Walter Alves e sua paixão pela diversidade

Silvia Triboni • jul. 15, 2021

Dia desses escrevi sobre a Família Social, texto em que apresentei argumentos sólidos, na voz de especialistas, que afirmam que “ter amigos é condição essencial para o envelhecimento saudável.” Aprendi, da pesquisa que fiz, o quanto podemos cuidar de nossa saúde integral somente pelo fato de termos, e mantermos, as nossas boas amizades. Por isso, Walter Alves é o tema desse artigo! 


Foi muito bom saber que os vínculos que nos unem às pessoas que escolhemos para fazer parte de nossa história significam muito mais do que risos e congraçamentos – significam fatores de conexão que nos propulsionam para níveis mais altos mental, intelectual e vibratoriamente.


Pura verdade! Verdade que pude constatar, por exemplo, a cada encontro que tive com o meu amigo Walter Alves.


Portador de uma mente aberta e avançada, os diálogos sempre intensos travados com Walter nunca eram pobres ou enfadonhos.


Ao contrário, de cada uma, e de todas as nossas conversas eu saía com a mente enriquecida, e com a alma remexida para que evitasse permanecer por muito tempo em eventual zona de conforto em que estivesse.


Não dava para encerrar uma conversa sem ter a vontade de dar continuidade ao assunto abordado, ou ficar com a mente tranquila como se o papo fora sobre uma banalidade qualquer. O espírito inquieto de Walter era contagiante.


Por todas essas razões, um dia pedi ao meu amigo Walter Alves que gravássemos um de nossos papos, em forma de entrevista, para que ele, brilhante entrevistador, invertesse os papéis e me contasse de sua vida, projetos e sobre a sua forma de ver a Diversidade e a Inclusão. Ele aceitou!


O resultado deste encontro resumo como uma das mais ricas e curiosas falas de Walter. Deste nosso encontro gravado em março de 2021, em vídeo no YouTube, e em um episódio do Spotfy Across Podcast, compartilho trechos para que você, assim como eu, possa conhecer e degustar um pouco mais da energia e brilhantismo de nosso querido Walter Alves.


Walter, o Engenheiro que virou jornalista


Walter Alves foi Consultor Social em Diversidade e Inclusão há 15 anos. Comunicador de excelência, palestrou e facilitou inúmeros workshops, tendo sido o apresentador do programa Trabalho no Futuro da Maturi.


Silvia: Walter, sua trajetória de vida é muito rica e sei só falei um resumo de todo o seu trabalho. Conte mais um pouco sobre você, sobre sua trajetória no trabalho de DEI e como chegou à Maturi.


Walter: Silvia é uma delícia trabalhar com você. Você aí na Europa pode trazer para nós coisas interessantes e tem feito o blog e nossas conversas mais interessantes.


Eu me formei em engenharia mecânica pela Universidade Federal de Uberlândia. Demorei sete anos e meio para fazer a faculdade enquanto que deveria ter sido só cinco.


Esses dois anos e meio ficaram por conta do movimento estudantil, movimento político em que eu fui militar desde muito cedo.


Desde mesmo antes de entrar na faculdade eu já tinha iniciado minha militância política.


Quando sai da Universidade fiz mestrado no Instituto Tecnológico da Aeronáutica em São José dos Campos, mas antes do trabalho final para o mestrado eu larguei tudo e fui trabalhar numa empresa montadora de tratores agrícolas e colheitadeiras.


Trabalhei um tempo e aí fui convidado para atuar no governo da Luiza Erundina, prefeita de São Paulo, do Partido dos Trabalhadores.


Quando sai, depois de 4 anos no governo, já não tinha contato com mais ninguém e as coisas tinham mudado muito.


Então, totalmente perdido, fui fazendo algumas coisas como gerenciar pousada no litoral; trabalhar em uma fábrica em São Caetano; gerenciar lojas; trabalhar com materiais de construção civil, tudo para levar a vida e sobreviver.


Aí, em 97, um amigo jornalista me chamou para ajudá-lo em uma empresa que estava crescendo mas sem estrutura. Foi aí que me aproximei do jornalismo e lá fiquei até 2007.


Foram 10 anos trabalhando com o jornalista mesmo sem ter feito a faculdade de jornalismo. Como estava no começo da internet, a gente buscava nela as notícias, qualificava e as entregava para os clientes sem envolver a redação.


Walter Alves e a sua paixão pelas diferença

homem dá entrevista, ele veste uma camisa de botões rosa e óculos de grau com armação preta

Em 2005 um grupo de amigos me chamou também para fundar uma ONG que até hoje existe. É a Mais Diferenças.


Foi uma honra pois é voltada para a inclusão cultural e educacional de pessoas com deficiência. E aí mesmo sem ter experiência na área eu fui trabalhar com esses amigos.


Havia uma carência de projetos que pensassem a acessibilidade, e eu, com a minha experiência na formação de engenheiro mecânico, tinha condições de entrar nessa área.


Foi aí que estudei muito a questão de acessibilidade comunicacional, de informação com as tecnologias de informação que também estavam se desenvolvendo muito. Foi uma coisa extremamente interessante, pela qual eu me aproximei muito.


Pude enfiar a cabeça também na questão das diferenças e pude observar que a sociedade não é uma coisa só. 


Por mais que a sociedade eleja padrões, há pessoas que não correspondem a esses padrões, ou padrões desejados ou padrões fabricados.


Há os diferentes, e essas pessoas diferentes elas são excluídas da sociedade, e essa exclusão gera uma série de questões individuais para essas pessoas.


Socialmente também é uma perda muito grande, porque nós alijamos pessoas que não seguem um determinado padrão, e essa sociedade vai ficando cada vez mais parecida com algo que de fato não existe porque essas pessoas continuam existindo.


Walter Alves chega à Maturi


Fui gestor da ONG Mais Diferenças, o tempo passou e os projetos foram mudando e em 2012 concordamos que havia esgotado a minha fase de trabalho lá, e eu fui para o mercado na minha formação.


Foi muito interessante pois pude me informar e estudar muito nesse tempo todo, e aí eu comecei a perceber que o mesmo pano de fundo que eu utilizava para poder trabalhar com pessoas com deficiência, havia alguns grupos de pessoas para os quais eu poderia trabalhar porque o que sustentava, e que ainda sustenta tudo isso, é o preconceito.


O preconceito que sofrem as pessoas com deficiência, são os mesmos preconceitos que as negras e os negros, o público LGBT e outros sofrem.


Aí eu comecei a perceber também que começava um movimento com as pessoas que iam envelhecendo. Vi também que havia preconceito grande com as pessoas 50 mais e entendi que eu podia trabalhar com isso, com esse preconceito.


E aí eu me aproximei dos amigos que estavam Iniciando um trabalho em relação a isso e fui aprender mais um pouco, fui estudar a questão do envelhecimento, como é que ela estava acontecendo no mundo. Fui encontrando pessoas, me envolvendo em trabalhos e aí eu me aproximei do Mórris, da Maturi, dentro do movimento.


Aí, Silvia, infelizmente a pandemia interrompeu os encontros que nós fazíamos aqui em São Paulo, para discussão do envelhecimento.


Havia pessoas das mais diferentes possíveis querendo discutir a questão do envelhecimento E isso foi muito interessante porque criava muitas relações, e ao mesmo tempo as questões tinham um tom mais politizado.


Eu acho que tem questões ligadas ao envelhecimento que as empresas podem ajudar a resolver, mas fica difícil a gente pensar que uma empresa vai se meter em questões politizadas.


Não. Não vai não.


Porque ela tá lá vendendo um trabalho para a organização, pra dinamizar alguma coisa, para resolver algum problema organizacional, não é para fazer uma discussão política sobre a situação do envelhecimento da sociedade.


E essas reuniões presenciais, infelizmente foram interrompidas e virtualmente é muito difícil fazer essa discussão.


Entrevistas sobre O trabalho no Futuro que merecem ser reapresentadas


Silvia – Walter em o seu trabalho de entrevistas na Maturi, chamado “O trabalho no futuro” você conversou com pessoas incríveis, super criativas e além do seu tempo. Conte-nos mais sobre este projeto incrível da Maturi.


Walter: Foi uma proposta também que eu levei pro Mórris.

Trabalhávamos em um coworking local onde tinha um estúdio bem montado que a gente podia utilizar por um tempo mensalmente. Apresentei uma proposta interessante e de custo baixo pois a gente não tinha muita grana para poder ter uma produção grande. A gente gravava quatro entrevistas no mesmo dia e eram apresentadas.


Só pessoas interessantes com o pensamento do programa que levava o título O trabalho no futuro. Era uma tentativa de fazer com que essas pessoas falassem como seria o trabalho no futuro quanto ao que faziam, e sobre questões ligadas ao envelhecimento também.


Foram entrevistas com alto executivos que tinham mudado de situação, consultores, médicos, pessoa com deficiência…A característica maior do programa foi justamente abordar a diversidade.


Foram 38 entrevistas em 2019. A gente queria voltar em 2020 com uma segunda temporada e aí veio a pandemia e jogou tudo terra.

homem dando entrevista com camisas de botões branca e óculos com armação preta

A diversidade é uma coisa muito bonita. Eu sou movido por isso!


Sabe Silvia, eu aprendi que a diversidade existe, ela é natural. E se a gente quer trabalhar um pouco com isso a gente pode pensar em controlar a inclusão, mas a diversidade ninguém pode controlar por ser natural.


A diversidade é uma coisa muito bonita. Eu sou movido por isso. Poderia dizer até que tenho paixão por esse reconhecimento. A diversidade é natural e existe desde sempre mas só que ela não foi reconhecida como ela é reconhecida hoje.


Ela já foi vista de outras formas pela humanidade, e isso li em um texto onde fica muito claro. É o exemplo da Torre de Babel.


A Torre de Babel foi trazida pelo Senhor para demonstrar a dificuldade que as pessoas tinham para poder se comunicar. Dentro dos vários espaços dessa torre as pessoas falavam línguas diferentes. É uma diversidade que veio atrapalhar humanidade.


Você se lembra também quando houve uma tentativa de criação de uma língua comum para todos os habitantes da Terra, o Esperanto. E hoje você vê que isso não tem importância mais, porque a gente não quer mais falar a mesma língua a gente quer falar as nossas línguas.


Essa nossa diversidade é boa para as relações pois a deixam muito mais ricas.


Agora o que é muito difícil de ser feito é o exercício de respeito a essas diferenças.


Pessoas que defendem bravamente a questão da diversidade cometem o erro de defender a diferença a partir do ponto de vista delas e quanto que eu acho que se a gente defende essa questão da diferença, e dos diferentes, a gente tem que aceitar mesmo que os diferentes discordem de nós.


Eu acho que a gente tem que trabalhar com reciprocidade, quer dizer: do mesmo jeito que eu aceito as suas questões você também deve aceitar as minhas.


Tem uma outra questão também que eu acho que também que é muito interessante que tem muito ser discutida tem que ser muito bem pensada e é a questão da gente ter interseccionalidades.


Esta questão já foi abordada há muitos anos pelo Banco Mundial que disse: temos políticas para as mulheres, nós temos políticas para os negros e nós temos políticas para as pessoas com deficiência, mas o que é que a gente faz com uma mulher negra com deficiência? quem vai cuidar, quem vai se ocupar dessa figura? e que política chegará para assisti-la?


Ou seja, a gente precisa ver que as questões vão se inter-relacionando. Que a gente não pode fazer um pensamento de políticas públicas a partir de caixinhas fechadas lacradas.


A gente precisa entender essa fluidez, que características se misturam. São questões que estão colocadas para nós que trabalhamos no dia-a-dia com essas discussões.


Você e eu que estamos neste campo que nos permite muita criação.


Empresas com real interesse pela diversidade inclusão etária


Silvia – De sua experiência, quais os perfis das empresas que solicitam consultoria em D&I relativamente às pessoas mais velhos. Em sua opinião, tem havido aumento do interesse dos empresários em promover essa inclusão? Ou esse movimento é “só para inglês ver”?


Walter: Tem de tudo. De tudo, Silvia. Tem muito mais consulta, na realidade. Não sei se é minha forma de trabalhar mas eu sempre levei muito para as empresas que eu atendo eu digo o seguinte: olha os seus problemas vão aumentar, porque toda a inclusão traz uma série de questões que você não teve até agora; que você não abordava; que você não tinha que pensar.


Nós que temos um uma legislação de cumprimento de quotas de pessoas com deficiências, eu nunca me dei é para trabalhar com empresa que só faz pro forma. Eu falava “muito obrigado não é comigo”.


Cheguei em empresas que disseram: “a gente tá precisando de umas duas ou três pessoas com deficiência mais ou menos” Pô! Eu não sou um cara que tem pessoas com deficiência na prateleira. Muito obrigado! Até logo!


Já em relação às pessoas 50 mais, eu acho que começa a ter um grande aumento de consciência da bobagem que é no primeiro momentinho de crise aparente a empresa cortar pela idade. Eu acho que já há uma consciência de que isso é um erro.


Agora é muito fácil você pegar uma pessoa mais velha e colocar para atendimento, no balcão da frente. Assim você tá trazendo pessoas mais velhas mas não tá fazendo de fato um trabalho de inclusão.


Inclusão é não ter corte de idade para contratar para determinado posto. É contratar o melhor que tiver!

Um exemplo as mulheres aqui para nós no Brasil e as mulheres estudam mais e por mais tempo, ou seja em tese são mais bem informadas do que os homens.


O RH do Brasil é oitenta por cento feminino. A área de recrutamento e seleção elas fazem o mais difícil que é contratar a maioria de homens e se você tem mais mulheres na sociedade se as mulheres são mais bem formadas e o que é que você vai contratar um homem que tem menos e que tem uma menor formação?

Isso é cultura organizacional a cultura tradicional ela é machista branca e heterossexual.


Viver é uma coisa muito boa, uma coisa maravilhosa e que é curta, muito curta infelizmente. (Walter Alves)


Silvia: Muito obrigada querido pela grande oportunidade de estar e aprender com você. Walter, gostaria que deixasse umas palavras finais para a nossa entrevista, sendo certo que eu estou extremamente feliz, e que precisamos marcar outro encontro desses.


Walter: Silvia, eu agradeço essa oportunidade de conversar com pessoas que sabem assim como você, que sabem repercutir. Sabem ir além da questão. Porque não é fácil trazer o que nos envolve, o que nos tira do conforto.


Porque assim é isso eu acho que viver é um é uma coisa muito boa, uma coisa maravilhosa e que é curta, muito curta infelizmente.


Pelo menos, para pessoas como eu, a vida precisa ser um pouco mais profunda. Eu busco essa profundidade.

Eu acho que essa profundidade tá ligada a essa disposição da gente afetar e deixar-se afetar. Acho que isso é um ponto muito importante quando a gente compreende a perspectiva humanista da sociedade.


A gente cria muita dificuldade na vida. Fica se preocupando às vezes com muita coisinha pequena, eu acho que nós pessoas que estamos mais velhas já aprendeu, e se não aprendeu perdeu grandes oportunidades de aprender que tem coisas de grande importância., por exemplo essa proximidade que nós temos, essa amizade que nós forjamos. Eu tô à sua disposição.


E sei que a gente pode ser mais profundo, pode ser mais feliz, pode ser mais interessante. Às vezes buscando no outro o que falta em nós, e isso nos preenche quando é feito com amizade, quando é feito com reciprocidade.


Silvia: Essas são palavras por conta justamente da amizade do respeito que eu tenho por você e da nossa complementariedade que só é possível porque a gente tem essa disposição de estarmos juntos e crescemos mutuamente. Muito obrigada, Walter!


Sempre me lembrarei do Walter Alves com muita gratidão e respeito, e quando a saudades apertar o peito assistirei esta nossa “penúltima” conversa, na esperança de um dia a gente se ver por aí em qualquer outra dimensão.



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