Janeiro Branco: precisamos falar sobre saúde mental no trabalho!

Jurandir Siqueira • jan. 19, 2022

A campanha Janeiro Branco quer chamar a atenção para a saúde mental e um dos temas abordados neste mês é a síndrome de burnout. Vamos entender por quê? 


Relações saudáveis são relações que produzem saúde mental. Traduzindo para o mundo do trabalho, isso ganha um peso maior ainda no enfrentamento de distúrbios como a síndrome de burnout, desgaste que prejudica os aspectos físicos e emocionais da pessoa, levando a um esgotamento profissional.

 

Recentemente, a síndrome de burnout foi incluída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na sua Classificação Internacional de Doenças. A origem da palavra “burnout” teve origem nos EUA e significa “chamuscado”. Mas quais são as causas desse distúrbio?


Segundo especialistas em psicologia e saúde mental, a doença se manifesta quando a relação com o trabalho acaba se transformando em estresse, ansiedade e nervosismo intensos. A pessoa se sente levada ao seu limite, físico ou emocional, com sentimentos de cansaço, desmotivação para o trabalho e esgotamento.


Como anda a saúde mental nas empresas


Pesquisa feita pelo Datafolha em 2021, através da plataforma de saúde mental Zenklub, mostrou que 64% dos trabalhadores brasileiros não receberam nenhum benefício de seus empregadores para cuidar da saúde mental.


O levantamento foi realizado presencialmente, entre os dias 2 e 7 de agosto, com 1.197 pessoas que trabalham e têm a partir de 18 anos, de todas as classes econômicas, conforme critérios da PNAD 2019 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Os entrevistados são moradores de 129 municípios, espalhados pelas cinco regiões do país. 


O objetivo da pesquisa foi entender o impacto da pandemia, que começou em março de 2020, na saúde mental dos trabalhadores no país. Embora 64% dos entrevistados não recebam nenhum tipo de benefício para tratar a saúde mental, quando questionados se recursos como terapias online e treinamentos sobre habilidades emocionais podem ajudar a lidar com os impactos da pandemia, 86% disseram que sim.


O Datafolha identificou que 61% dos entrevistados afirmaram ter sobrecarga de trabalho nos últimos 12 meses. Quando questionados sobre os sentimentos que vieram à tona no período, os trabalhadores afirmaram que tiveram ansiedade (66%), exaustão ou muito cansaço (61%), insônia ou dificuldade para dormir (54%) e depressão (26%).

Implicações da saúde mental no trabalho


Um levantamento da Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, apontou que:


  • transtornos mentais e de comportamento são a terceira maior causa de afastamentos nas empresas;
  • entre 2012 e 2016, cerca de 9% dos casos de aposentadoria por invalidez ou acesso ao auxílio-doença foram decorrentes desses quadros;
  • 31% dos auxílios-doença não ligados a acidentes são decorrentes de depressão.


Por isso a campanha Janeiro Branco tem uma grande importância para sensibilizar as empresas em relação aos cuidados que se deve ter com a saúde mental.

O desafio para líderes e gestores com a síndrome de burnout


Em um olhar mais atento da Maturi sobre o tema para construir esse artigo, pedi ajuda à nossa Gerente de Projetos, Fabi Granzotti, que já sofreu com a síndrome de burnout e dá algumas dicas para enfrentar o problema. Acompanhe a seguir:


“Para as organizações, os anos de 2020 e 2021 trouxeram o entendimento definitivo de que cuidar da saúde mental de seus colaboradores é tão importante quanto cuidar da saúde financeira.


A sobrecarga de estresse pode vir de diversas formas, e normalmente ela se torna invisível para nós mesmos. Eu Fabi, passei pela Síndrome de Burnout em um determinado momento de minha carreira, e que foi disparado pelo estresse de não pertencer a um propósito. 


Me vi em uma carreira que já não fazia mais tanto sentido e não havia felicidade nos resultados. Somando-se ao estresse elevado do dia-a-dia, isso foi uma bomba relógio. 


A corporação não percebeu, eu não percebi. Poderia ter sido muito pior se eu não tivesse entendido que a transição de carreira era possível. Hoje tenho um olhar atento a todos os desafios, equilibrando ao máximo todas as áreas da vida, e para me auxiliar neste caminho não abro mão da terapia contínua. 


Por isso, as organizações precisam colocar foco essencialmente em algumas ações: líderes, gestores, RH e os próprios colaboradores entre si, escutando e percebendo. Conhecimento (informação ao máximo), empatia e suporte são os pilares que não podem mais faltar em uma empresa sadia”.


Prevenindo e tratando a síndrome de burnout


O Dr Drauzio Varela indica que mudanças no estilo de vida podem ser a melhor forma de prevenir ou mesmo tratar a síndrome de burnout:


  • conscientizar-se de que o consumo de álcool e de outras drogas para afastar as crises de ansiedade e depressão não é um bom remédio para resolver o problema;
  • avaliar quanto às condições de trabalho estão interferindo em sua qualidade de vida e prejudicando sua saúde física e mental;
  • avaliar também a possibilidade de propor uma nova dinâmica para as atividades diárias e objetivos profissionais;
  • ouvir a opinião de familiares, amigos e colegas: Quem tem burnout, muitas vezes não percebe;
  • não hesitar em procurar ajuda profissional. A saúde mental é tão importante quanto a física.


Janeiro Branco


O Janeiro Branco é uma campanha no mesmo nível das campanhas Outubro Rosa e Novembro Azul. O seu objetivo é chamar a atenção da humanidade para as questões e necessidades relacionadas à Saúde Mental e Emocional das pessoas e das instituições humanas.


Uma humanidade mais saudável pressupõe uma cultura da Saúde Mental no mundo!

Por que Janeiro Branco?


De acordo com o site oficial da campanha: 


Porque, no primeiro mês do ano, em termos simbólicos e culturais, as pessoas estão mais propensas a pensarem em suas vidas, em suas relações sociais, em suas condições de existência, em suas emoções e em seus sentidos existenciais.


E, como em uma “folha ou em uma tela em branco”, todas as pessoas podem ser inspiradas a escreverem ou a reescreverem as suas próprias histórias de vida.


O Janeiro Branco promove palestras, palestras-relâmpago, oficinas, cursos, workshops, entrevistas midiáticas, caminhadas, rodas de conversa e abordagem de pessoas em todos os lugares nos quais as pessoas se encontram: ruas, praças, igrejas, empresas, residências, academias, shoppings, hospitais, prefeituras etc. 


Nesse ano, por causa da pandemia do Covid-19 que continua, a campanha está priorizando espaços abertos e meios online. E, vale dizer, o Janeiro Branco não aborda somente a síndrome de burnout, mas todas as implicações relacionadas à saúde mental. 

Compartilhe esse conteúdo

Artigos recentes

Por Contato Maturi 12 abr., 2024
Alguns anos atrás, começamos a provocar o mercado com a seguinte pergunta: “Por que não tropicalizar a comemoração do Dia Europeu da Solidariedade e Cooperação entre Gerações (29 de abril)?” Agora, chegou o momento da ação: convocar as empresas que pautam suas ações de ESG no calendário da Diversidade, direcionado pelas datas comemorativas, a instituir um período para ter como “o mês de Gerações”. As datas comemorativas são celebradas porque carregam um contexto histórico e cultural significativo. Com a consolidação dos dias e meses através do calendário, tornou-se natural celebrar o passar do tempo. No entanto, mais importante do que apenas marcar essas datas, é refletir sobre o seu significado profundo… Realizar ações apenas em datas específicas do calendário de diversidade não torna uma empresa verdadeiramente diversa, equitativa e inclusiva. Contudo, integrar ações nessas datas também garante uma comunicação coesa de que a empresa está comprometida com a promoção de uma cultura inclusiva para todas as pessoas. A dica é de ouro: você tem duas oportunidades excelentes para isso! - Abril : Por conta do Dia Europeu da Solidariedade e Cooperação entre Gerações (29 de abril), que pode servir como uma excelente oportunidade para iniciar discussões e projetos focados na integração intergeracional. - Outubro : Este mês é marcado por duas datas significativas que tratam da intergeracionalidade: o Dia Internacional da Pessoa Idosa (1º de outubro) e o Dia das Crianças (12 de outubro), além do Dia da Menopausa (18 de outubro). Inserção: Reflexão sobre Dados e Estatísticas Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a população mundial de pessoas com 60 anos ou mais está projetada para dobrar de 12% para 22% entre 2015 e 2050. Isso destaca a necessidade urgente de políticas e práticas que não apenas acomodem, mas também integrem esses indivíduos na força de trabalho. Quando falamos de 50+, no Brasil, segundo o IBGE, já são mais de 56 milhões de pessoas (censo 2022), ou seja, 27% da população atual do país. Em 2040, a FGV estima que metade da força de trabalho do Brasil já seja 50+. Queremos ajudar e encorajar as organizações a refletirem sobre suas políticas e práticas de recrutamento, desenvolvimento e retenção de talentos, garantindo que estejam abertas a todas as idades e que valorizem a diversidade geracional. É possível criar um futuro onde a colaboração entre gerações não seja apenas uma ideia, mas sim uma realidade nos diferentes ambientes de trabalho. Portanto, vamos celebrar o Mês da Integração Intergeracional como um catalisador para a promoção dessa importante causa.
Por Contato Maturi 20 mar., 2024
Ser mulher, para mim, é ter muita curiosidade sobre o que é ser homem. Eu sei o que é ter privilégios em um país tão desigual, sei o que é ser branca, ser pessoa sem deficiência e ter intactas as faculdades mentais. O único fator social privilegiado que não conheço é o de ser homem. Só me cabe imaginar. Imaginar o que é ter segurança ao sair de casa sem camisa, de short apertado sem medo da sombra, sem ficar olhando 360 graus para antecipar algum perigo à distância, não ser atacada por olhares invasivos. Como é que deve ser passar por um grupo de homens desconhecidos, juntos numa esquina, e não ter certeza que vão olhar para sua bunda? Como deve ser se juntar com amigos numa esquina à tarde e olhar ostensivamente para bundas que passam? Eu não sei como é sair de casa de dia, em um lugar tranquilo, com a plena segurança de que consegue se defender? Como deve ser nem ter essa preocupação diária. Ir para o trabalho sabendo que pode alcançar cargos de diretor, presidente, gerente, sem se preocupar com barreiras invisíveis e, por isso, intransponíveis. Como deve ser passar a juventude sem medo de engravidar? Não ter qualquer outro plano submetido à maternidade. Não ter ansiedade sobre a dor do parto, algo equivalente à sensação de 20 ossos quebrados todos de uma só vez? Não correr o risco de ter a vida e o corpo implacavelmente alterados por, no mínimo, um ano, independentemente de sua vontade. Algo que pode acontecer apenas porque a natureza quer e deve-se estar alerta aos seus desígnios, sem arbítrio sobre o corpo, a não ser que cometa um crime. Eu não quero dar a entender que a maternidade é ruim, eu adoro ser mãe e há mulheres tristes por não poderem ser. É que eu fico curiosa para saber o que é nem ter esse tipo de preocupação na vida, mensalmente. E esperar feliz a menstruação, algumas vezes acompanhada de dores equivalentes a um infarto. No caso, a hemorragia é externa e junta-se a ela a aflição com calças brancas, estoque de absorventes, datas de viagens à praia e atenção redobrada para não matar algum ser vivo. Fora agir de maneira a ninguém notar que isso tudo está acontecendo. O desejo não acaba com a idade, assim como a curiosidade. Será que a um homem acontece de, em quase toda interação com uma mulher desconhecida, avaliar se está ou não propondo intimidade por atos, palavras ou sinais? Vou dar um exemplo: será que um homem vai fazer as unhas e fica preocupado se a calça está apertada e a podóloga vai se sentir convidada a apalpar seu pênis? Será que um grupo de homens em viagem de carro, que precisem parar à noite em um posto de gasolina suspeito, depois de segurar por quilômetros o xixi, ficam com medo do frentista agarrá-los à força? É esse tipo de coisa que eu queria muito saber. Você pode dizer que, a essa altura da minha vida, eu já sei boa parte do que pergunto. Sim, mulheres da minha idade são objetos de pouca atenção, e a mesma natureza esfrega na nossa cara a indiferença. E é por esse motivo que nem posso saborear o entendimento, já que lido com toda a transformação de uma segunda adolescência. Ao contrário. O turbilhão hormonal acontece de novo, com alterações involuntárias desgastantes, no sentido exato da palavra. Ossos, articulações, cabelos, pele desgastados. Como deve ser a andropausa? Será que ela obriga o homem a se equilibrar entre a tristeza no olhar que vê no espelho e a desonrosa saudade do olhar de desejo dos outros? Não quero diminuir a tensão que envolve o papel dos homens na dança do acasalamento humano; mas será que esse jogo acaba para o homem do mesmo jeito que para a mulher? Porque para nós, antes do fim, o capitão do time te coloca no banco do nada. E você passa de artilheira para gandula, depois de cansar de ficar esperando alguém lhe dar bola. É muito melhor quando são eles que não dão mais conta de jogar e param, não antes de realizar uma última partida festiva com amigos convidados e mulheres na arquibancada, que ainda vão dizer que estão todos bem de cabelo branco. Toda esta minha curiosidade sem fim (diferente deste texto) fica, obviamente, dentro de uma limitação cisgênero e geracional. Pode ser que as jovens de agora não tenham nenhuma dessas perguntas, mas duvido que não tenham outras. E imagino que a mulher atual, com todas as suas manifestações e bandeiras, tenha ainda assim aguçada uma característica que, independentemente de ser um substantivo feminino, une os gêneros. Se existe algo realmente igualitário é a curiosidade.
Por Contato Maturi 15 mar., 2024
No mês em que celebramos a força, a resiliência e as conquistas das mulheres em todo o mundo, é crucial lembrarmos que a jornada da mulher não tem um ponto final aos 40, 50, 60 anos ou mais. Pelo contrário, é uma jornada contínua de crescimento, aprendizado e contribuição, independentemente da idade. Na Maturi, reconhecemos a importância de valorizar e empoderar as mulheres maduras, que trazem consigo uma riqueza de experiência, sabedoria e habilidades únicas. Neste mês da mulher, queremos destacar o papel vital que as mulheres maduras desempenham no mercado de trabalho e a sua potência ainda pouco explorada nos diferentes ecossistemas profissionais. No entanto, quando se fala em Dia Internacional da Mulher, além dos eventos comemorativos ao longo do mês (#8M) pouco se discute sobre a intergeracionalidade das mulheres como um diferencial. Sabe por que? Um dos grandes motivos é a falta de repertório. A Maturi vem tropicalizando nos últimos anos ( saiba mais ) uma data relevante do mês de abril: o Dia Europeu de Solidariedade entre Gerações. É um mês pouco explorado no Calendário da Diversidade de forma geral e que tem total conexão com as estratégias de educar e letrar as pessoas sobre o tema. Qual é a contribuição dos diferentes grupos identitários e de diferentes faixas etárias no ambiente profissional? A diversidade geracional traz uma variedade de perspectivas, ideias e abordagens que enriquecem qualquer equipe ou empresa. Em um mundo em constante mudança, onde a tecnologia e as práticas de trabalho evoluem rapidamente, a colaboração entre as gerações é fator crítico de sucesso. As mulheres maduras têm um papel fundamental a desempenhar nesse processo de colaboração, oferecendo não apenas sua experiência profissional, mas também sua capacidade de adaptação e resiliência. No entanto, ainda há desafios a serem superados. Muitas vezes, as mulheres maduras enfrentam maior discriminação no mercado de trabalho do que homens 50+. Um exemplo disso é que, segundo o estudo sobre Etarismo que a Maturi e EY lançaram em 2023, 32% das mulheres que responderam ao levantamento estavam desempregadas há mais de 1 ano enquanto os homens representavam 20%. Já parou para pensar que a interseccionalidade se torna mais cruel para os grupos subrepresentados? Ao comemorar o mês da mulher, te convidamos a refletir sobre o papel crucial das mulheres maduras em suas equipes e a considerarem como podem promover uma cultura de inclusão e colaboração intergeracional. Não se esqueça que essa celebração não pode ocorrer 1x por ano, ou seja, somente no calendário que o mercado reconheça. Recomendamos, fortemente, que inclua o mês de Abril em seu planejamento como um possível mês que represente o pilar de gerações. #valorizeaidade #mulheresmaduras #mulheres50+ #8M #longevidade #maturidade #mesdasmulheres #diversidadeetaria #intergeracionalidade #combateaoetarismo
Share by: