A maioria das pessoas vê a Covid-19 como uma crise econômica em primeiro lugar e como risco à saúde em segundo

Walter Alves • mar. 20, 2020
  • Cresce a tensão em todo o mundo pela imprevisibilidade do impacto econômico do coronavírus.
  • Uma nova pesquisa – no Vietnã, China, Índia e Itália – constatou que os entrevistados esperam que o maior impacto em suas vidas seja na área financeira.
  • A ameaça percebida à saúde aumenta com a proximidade a locais de grande circulação.
  • A maioria das pessoas espera que em junho a vida retorne a normalidade, apesar do desenvolvimento da doença mostrar o contrário.


Pessoas veem o coronavírus como uma ameaça maior à economia do que à saúde, sugerem pesquisas recentes. As medidas de mitigação dos efeitos econômicos anunciadas pelos governos parecem que não terão efeito e nem têm efeito calmante.


A pesquisa da IPSOS com 10.000 adultos em 12 países, realizada de 12 a 14 de março, sugere um aumento da ansiedade em relação à situação financeira pessoal, incluindo o trabalho. A percepção de ameaça à saúde aumenta com a proximidade a locais de grande circulação, apesar das medidas de distanciamento social e da proibição de viagens internacionais e mesmo nacionais.


A maioria das pessoas na maioria dos países pesquisados ​​espera impacto financeiro pessoal pela pandemia de coronavírus. Os entrevistados no Vietnã, China, Índia e Itália mostram a maior preocupação.


Que nível de ameaça o coronavírus representa para você pessoalmente?

Dados da IPSOS fornecidos para o Fórum Econômico Mundial


Preocupação crescente com as ameaças ao trabalho ou aos negócios


Além da economia, o público está se tornando mais engajado e preocupado com outras questões em países como China e Itália, mas os norte-americanos “permanecem mais distantes e menos comprometidos”. A reação do público é significativamente afetada pela proximidade a locais de grande circulação sujeitas à Covid-19.

O apoio ao fechamento de fronteiras e à auto-quarentena está presente nas respostas aos entrevistados pela IPSOS e foi mais alto no Vietnã, Índia e Itália e menor no Canadá, Alemanha, França e Reino Unido.


As fronteiras devem ser fechadas?

Apoio ao fechamento de fronteiras – menor apoio na França, Reino Unido, Alemanha e Canadá – devemos fechar as fronteiras do meu país e não permitir que alguém entre ou saia até que o vírus seja comprovadamente contido.


No geral, mais pessoas concordaram fortemente com a auto-quarentena se fossem diagnosticadas com coronavírus.


Ao receber o diagnóstico positivo você se colocaria em quarentena?

Há acordo com a ideia de auto-quarentena, embora a intensidade varie – se recebesse o diagnóstico, me colocaria em quarentena imediatamente por pelo menos 14 dias


Quando se trata da saúde pessoal, os resultados sugerem que as populações de várias nações ainda não percebem a Covid-19 como um sério risco.


Agora, mais pessoas pensam que alguém próximo será infectado pelo vírus, com aumento significativo dessa percepção na Austrália, Canadá, França, Alemanha e Reino Unido. No entanto, enquanto 75% dos entrevistados chineses disseram que pensavam que sua saúde seria “extremamente” ou “muito seriamente” afetada se contraíssem coronavírus, apenas 23% dos entrevistados do Reino Unido e 12% dos franceses disseram o mesmo.


Acha que uma infecção por coronavírus seria muito sério para sua saúde?

A percepção do risco pessoal associado ao vírus na China é notável

Os resultados sugerem, no entanto, um aumento na percepção de ameaça aos países dos entrevistados, com aumentos significativos na França e na Alemanha – e, é claro, na Itália.


Que nível de ameaça você acha que o coronavírus representa para o seu país?

A percepção de ameaça ao país aumentou, especialmente, na França e Alemanha.


Apesar do acompanhamento da mídia sobre a estocagem de alimentos e produtos de higiene e limpeza nas residências, a pesquisa sugere que isto está limitado na Europa e na América do Norte.


No entanto, existem preocupações sobre o que isso pode causar. A estocagem é vista como mais propensa a causar escassez do que as falhas ou interrupções nas cadeias de suprimentos; 89% dos adultos no Reino Unido culpariam a estocagem pela futura falta.


A pesquisa também sugere uma tendência de aumento no comércio eletrônico: 31% dos italianos estão – mais frequentemente – comprando produtos on-line, o que normalmente o fariam em lojas físicas, no Vietnã este mesmo índice é de 57% dos entrevistados, na Índia de 55% e na China de 50%.


Na maioria dos países, a espera é que as coisas voltem ao normal até junho. No entanto, a trajetória da doença e dos novos casos confirmados sugerem que esse não será o caso.


Você espera a volta da normalidade em junho?

A maioria das maioria dos países está otimista de que as coisas voltarão ao normal em junho, apesar das trajetórias que mostram o oposto.


Infelizmente, a pesquisa da IPSOS não incluiu o Brasil entre os países pesquisados. É de enorme importância termos a percepção dos brasileiros – através de dados e informações estruturadas cientificamente – neste momento de grande conturbação social, política, econômica desta crise sanitária da humanidade.


No entanto, é bastante razoável supor que as respostas de nós brasileiros não estariam muito distantes, ou mesmo diferentes, das dadas pelas 10.000 pessoas entrevistas nos 12 países.

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