Experiência deve ser valorizada

Regiane Bochichi • 18 de julho de 2020

A expertise e o conhecimento dos maturis servem tanto para empreender como para se manter no mercado formal de trabalho.


“Atitude empreendedora e novo trabalho maduro” foi o tema do último dia do MaturiFest 2020. Especialistas falaram sobre o mundo do trabalho hoje e no pós-crise, empreendedorismo, empregos, startups e economia compartilhada. 


Os trabalhos foram abertos com o painel “Desafios e oportunidades para empreender agora” que contou com a presença de Ana Fontes, fundadora da RME – Rede Mulher Empreendedora, Marcelo Nakagawa, professor de inovação e empreendedorismo, José Carlos Vasconcellos, empreendedor e fundador da TeleHelp e na condução, a jornalista Patrícia Travassos.


Dois pontos fundamentais foram levantados para quem está se aventurando no empreendedorismo: a necessidade de se procurar mentores e as dificuldades para se conseguir financiamento seja para o pontapé inicial como para manter o negócio. “O meu conselho é listar três ou quatro desafios importantes para o negócio e procurar quem entende e pode lhe dar uma visão mais geral dos problemas e soluções”, diz Nakagawa. “Nos colocamos em solidão quando vamos abrir um negócio e deve ser exatamente ao contrário, devemos nos relacionar, participar de eventos, fazer cursos para abrir mais portas”.


Ana considera o professor uma das pessoas que sempre conta quando está com dúvidas sobre seus projetos. Antes do sucesso da RME que a fez ser eleita uma das 20 mulheres mais poderosas do Brasil pela revista Forbes em 2019, falhou, brigou com sócios e teve que recomeçar várias vezes.


Agora está envolvida com o projeto Donas de Mim que visa oferecer microcréditos para mulheres MEIs e o Estímulo 2020 para empreendedoras que ficaram fora de qualquer programas do governo.


“Mesmo com todo esse esforço, devo reforçar que nada disso será suficiente sem uma política pública que atenda essas pessoas que literalmente carregam o País nas costas”. Com ou sem dinheiro, um outro equívoco apontado por Vasconcellos é achar que a ideia é pequena para se tornar um grande negócio. “É fundamental acreditar, ter paixão pelo que está fazendo e até mesmo o mito do mercado saturado cai por terra se você fizer melhor que seus concorrentes”.


Para olhar além do emprego formal, o painel que aconteceu às 16 horas, tratou de “Como me preparar para o novo mundo do trabalho?” com a presidente do Conselho do Grupo Cia de Talentos, Sofia Esteves e CEO do Great Place to Work Brasil, Ruy Shiozawa, tendo como mediador Ricardo Sales, fundador da Mais Diversidade.


De acordo com Sofia, quem ainda quer buscar um emprego formal, deve estar atento as novas regras das leis trabalhistas que permite contratos intermitentes e por projetos. “Estas formas podem ser a porta de entrada, mas o que vai manter lá é o expertise e as qualidades de seus conhecimentos que servem para o momento que a empresa está passando”. Shiozawa lembrou que muitas em empresas tem trabalhado a questão da diversidade como um diferencial e o trabalho intergeracional pode trazer ganhos para o negócio. “As companhias estão despertando para estimular a educação e a cidadania para inserir os maturis novamente no mercado de trabalho”.


“Quem tem experiência, deve colocá-la em um pedestal, pois ela será necessária para tirar a gente deste buraco”, aposta Allan Barros, CEO da Pullse.


Ele participou do painel “Criatividade, empreendedorismo e storytelling” com Adriana Barbosa, idealizadora da Feira Preta e Joni Galvão, fundador da The Plot Company e da Master Talks, moderado pelo jornalista Ric Peruchi. Adriana lembrou que começou seu negócio quando voltava com uma amiga de uma feira com as sacolas cheias e sem nenhum dinheiro.


“Só tínhamos coragem e uma história para contar. Para mim, o mais importante é entender o porquê de empreender e aí você encontra o seu propósito”.


Galvão é mais radical com este tema. No seu entendimento, não existe um único propósito. “O que vale é ter projetos. E esses, podem mudar o tempo todo.


Para se soltar, comece pensando no valor universal que somos todos iguais e o importante é como você quer ser lembrado na sua passagem pela Terra. Não existe idade para isso: você só está velho um dia antes de morrer que pode ser, inclusive, hoje”.


Um dos projetos pode ser montar uma startup. E essa foi a discussão do último encontro do MaturitFest 2020: “Startups e Maturis dá jogo?”.


A empreendedora Paula Marques foi a mediadora e contou com o rico conteúdo de Paula Albuquerque, administradora de empresas e fundadora da startup de turismo Birdymee; Veronique Forat, co-fundadora da Coliiv, de compartilhamento de moradias e Flavio Pripas que atua para acelerar a transformação digital de grandes empresas que investem em startups através do fundo de venture capital Redpoint e ventures.

Mesmo tendo como imagem geral o ambiente jovem, Paula Albuquerque se recordou que no dia em que esteve em um pitch na InvestSP só encontrou concorrentes de bermuda e chinelos, o importante é mesclar: “A diversidade faz todo a diferença tanto de idade quanto do modo de fazer juntando o tradicional com as novas técnicas de gerenciamento e, principalmente, de tecnologia.


Flávio reforçou que já teve contato com mais de 8 mil startups e 80% delas são direcionadas para baladas e relacionamentos que são temas que interessam a moçada.


“Aquelas fundadas por maturis oferecem soluções mais concretas. O importante é ter capacidade de execução e não ter medo de compartilhar ideia. Isso ajuda a aprimorá-la e mesmo se a copiarem, ninguém faz como você”. Neste ponto, Veronique reforça que não é necessário inventar a roda.


“A ideia não tem que ser grandiosa, tem que resolver um problema. Uma pequena solução para uma questão apresentada por um amigo, um parente, pode virar um negócio. E aí entra o ciclo de fazer, testar, errar, refazer, até dar certo”. Para conviver com o fracasso, o melhor conselho veio do Flávio:


“É impossível planejar o sucesso, planeje o fracasso aceitável.”


E com sucesso que ator amador, compositor e escritor, criador do Blog do 50tão, Dill Casella encerrou a edição deste ano do MaturiFest fazendo todo mundo dançar ao som de clássicos da MPB.


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