Maria Cândida: sem idade e sem rótulos
Convidada do painel Influenciadores 50+ da quarta edição do MaturiFest, Maria Cândida conta como é ser uma mulher ageless e atuando em multiplataformas.
Maria Cândida, 50 anos, jornalista e apresentadora de TV. Esta seria a forma mais usual de apresentar a participante do painel Influenciadores 50+, no dia 29, às 15h35 no quarta edição do MaturiFest. Mas não serve para esta convidada.
Maria Cândida é ageless, trabalha em multiplataformas e ao mesmo tempo que está sob o regime da CLT para a Rede Globo é livre para produzir conteúdo, atuar como modelo, dar palestras. Na palestra que dará no festival vai falar sobre esta nova forma de se colocar no mundo e de todas as reflexões que vem fazendo ao longo dos últimos anos.
Há um mês, quando completou 50 anos, quebrou a internet posando nua. “Renasci no caos do mundo atual, mas sem medo de continuar quebrando barreiras, desconstruindo estereótipos de idade e preconceitos”, disse ela ao postar um clique do ensaio no seu perfil no Instagram.
Este renascimento não foi fruto de um clique ou insight. É resultado de uma longa jornada que teve alguns marcos. O primeiro deles foi de agosto a dezembro de 2009, quando comandou o programa 12 Mulheres, nas noites de sábado, na Rede Record, para o qual viajou por vários lugares do mundo como África do Sul, Filipinas, Tailândia, França, Holanda, Finlândia, Lituânia, Peru, México e Estados Unidos. “Esta viagem me mostrou alguns modelos de mulheres, como atuavam, em que estágios de vidas estavam, um outro olhar, não só feminino, que gerou muitos questionamentos”.

Mulheres que Brilham
Na volta, pediu demissão e deixou os holofotes para escrever o livro “Mulheres que Brilham” tendo como base as mais de 144 mulheres que havia entrevistado mundo afora.
Mesmo tendo se planejado e preparado para se tornar uma produtora independente, depois de dois anos estava sem dinheiro e teve que procurar emprego novamente.
“Quando voltei dessa viagem, várias coisas aconteceram: me separei, meu pai teve um acidente trágico da família. Me ferrei absurdamente. O dinheiro que tinha guardado durou uns dois, três anos. Não consegui financiamento para fazer um programa sobre mulheres que queria. Vivi a crise dos 40 com uma filha pequena para criar. Comecei a procurar emprego de novo e o mercado estava bem difícil naquela época. Cheguei a me arrepender, me culpar. Mas, hoje, vejo que foi muito benéfico porque eu cheguei nos 50 muito mais estruturada”.
Sendo uma nativa analógica, o flerte de Maria Cândida com a internet começou de maneira casual e sem dar a devida importância. E aqui temos de voltar um pouco no tempo.
No início dos anos 2000, trabalhou como repórter no Programa do Gugu e lá fez diversas entrevistas internacionais. Entre os entrevistados estão: Richard Gere, Matt Damon, Brad Pitt, Meryl Streep, Sandra Bullock, Tom Hanks, Keanu Reeves entre outros atores de Hollywood. Na TNT, apresentou o Oscar ao lado de Rubens Ewald Filho.
Entre 2004, foi contratada pela TV Record, onde apresentou o programa Tudo a Ver, o Programa da Tarde, o Guinness, o Mundo dos Recordes, e o Melhor do Brasil nas folgas de Márcio Garcia.
Também apresentou matérias especiais para a emissora, no Domingo Espetacular. Esse material acabou indo parar no YouTube sem qualquer cuidado ou pretensão. Abriu seu perfil no Twitter de 2010 que está lá até hoje, pois é uma rede que não trabalha.
“Eu consigo entender assim a minha reformulação. Me classifico como uma mulher multiplataforma que vem lá dos 40 anos que foi o começo da transformação, da minha visão de outras possibilidades. Porque até então, eu só acreditava que existia caminho pela televisão. A internet foi muito fundamental para essa minha revolução”.
O casamento entre as mídias se firmou entre 2017 e 2019, quando apresentava o “Manhã Leve”, na TV Aparecida, emissora local de nicho católico.
Para chamar a audiência, postava nas redes sociais, as entrevistas, os bastidores, curiosidades e uma coisa puxava a outra. “A TV alavancava a internet e vice-versa. Percebi que eu podia pegar um celular e fazer vídeo. Foi uma libertação. Comecei a entender o poder do YouTube, a força da minha imagem e liberdade de ter o meu próprio canal”.
Tanto que finalizou seu contrato com a TV em 28 de janeiro de 2019 e em 4 de fevereiro, estreou o seu canal definitivo no YouTube.
Se assumiu como influencer digital a ponto do que estava fazendo chamar atenção de uma diretora da TV Globo que a convidou para levar o formato para a TV e, no mesmo ano, se torna repórter do programa “É de Casa”, que vai ao ar aos sábados pela manhã na Rede Globo.
“Como influenciadora, surgiu essa Maria curiosa, andando de celular pela cidade. Os programas que faço são gravados por mim e pelo meu sócio, Fernando, com uma segunda câmera. Todos são editados pela equipe da nossa empresa que se chama “Fala na Cara da Maria”. Entrego um produto completo completamente feito e supervisionado por mim. Sou funcionária da TV, mas é um esquema totalmente diferente. Cansa mais, pois trabalho em várias frentes. Eu realmente sou uma mulher multiplataforma”.
Geração Perennial
No meio deste caminho, Maria Cândida descobriu a chamada geração perennial, formada por pessoas de qualquer idade, que são atualizadas em relação à tecnologia e fazem parte dos diversos tipos de ambientes, mantendo amizades com indivíduos de qualquer idade.
A jornalista afirma: “Ageless é uma geração. Eu sou pela certidão de nascimento da Geração X. Mas não me sinto assim, não me sinto compartimentada por um padrão de idade.
A geração perennial, aqui é no Brasil traduzida por perene, de longa duração, são pessoas que se identificam com pessoas ou com assuntos sem importar a idade.
Acredito que este seja o futuro, inclusive dentro das empresas: um mix geracional. Eu tive que desconstruir tudo. Desde o meu trabalho até minhas formas de relacionamento, a forma de criação da minha filha.
Acredito que o mundo é muito mais inteligente sem essa segmentação. Isto é a cara da internet. Os perennials têm uma grande capacidade de influenciar as demais pessoas ao seu redor.
As relações sociais normalmente são construídas por interesses em comum ou qualquer outro tipo de proximidade, gostam de aprender, ter novas experiências e conhecimentos e se relacionar com pessoas de variadas faixas etárias. Entendem que a idade não é um fator limitante.
Mesmo com este discurso, Maria Cândida lembra que as mulheres, em particular, tem uma questão física e psicológica que é a menopausa.
Ela tem falado sobre este período em seu curso e em palestras pois a mulher tem que se preparar, considerar a necessidade de reposição hormonal para atravessar uma fase de sobe e desce de emoções, irritação e até perda de produtividade. É muito importante se organizar.
Os homens não passam por isso. É um monte de coisa sobre o nosso corpo e sobre as nossas emoções que temos de aprender a lidar.
Para sua participação no MaturiFest 2021, no dia 29/07 (às 15h30) vai levar para os participantes toda esta experiência e principalmente, a sua faceta de influenciadora digital.
“É uma frente de trabalho aberta, mas nem todo mundo está disposto a se expor. Vou mostrar os ganhos e os custos. E também, sobre as novas relações de trabalho e as equipes intergeracionais. Conheci o Mórris Litvak (CEO e fundador da Matur) na TV Aparecida e me apaixonei pelo projeto. Estou muito empolgada com a minha participação no evento”.

E você? Já se inscreveu?
A 4ª edição do MaturiFest, maior festival de trabalho e empreendedorismo 50+ do País, está com inscrições abertas, o evento gratuito acontecerá de forma 100% online de 26 a 29 de julho, das 14h às 20h30.
Assim como nos anos anteriores, o festival traz para debate o futuro do trabalho e empreendedorismo 50+ no Brasil.
Serão mais de 25 horas de conteúdos, oficinas práticas que visam estimular o empreendedorismo, apresentação de cases de grandes empresas e 30 salas de networking e passarão por lá cerca de 60 palestrantes renomados.
A agenda será voltada tanto para empresas quanto ao público 50+ e composta por temas como o trabalho do futuro, reinvenção profissional, transformação de carreira e vida, jornada do empreendedorismo maduro, trabalho autônomo, tecnologia, marketing e presença digital.
Além de conteúdos inspiradores, seja com pessoas conhecidas como cases de pessoas 50+ que se reinventaram. O festival é gratuito para o público, mas há a opção do ingresso solidário com valores revertidos como doação para organizações que apoiam idosos e crianças em vulnerabilidade social.
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