segundo, as políticas dos governos também terão que mudar. A idade da aposentadoria em muitos países ricos ainda está abaixo da idade que muitas pessoas querem parar de trabalhar. As políticas públicas tornam a aposentadoria uma beira de precipício, quando deveria ser o começo de uma rampa.


E em terceiro, um número maior de pessoas saudáveis ​​exigirá mudanças drásticas nos gastos com saúde. A maioria das doenças do envelhecimento é melhor atendida com mudanças na prevenção e no estilo de vida.


Porém, apenas de 2-3% dos gastos com saúde, na maioria dos países, são destinados à prevenção. Isso terá que aumentar, porque, na próxima década, a de 2030, os jovens velhos atingirão 75 anos e entrarão num longo período de declínio na saúde para o qual poucos países – mesmo os ricos – estão preparados.



Compartilhe esse conteúdo

Artigos recentes

Pne
Por Contato Maturi 18 de setembro de 2025
5 benefícios equipes com diversidade etária
23 de julho de 2025
O MaturiFest, maior festival de trabalho e empreendedorismo 50+ da América Latina, chega à sua 8ª edição de 21 a 23 de agosto de 2025, na UNIP Paraíso, em São Paulo. Promovido pela Maturi, empresa nacional especializada em empregabilidade, desenvolvimento e capacitação de profissionais com mais de 50 anos, o evento será realizado em formato híbrido e marca os 10 anos de atuação da empresa. Nesta edição comemorativa, nomes de destaque como Ana Paula Padrão, Carolina Ferraz e Caito Maia já estão confirmados na programação. Realizado em parceria com o Ministério da Cultura, o MaturiFest propõe uma experiência transformadora que combina aprendizado, prática e conexões com propósito. A programação do MaturiFest inclui painéis, palestras e oficinas práticas com temas essenciais para a reinvenção profissional. Entre os assuntos abordados estão: reinvenção de carreira, metodologias ágeis, inteligência artificial, entrevistas e currículos, marketing digital, finanças, storytelling, redes sociais, LinkedIn, Canva, WhatsApp Business, ESG, validação de ideias e muito mais. Segundo Mórris Litvak, fundador e CEO da Maturi, o festival é um verdadeiro ponto de encontro para quem deseja seguir aprendendo, inovando e se conectando. “O MaturiFest 2025 celebra os 10 anos da Maturi com uma imersão em aprendizado, reinvenção e conexões. Especialistas de diversos setores compartilham tendências, ideias e práticas que inspiram novas possibilidades na vida profissional e pessoal, tudo pensado para quem quer continuar crescendo com propósito e atitude”, comenta o CEO. Um dos grandes destaques deste ano será a MaturiConecta, feira de conexão e empregabilidade 50+, para que profissionais de RH de empresas apresentem como é trabalhar em suas organizações e até mostrem oportunidades e, por outro lado, as pessoas 50+ se inscrevem e se aproximam de organizações que valorizam a Diversidade Etária. Além disso, serão apresentadas novas soluções da Maturi desenvolvidas especialmente para empresas que valorizam a longevidade no ambiente de trabalho. Para fomentar ainda mais o empreendedorismo maduro, o evento contará com o Acelera Maturi, concurso de startups 50+, que terá apresentações de pitches ao longo da programação e premiará o projeto vencedor com R$ 10 mil e 3 meses de mentorias com a Maturi. Também serão lançados dois estudos inéditos, um sobre educação financeira e outro sobre economia circular, ESG e sustentabilidade na maturidade. Outra novidade que será apresentada no festival, é o lançamento da MaturiNegócios, plataforma digital que facilita a troca de produtos e serviços entre empreendedores maduros. A proposta inclui o uso de uma moeda virtual interna, permitindo negociações sem a necessidade de dinheiro físico. Na edição anterior, em 2024, o MaturiFest reuniu mais de 4 mil participantes online e 1.500 presencialmente. Foram 36 oficinas práticas, 28 painéis, 60 horas de conteúdo e a participação de 82 especialistas. Para 2025, a expectativa é ampliar ainda mais o alcance e o debate sobre temas como novas formas de trabalho 50+, mercado prateado, upskilling e reskilling, equidade e inclusão, saúde física e mental, segurança digital e inovação. O festival oferece duas modalidades de ingresso, presencial e online, ambas com versões gratuitas e pagas. O ingresso presencial garante acesso completo a toda a programação, incluindo oficinas práticas, mentorias, palestras e painéis, além da transmissão online e acesso às gravações. Já a modalidade online é voltada a quem acompanha à distância, com acesso à transmissão ao vivo. Assinantes do MaturiClub têm ingresso gratuito, além de acesso às gravações. Mais informações e a programação completa estão disponíveis no site oficial do evento . Serviço: Data: 21 a 23 de agosto de 2025 Horário: das 09h às 19h Local presencial: UNIP Paraíso (Rua. Apeninos, 614, São Paulo – SP) Online: Transmissão online no Youtube da Maturi
11 de fevereiro de 2025
Há cinco anos, comecei a perceber um movimento crescente nas redes sociais: um número expressivo de influenciadores maduros estava se destacando, conquistando audiências engajadas e criando conteúdos autênticos. No entanto, o mercado publicitário ainda os ignorava, concentrando suas atenções quase exclusivamente nos perfis mais jovens. O reconhecimento desse potencial veio de forma natural, através de conversas com esses criadores. Muitos me procuravam dizendo: "Tenho um perfil no Facebook com 200.000 seguidores e quero me expandir nisso. O que devo fazer?" . Ficou evidente para mim que havia um enorme espaço para esses talentos, mas faltava suporte, visibilidade e oportunidades. Foi então que criei o Silver Makers , um hub de marketing de influência totalmente focado em perfis 50+. Nosso propósito sempre foi claro: dar protagonismo aos influenciadores maduros e mostrar ao mercado o imenso valor desse público. Nosso lema reflete essa missão: dar voz, vez e valor ao público sênior! De lá para cá, houve uma verdadeira revolução digital impulsionada por essa nova geração de influenciadores. Com autenticidade, experiência de vida e um olhar único sobre o mundo, eles estão conquistando espaço, quebrando estereótipos e provando que longevidade e tecnologia caminham juntas. A Força dos Influenciadores Maduros no Digital Muito além do entretenimento, as redes sociais se tornaram uma ferramenta essencial para a longevidade ativa. Elas ajudam a combater a solidão, fortalecem a autoestima e possibilitam a construção de novos propósitos. Para muitos, ser influenciador não é apenas um hobby, mas uma profissão que permite compartilhar conhecimento, histórias inspiradoras e ainda gerar renda extra. Com o aumento da expectativa de vida e os desafios financeiros que acompanham a maturidade, a monetização digital se apresenta como uma alternativa viável e necessária. Plataformas como Instagram, YouTube e TikTok permitem que influenciadores maduros criem comunidades engajadas e colaborem com marcas que reconhecem o valor de suas trajetórias. O Que Faz um Influenciador Maduro se Destacar? Os influenciadores 50+ trazem consigo algo inestimável: experiência de vida. Eles passaram por desafios pessoais e profissionais, acompanharam diversas transformações sociais e culturais e, por isso, têm muito a compartilhar. Esse repertório torna seus conteúdos autênticos e valiosos para diversas audiências, desde outros maduros em busca de representatividade até jovens que enxergam neles mentores naturais. Tendências de Conteúdos que Performam Bem Os influenciadores maduros estão se destacando em diversos segmentos, trazendo autenticidade, representatividade e quebrando estereótipos. Alguns formatos de conteúdo que têm grande engajamento incluem: ● Bem-estar e saúde: Rotinas saudáveis, alimentação equilibrada, exercícios físicos adaptados e cuidados com a mente. ● Finanças na maturidade: Estratégias para administrar recursos, organizar a aposentadoria e buscar novas fontes de renda. ● Empreendedorismo e reinvenção profissional: Histórias inspiradoras de quem mudou de carreira ou começou um novo projeto depois dos 50. ● Entretenimento e estilo de vida: Viagens, moda, comportamento e cotidiano, mostrando que a maturidade é uma fase vibrante e cheia de possibilidades. ● Tecnologia e inclusão digital: Criadores que desmistificam a tecnologia, ajudando a reduzir a exclusão digital e incentivando o aprendizado contínuo. ● Celebridades 50+ e o combate ao etarismo: Figuras públicas que usam suas redes sociais para desafiar estereótipos e mostrar uma longevidade ativa e atuante. ● Mulheres e os desafios da maturidade: Cada vez mais influenciadoras falam abertamente sobre temas como menopausa, ajudando sua audiência a lidar melhor com questões antes consideradas tabu. ● Gastronomia afetiva: Perfis de talentos culinários que ensinam receitas deliciosas e resgatam a memória afetiva por meio da comida. ● Conexão intergeracional: Netos que compartilham momentos divertidos com seus avós, valorizando a experiência e a sabedoria da longevidade. Independentemente do nicho, todos esses criadores têm algo em comum: valorizam a maturidade e combatem a visão ultrapassada de uma longevidade frágil e limitada. Eles mostram, na prática, que viver mais também significa viver melhor, com propósito e protagonismo. O Papel das Marcas na Valorização da Experiência As marcas que reconhecem o valor da experiência colhem os frutos de uma comunicação mais autêntica e conectada com um público que tem muito a dizer. O Banco Mercantil tem sido um dos protagonistas desse movimento, investindo no potencial dos influenciadores digitais 50+, apoiando criadores e descobrindo novos talentos. A presença do Banco nesse cenário reforça a relevância desse público e valoriza o protagonismo dos maduros no digital. Porque, assim como eles, o Banco acredita que a experiência inspira, transforma e gera impacto real. Gostou? Leia também: 4 projetos para o público 50+ apoiados pelo Banco Mercantil! ________________________________________ Clea Klouri Sócia do Hype 60+ e fundadora do Silver Makers