É preciso se alimentar corretamente. Por onde começar?

Regiane Bochichi • abr. 13, 2020

 A médica integrativa, Isabelle Dossa, nos ensina a adotar uma dieta saudável para nos ajudar a atravessar a crise.


Manter a saúde em tempos de coronavírus comporta dois elementos importantes e indissociáveis: saúde física e saúde mental. Quando só se fala em doença, uma especialidade da medicina, conhecida como integrativa, ganha importância por sua abordagem mais ampla.


 “A medicina integrativa considera a saúde como um estado geral de bem estar, de qualidade de vida e de vitalidade e não só a ausência de enfermidades”, comenta a médica Isabelle Dossa, que atua na área desde 2013. “Em tempos de coronavírus, essa abordagem permite ter uma melhor imunidade e portanto, mais resistência a contaminação.”


Quem se trata seguindo essa linha, se por acaso for contaminado, pode ter uma vantagem com relação a cura, pois apresentam mais capacidade de enfrentar o efeito sistêmico do vírus e tem menos comorbidades que são motivos de agravamento da COVID -19. 


Para se atingir e manter esse estado, se trabalha de forma conjunta em sete pilares: alimentação e complementação alimentar, exercício físico, sono, luta com estresse cuidado com o relacionamento familiar e social, propósito de vida e espiritualidade. 


“Cada um desses pilares pode e deve ser trabalhado buscando o autoconhecimento e o autocuidado”, explica a especialista formada no Instituto Albert Einstein de São Paulo. “Equilibrar estes pilares reforçam a saúde, o bem estar, a qualidade de vida, a vitalidade, a imunidade, a capacidade de restauração e regeneração.” 

Falando do primeiro deles, é sempre importante adotar e manter uma alimentação ideal, ainda mais na época confinamento e ela consiste em uma alimentação consciente, variada, equilibrada com alimentos frescos, privilegiando frutas e verduras, gorduras de boa qualidade, e diminuindo ao máximo sal, açúcar e produtos processados e ultraprocessados da indústria.


“A dieta ideal é para todos os períodos da nossas vida, é redescobrir a fome e a saciedade, é ouvir seu corpo e não a sua ansiedade, é reencontrar o prazer de comer”, enfatiza Isabelle. O seu conselho é aproveitar a situação atual para redescobrir uma alimentação mais simples e saudável, de dar importância e de cuidar do seu alimento, de testar receitas simples e econômicas, de variar sabores e de cozinhar e comer em família. 

Estando todos em casa, é uma oportunidade, também, para estimular os filhos menores a buscarem o prazer da comida saudável substituindo a junk food que, muitas vezes, entram no cardápio, por causa da correria do dia a dia e da influência dos amiguinhos. Claro que não estamos falando aqui em recusar os salgadinhos e docinhos que muitos gostam, mas de limitar o acesso. A criança, em casa confinada e entediada, pode sentir vontade de beliscar o dia todo. Os pais devem evitar este hábito e limitar o acesso a geladeira tanto para guloseimas como para os refrigerantes.


Na verdade, o melhor é nem armazenar esses itens na dispensa. Um truque é comprar uma vez por semana como ocasião especial , tipo “comida de domingo”. “A solução é substituir por uma oferta de comida de verdade, de frutas, de bolo caseiro de vez em quando” aconselha a médica. “As crianças podem se divertir fazendo receitas a base de frutas, serem estimulados a fazer pratos coloridos. Na internet tem muitos recursos de receitas saudáveis e divertidas”.


Uma outra polêmica que surgiu com o coronavírus é o uso da vitamina D. Após vários estudos e o aval da OMS, entrou no rol como uma das melhores opções para imunidade pois ajuda a diminuir uma enzima (ACE) que facilita a entrada do coronavírus no organismo humano. O recomendado, então, é reforçar o uso da vitamina D3 na forma oleosa e na dosagem certa: de 2.000 a 10.000 unidades por dia, na proporção de 1000 unidades a cada 10kg de peso.


Por fim, embora a situação de isolamento social pode incentivar o sedentarismo e o ganho de peso, não é hora de se submeter a dietas restritivas ou regimes radicais como o jejum intermitente.


O jejum intermitente, adotado de forma correta, e por pessoas treinadas, acabou se tornando uma solução poderosa para aumentar as possibilidades de regeneração e reparação do corpo.


Quem já está acostumado, pode continuar apelando para esta técnica de maneira moderada. Para os que não tem esta prática, a dica é esperar uma ocasião mais estável e por enquanto, cuidar da alimentação de uma forma consciente segura e prazerosa. “Não devemos submeter o organismo que não tem costume a uma situação de estresse .


Desaconselho escolher um momento de crise, de confinamento e de frustrações para começar um prática que pode aumentar o nível de tensão”, afirma ela.



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