Reflexões e Aprendizados do MaturiFest 2023

8 de outubro de 2023

Por Branca Boson

O MaturiFest 2023 aconteceu nos dias 23, 24 e 25 de agosto, em São Paulo, e foi um intensivão de aprendizados. Faço esse sumário de temas trazidos nestes dias, com a pretensão de inspirar outras análises e de mostrar um pouco do que aconteceu para quem não pode assistir. É uma baita tarefa e, por isso, peço compreensão para a dificuldade de resumir tanta coisa que aconteceu no palco da 6ª edição do maior festival de trabalho e empreendedorismo 50+. Algo ficará de fora, com certeza, e por isso pode ser complementado, gerar respostas e, com sorte, controvérsia. Pois, é nesse exercício intelectual que geramos conhecimento, o maior legado do evento.


Definitivamente, o MaturiFest amadureceu. Digo mais, rejuvenesceu! Os painéis e temas discutidos trouxeram aprendizados importantes para os jovens de qualquer idade. Lições como: correr atrás dos sonhos, se manter em movimento, alinhar ações e propósito, manter a mente aberta, derrubar preconceitos e sair, definitivamente, do século 20 não têm idade. 


Os únicos que cito nominalmente são os atores que brilharam também no evento, como Denise Fraga, Heloísa Périssé e o adorado Ary Fontoura. Deste ficou a inesquecível proposta de encarar a frase “fulano é velho demais” com a excelente alternativa ”fulano gosta de viver”. O maturi gosta de viver! Simples assim. E a arte é importante ferramenta de cura, por dar ao humano a sensação de pertencimento. E de cura a Heloísa falou muito bem.


O MaturiFest contou com vários representantes do mundo dos negócios, que trouxeram dicas importantes para aqueles que querem se aventurar nele. Empresas com impacto social são as que encontram as menores barreiras de entrada no mercado, e muitas delas são melhor contornadas se o empreendimento tiver conexão direta com o talento  do empreendedor. Quatro foram as palavras citadas como fundamentais para a atividade empreendedora: resiliência, paciência, conhecimento e network. 


Os aspectos femininos e masculinos na maturidade foram mostrados de forma muito interessante. A menopausa traz para a mulher a noção clara da passagem do tempo, junto ao olhar do outro para o envelhecimento feminino. Além da andropausa ser mais sutil, há maior tolerância para os sinais da idade nos homens, só que isso não impede que, nas empresas, sejam vistos como empecilho ao crescimento dos jovens.


Carreiras verticalizadas e domínio dos altos escalões fazem com que a aposentadoria do homem abra espaço na hierarquia. Ao mesmo tempo que contribuem para os problemas de empregabilidade dos 50+. O resultado da pesquisa feita pela Maturi, junto com a empresa EY, demonstra a lacuna entre a disposição dos profissionais experientes de permanecer no mercado de trabalho e as ações das empresas para incluir esse público. O movimento mais importante, nesse sentido, é a Certificação Empresas Age Friendly, trazida com exclusividade ao país pela Maturi. 


Falando mais sobre homens, foi observada a baixa representatividade do gênero na plateia e nos painéis. Eles parecem não querer falar de amadurecimento. Cuidar da saúde emocional ainda é tabu no mundo masculino, onde só agora se nota maior atenção à saúde física. Conversar a respeito do que é o envelhecer é importante para eles, que sofrem mais sem o devido apoio.


O MaturiFest falou muito sobre preconceito e como, muitas vezes, dificulta o aprendizado e a entrada definitiva no século 21. Vários painéis citaram a mudança de mentalidade (ou mindset) como tarefa fundamental para o momento. A inteligência artificial, por exemplo, deve ser entendida como aliada dos maturis, porque cria a dependência por repertório, nosso maior diferencial. Aí está a conexão com outro assunto tratado: o cuidado com o cérebro. As competências para o futuro dependem dele. As habilidades mais procuradas pelas empresas, nas listas de publicações especializadas, estão relacionadas a ele e, ao mesmo tempo, são características inerentes à maturidade. É preciso alimentar a busca por conhecimento e os especialistas deram seus exemplos pessoais de como criar gatilhos de aprendizado. Um deles é: ao perceber todos à sua volta concordando com os seus pensamentos, encontrando eco para todas as suas opiniões, esse é o sinal para sair da bolha, ir ao encontro do contraditório, e do aprendizado. Para cuidar desse nosso precioso órgão é preciso evitar a infoxicação, ou seja, a intoxicação com informação excessiva e inútil. É importante a curadoria do que consumimos, fazendo escolhas inteligentes do que queremos absorver.



A intergeracionalidade foi bastante citada nos painéis do MaturiFest como imprescindível nos negócios. E cabe ao maturi fazer acontecer, e aos jovens apenas apoiar. Não é mais aceitável esperar das outras pessoas, do poder público ou das empresas essa mudança, mas começar pelos próprios longevos, que precisam alterar profundamente a forma como se veem e como entendem o ambiente a seu redor, encontrando meios de criar a realidade que querem ver. 


A mídia ainda reflete uma imagem estereotipada das pessoas mais velhas. Nas propagandas, são exageradamente aventureiros, ou estão em grupos de pessoas da mesma idade ou em família. São recortes nos quais não se apresentam inseridas de igual para igual, e nem mesmo representando o sucesso de quem viveu tantas fases da vida e continua usufruindo tudo que o mercado tem a oferecer, para além de planos de saúde. 


Breve veremos a consolidação da geração ageless, composta pelas pessoas que não seguem as regras esperadas para a sua idade. A importância da marcação do tempo de vida está em franca decadência, ao passo que qualquer pessoa capaz e ativa vem se tornando fundamental em um planeta com expressivo decrescimento populacional, fenômeno preocupante e, até agora, sem efetivas ações mitigadoras. Será que vamos esperar uma grave crise acontecer, como esperamos em relação a mudanças climáticas? Eu aposto que não.


O que me leva ao imperdível painel da Dona Helina, que do alto de seus 101 anos dá um exemplo maravilhoso de viver bem. Nada mais delicioso do que ver uma maturi assim. Ela diz que a idade nunca foi importante para determinar os passos da sua vida e que o que conta realmente é o autoconhecimento e a capacidade de saber o que nos move, de dentro para fora, e seguir firme na direção que aponta o coração até quando Deus quiser.

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